O salazarismo foi o regime ditatorial de caráter conservador que estava no comando de Portugal entre 1933 e 1974, tendo em António Salazar seu grande líder.
por: Daniel Neves Silva
António Salazar foi o líder da ditadura conhecida como Estado Novo. Governou Portugal, de 1933 a 1968, e foi afastado por problemas de saúde.*
O salazarismo foi o regime ditatorial que existiu em Portugal, entre 1933 e 1974, e é conhecido também como Estado Novo. O uso do termo “salazarismo” deve-se a António de Oliveira Salazar, chefe de governo de Portugal entre 1933 e 1968. Foi a ascensão de Salazar que iniciou o período conhecido como Estado Novo. Essa fase ditatorial da história portuguesa teve fim quando a Revolução dos Cravos restaurou a democracia em Portugal.
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Antecedentes históricos
Até 1910, Portugal era uma monarquia constitucional, mas uma revolta transformou o país em uma república. Esse foi o início da Primeira República Portuguesa, um período bastante conturbado da história portuguesa que ficou marcado por diversos problemas econômicos e políticos — esses problemas foram agravados quando o país envolveu-se com a Primeira Guerra Mundial.
Esses problemas políticos e econômicos fizeram com que um discurso conservador com viés autoritário ganhasse força no país. O resultado do fortalecimento desse discurso foi um golpe militar realizado em 28 de maio de 1926. Com esse golpe, foi iniciado o regime ditatorial chamado Ditadura Nacional. Alguns historiadores entendem a Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo (1933-1974) como o mesmo regime.
Durante esse primeiro regime, António Salazar foi indicado para ocupar a chefia do Ministério das Finanças. Salazar ganhou influência nos quadros políticos de Portugal e, em 1933, foi nomeado para o cargo de presidente do Conselho dos Ministros. Essa função era correspondente à função de chefe de Estado e marcou o início da ditadura salazarista, que se estendeu por mais de trinta anos e ficou conhecida como Estado Novo.
Estado Novo
Após ser indicado para o Conselho dos Ministros, Salazar articulou-se politicamente para conseguir aprovar uma nova Constituição para Portugal. Essa nova Constituição, por sinal, foi promulgada em 1933 e é entendida pelos historiadores como o marco fundador do Estado Novo em Portugal. A república portuguesa deixava de ser governada por uma ditadura militar e passava a ser governada por uma ditadura ocupada por um civil.
O Estado Novo, em Portugal, ficou marcado por ser antidemocrático, contrário às tradições liberais que haviam implantado a república em Portugal em 1910, pelo alto conservadorismo e apego às tradições, principalmente as religiosas, e por defender o corporativismo e o colonialismo. A implantação da ditadura salazarista foi resultado de uma queda de braço entre políticos conservadores que resultou no afastamento dos elementos que haviam apoiado o golpe militar de 1926.
O contexto histórico de ascensão do salazarismo em Portugal e as características desse período fizeram muitos historiadores afirmarem que o regime conservador e ditatorial de António Salazar possuía orientação fascista. Essa questão, porém, é alvo de debates entre os historiadores e não há um consenso sobre se o salazarismo foi um regime fascista ou não.
Características
A ditadura do Estado Novo, em Portugal, estendeu-se por quatro décadas. Desse período todo, algumas características podem ser destacadas:
A censura foi imposta no país como forma de controlar as informações que eram veiculadas e filtrar tudo que se opusesse ao regime;
Perseguição aos opositores do governo;
Grande concentração de poder nas mãos do líder;
Perseguição a todos os partidos políticos, com exceção do partido do regime, chamado de União Nacional;
Imposição de uma agenda corporativista que colocava o governo como mediador das relações entre patrão e funcionário com o objetivo de evitar conflitos de classe;
Exaltação de valores tradicionais resgatados de um passado mítico português.
Defesa do colonialismo;
Exaltação de ideais conservadores sob o lema “Deus, pátria, família”.
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Fim do salazarismo
A decadência do Estado Novo, em Portugal, iniciou-se na década de 1960. A decadência do regime está relacionada a diversos fatores que incorporam sua ineficiência em se adaptar às mudanças enfrentadas pelo país; ao fortalecimento das oposições e da contestação social ao regime; e às questões econômicas.
Portugal demonstrava, no período, ser uma nação atrasada em relação a outros países da Europa ocidental. A frágil situação da economia agravou-se com a crise do colonialismo. As colônias portuguesas começaram a rebelar-se contra o domínio português, e o regime iniciou guerras para forçar a submissão das colônias rebeldes. Os conflitos espalharam-se por Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e outras colônias.
Para agravar a situação, o regime vivia uma crise de comando, já que António Salazar enfrentava graves problemas de saúde. Isso levou ao seu afastamento em 1968, eMarcello Caetano substituiu o antigo governante português. António Salazar, inclusive, acabou falecendo em 1970, aos 81 anos de idade.
Com o regime impopular, demonstrações de insatisfação e oposição a ele ganharam força na sociedade. A ala mais conservadora do regime recusou-se a permitir a realização de reformas no Estado Novo, e a insatisfação com a ditadura portuguesa alcançou uma ala do exército, que passou a organizar-se para derrubar o regime.
O golpe organizado pelos militares contra o Estado Novo ficou conhecido comoRevolução dos Cravos e ocorreu em 25 de abril de 1974. No dia da Revolução dos Cravos, tropas portuguesas ocuparam locais estratégicos de Lisboa e ordenaram a destituição de Marcello Caetano do comando do país. A Revolução dos Cravos marcou o fim da ditadura e permitiu a reconstrução da democracia em Portugal.
*Créditos da imagem: Boris15 e Shutterstock