Por Antonio Gasparetto Junior
A Guerra Social em Roma foi um conflito entre a República Romana e seus aliados que desejavam a cidadania.
No último século antes de Cristo, Roma viveu anos de relativa paz quando o Senado parecia dominar o poder. O relacionamento no interior da República corria bem, da mesma forma como o convívio com os aliados apresentava-se tranquilo. No entanto, uma medida do Senado Romano alterou esse panorama de tranquilidade. Em 95 a.C., a Lex Licínia Múcia entrou em vigor e passou a condenar os aliados que buscavam por cidadania e a conseguiam de forma irregular. Tratava-se de uma caça à fraude. A medida, contudo, causou grande desgosto aos aliados.
Já em 92 a.C., o demagogo tribuno romano Marco Lívio Drusoelaborou uma nova lei e implementou medidas que tornaram agudo o descontentamento. Marco Lívio foi condenado justamente por praticar a fraude ao estabelecer um acordo secreto com os aliados em troca do financiamento destes para que houvesse uma nova distribuição de terras. O que começou como uma reprovação à fraude e seu consequente descontentamento, culminou em uma fraude que explodiu a questão de vez. O conflito entre os romanos e os aliados ganhou espaço.
A Guerra Social, iniciada em 91 a.C., envolveu picenos, lucanos, marsos, samnitas, apúlios, etruscos e úmbrios no confronto contra os romanos. Estes povos se uniram para formar uma nova república que, curiosamente, recebeu o nome de Itália. Ela estava localizada à a leste de Roma e tinha como capital Corfinium. Os povos se uniram determinados a contrapor a oposição romana e criaram para si um novo senado, além de contar com cunhagem de moeda própria. Naturalmente, Roma não ficou nada satisfeita com essa manifestação dos povos ex-aliados. O conflito se tornou direto, com muitas batalhas. As primeiras, por sinal, foram perdidas pelos romanos. Mas, quando Lúcio Cornélio Sula assumiu o controle do exército, em 90 a.C., Roma reagiu. Daí por diante, os romanos conquistaram seguidas vitórias nas batalhas, culminando com a aniquilação dos samnitas. A guerra chegou ao fim em 88 a.C..
A Guerra Social também é chamada de Guerra dos Aliados ou Guerra Mársica. Seu principal questionamento era em torno do direito de cidadania dos aliados. Embora estes tenham perdido a guerra, alcançaram o objetivo desejado, pois, durante o período do conflito, foram decretadas leis que concediam cidadania às cidades itálicas fieis, a qualquer itálico e, por fim, outorgando o direito latino às cidades da Gália Cisalpina.
Fonte:
AYALA, Guillermo Antonio Tapia. Orígenes de la Guerra Social em la Roma Republicana. Espanha, 2012.