O processo de escravização dos povos africanos pelos portugueses é bastante anterior à chegada dos lusitanos ao ‘Novo Mundo’, data de pelo menos um século antes do povoamento no Brasil. Os primeiros cativos africanos azenegues, habitantes da costa do Saara, levados para Portugal datam da primeira metade do século XV, mais precisamente em 1441, quando Antão Gonçalves retorna de sua expedição ao Rio do Ouro, a serviço do Príncipe Dom Henrique, trazendo os primeiros africanos para o eito, neste momento, levados para trabalhos em solo ibérico, antes mesmos, da invasão do território que chamamos de Brasil.
“Não se tratava decerto, indo à África, apenas de obrar boas cousas conforme as Escrituras. Não era um impulso religioso o que mais movia as energias para as novas conquistas, e o ganho de almas para o Cristo, e a transformação das mesquitas, virgem de imagens, em templos e catedrais católicos, era puro engodo com que se disfarçava aos olhos do povo a ambição de pecúnia das classes dirigentes da nação” relata em suas crônicas o Príncipe D. João.
Desde daí a Igreja Católica constrói um discursso de legitimação desta escravização baseado na mitologia hebraica, com a passagem do Antigo Testamento onde Noé expulsa e amaldiçoa seu filho Can após o dilúvio, e este será, segundo a Bíblia, o responsável pelo povoamento da região que abrange parte do Oriente Médio e da África. Portanto, segundo a Igreja Católica, a escravização dos povos africanos era mais que justa e fundamentada na mitologia do Velho Testamento.
O Vaticano em 1454 edita a bula papal: Romanus Pontifex assinada pelo Papa Nicolau V que enumera entre os benefícios e títulos de glória de Portugal na África está o envio de negros apresados para os reinos, e estabelece o seguinte: “Muitos desses negros trazidos a Portugal, trocados por outro gênero de compra haviam recebido o batismo, sendo, portanto, de esperar, da continuação do tráfico à conversão de todos aqueles povos a fé cristã”. Este fragmento da bula papal resumiu o pensamento da Igreja Católica perante o eito dos africanos por séculos.
Os negros eram negociados em portos específicos da África, sendo uma das atividades mais rentáveis para a empresa mercantilista na época. Enfrentavam de três a quatro meses de viagem dentro de navios feitos especificamente para este fim e que eram conhecidos como Tumbeiros. As taxas de mortalidade dentro destas embarcações eram altíssimas, chegando a 1/3 dos negros que não conseguiam completar o martírio e desembarcar em território brasileiro.
Nos Tumbeiros os negros eram embarcados de maneira que as centenas de etnias existentes se misturassem, impossibilitando a comunicação entre elas. Eram Mandingas, Felupos, Cabindas, Gêjes, Fulas, Congos, Bundas, Bantos, Libolos, Caçanjes e tantas outros grupos étnicos; amontoados nos porões dos navios sem as mínimas condições de higiene, com alimentação precária e a mercê da própria sorte para completarem essa jornada desumana. Os que não suportavam o desgaste da viagem e morriam eram jogados ao mar, mesmo com uma taxa altíssima de mortalidade dentro dos tumbeiros a empresa mercantilista do tráfico humano, mesmo assim, era bastante rentável.
Ao completar a trágica viagem os negros eram desembarcados em três principais portos do Brasil, que eram a porta de entrada nestas paragens; eram eles: o porto do Recife, o do Rio de Janeiro e o da cidade de Salvador. Daí eram alojados em barracões para serem inspecionados pelos seus futuros proprietários, eram divididos entre homens, mulheres e crianças. Para só então partirem rumo às propriedades dos seus senhores.
Em território brasileiro os negros foram utilizados nas lavouras de cana-de-açúcar, em trabalhos dentro das casas-grandes e também nas cidades, nos primeiros núcleos urbanos que se desenvolviam no território conquistado. Estes povos africanos que viviam nas cidades, alguns eram mestres de ofícios (ferreiros, pedreiros,...) e outros trabalhavam comerciando frutas, verduras, e outros artigos; eles eram conhecidos como escravos de ganho, geralmente mulheres ou negros que já não suportavam a jornada desumana de trabalho nas lavouras canavieiras.
Os negros vivendo em condições subumanas dentro dessas gigantescas fazendas, eram tratados como animais e mercadorias, chegavam com uma expectativa de vida de, mais ou menos, 15 anos devido às péssimas condições de alojamento e alimentação, as jornadas diuturnas de trabalho e aos castigos submetidos nos engenhos, tudo isso com a benção da Igreja Católica Apostólica Romana e que também possuía escravos em seus domínios.
O Brasil foi o último país na América a abolir a escravidão e sofrerá por muito tempo às seqüelas dessa barbárie cometida a população indígena e africana. Sendo o país com a segunda maior população negra, ficando atrás apenas da Nigéria, esse segmento da sociedade é o que mais sofre com o processo histórico de nossa formação.
As relações sociais estabelecidas no Brasil se fundamentaram no cruel e desumano instrumento da escravidão. Sem o modo de produção escravista, o mercantilismo e o povoamento do “Novo Mundo” seriam inviáveis; haja vista os problemas enfrentados por diversos países europeus no início do século XVI. A escravidão vai deixar marcas profundas na história destes povos e é responsável pelo modo como ainda hoje os negros e os índios são vistos e tratados perante o Estado brasileiro e a sociedade em geral.
Com a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, este segmento importante da sociedade brasileira vai ser jogado, novamente, à margem da sociedade. Uma vez que não terão mais espaço tanto na lavoura cafeeira como nas plantações de cana de açúcar. Com o advento da abolição o que vai se verificar é a intensificação do projeto, iniciado com o governo imperial, de incentivo a imigração européia, colocada em prática no início do século XIX. O objetivo principal da imigração européia era o branqueamento da população brasileira.
A política de branqueamento veio dar base pseudo-científica as teorias então vigentes que subestimavam os povos africanos afirmando que estes eram inferiores pela cor de sua pele. Esta política baseia-se na ideologia, então fortemente propagada, pelos teóricos da antropologia do século XIX e parte do século XX. Afirmavam os teóricos que a ‘raça’ branca era superior aos povos negros. Com isto incutiu na população brasileira o mito da raça superior intensificando o preconceito e o racismo aos povos negros.
Os povos negros não terão mais lugar no espaço rural e o que vai se verificar é um êxodo para as cidades, que não irão absorver esta mão de obra excedente. É o início da favelização do espaço urbano brasileiro.
“Não se tratava decerto, indo à África, apenas de obrar boas cousas conforme as Escrituras. Não era um impulso religioso o que mais movia as energias para as novas conquistas, e o ganho de almas para o Cristo, e a transformação das mesquitas, virgem de imagens, em templos e catedrais católicos, era puro engodo com que se disfarçava aos olhos do povo a ambição de pecúnia das classes dirigentes da nação” relata em suas crônicas o Príncipe D. João.
Desde daí a Igreja Católica constrói um discursso de legitimação desta escravização baseado na mitologia hebraica, com a passagem do Antigo Testamento onde Noé expulsa e amaldiçoa seu filho Can após o dilúvio, e este será, segundo a Bíblia, o responsável pelo povoamento da região que abrange parte do Oriente Médio e da África. Portanto, segundo a Igreja Católica, a escravização dos povos africanos era mais que justa e fundamentada na mitologia do Velho Testamento.
O Vaticano em 1454 edita a bula papal: Romanus Pontifex assinada pelo Papa Nicolau V que enumera entre os benefícios e títulos de glória de Portugal na África está o envio de negros apresados para os reinos, e estabelece o seguinte: “Muitos desses negros trazidos a Portugal, trocados por outro gênero de compra haviam recebido o batismo, sendo, portanto, de esperar, da continuação do tráfico à conversão de todos aqueles povos a fé cristã”. Este fragmento da bula papal resumiu o pensamento da Igreja Católica perante o eito dos africanos por séculos.
Os negros eram negociados em portos específicos da África, sendo uma das atividades mais rentáveis para a empresa mercantilista na época. Enfrentavam de três a quatro meses de viagem dentro de navios feitos especificamente para este fim e que eram conhecidos como Tumbeiros. As taxas de mortalidade dentro destas embarcações eram altíssimas, chegando a 1/3 dos negros que não conseguiam completar o martírio e desembarcar em território brasileiro.
Nos Tumbeiros os negros eram embarcados de maneira que as centenas de etnias existentes se misturassem, impossibilitando a comunicação entre elas. Eram Mandingas, Felupos, Cabindas, Gêjes, Fulas, Congos, Bundas, Bantos, Libolos, Caçanjes e tantas outros grupos étnicos; amontoados nos porões dos navios sem as mínimas condições de higiene, com alimentação precária e a mercê da própria sorte para completarem essa jornada desumana. Os que não suportavam o desgaste da viagem e morriam eram jogados ao mar, mesmo com uma taxa altíssima de mortalidade dentro dos tumbeiros a empresa mercantilista do tráfico humano, mesmo assim, era bastante rentável.
Ao completar a trágica viagem os negros eram desembarcados em três principais portos do Brasil, que eram a porta de entrada nestas paragens; eram eles: o porto do Recife, o do Rio de Janeiro e o da cidade de Salvador. Daí eram alojados em barracões para serem inspecionados pelos seus futuros proprietários, eram divididos entre homens, mulheres e crianças. Para só então partirem rumo às propriedades dos seus senhores.
Em território brasileiro os negros foram utilizados nas lavouras de cana-de-açúcar, em trabalhos dentro das casas-grandes e também nas cidades, nos primeiros núcleos urbanos que se desenvolviam no território conquistado. Estes povos africanos que viviam nas cidades, alguns eram mestres de ofícios (ferreiros, pedreiros,...) e outros trabalhavam comerciando frutas, verduras, e outros artigos; eles eram conhecidos como escravos de ganho, geralmente mulheres ou negros que já não suportavam a jornada desumana de trabalho nas lavouras canavieiras.
Os negros vivendo em condições subumanas dentro dessas gigantescas fazendas, eram tratados como animais e mercadorias, chegavam com uma expectativa de vida de, mais ou menos, 15 anos devido às péssimas condições de alojamento e alimentação, as jornadas diuturnas de trabalho e aos castigos submetidos nos engenhos, tudo isso com a benção da Igreja Católica Apostólica Romana e que também possuía escravos em seus domínios.
O Brasil foi o último país na América a abolir a escravidão e sofrerá por muito tempo às seqüelas dessa barbárie cometida a população indígena e africana. Sendo o país com a segunda maior população negra, ficando atrás apenas da Nigéria, esse segmento da sociedade é o que mais sofre com o processo histórico de nossa formação.
As relações sociais estabelecidas no Brasil se fundamentaram no cruel e desumano instrumento da escravidão. Sem o modo de produção escravista, o mercantilismo e o povoamento do “Novo Mundo” seriam inviáveis; haja vista os problemas enfrentados por diversos países europeus no início do século XVI. A escravidão vai deixar marcas profundas na história destes povos e é responsável pelo modo como ainda hoje os negros e os índios são vistos e tratados perante o Estado brasileiro e a sociedade em geral.
Com a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, este segmento importante da sociedade brasileira vai ser jogado, novamente, à margem da sociedade. Uma vez que não terão mais espaço tanto na lavoura cafeeira como nas plantações de cana de açúcar. Com o advento da abolição o que vai se verificar é a intensificação do projeto, iniciado com o governo imperial, de incentivo a imigração européia, colocada em prática no início do século XIX. O objetivo principal da imigração européia era o branqueamento da população brasileira.
A política de branqueamento veio dar base pseudo-científica as teorias então vigentes que subestimavam os povos africanos afirmando que estes eram inferiores pela cor de sua pele. Esta política baseia-se na ideologia, então fortemente propagada, pelos teóricos da antropologia do século XIX e parte do século XX. Afirmavam os teóricos que a ‘raça’ branca era superior aos povos negros. Com isto incutiu na população brasileira o mito da raça superior intensificando o preconceito e o racismo aos povos negros.
Os povos negros não terão mais lugar no espaço rural e o que vai se verificar é um êxodo para as cidades, que não irão absorver esta mão de obra excedente. É o início da favelização do espaço urbano brasileiro.
Fonte: Overmundo