Introdução
O surgimento do Dadaísmo tem suas raízes na Europa da Primeira Guerra Mundial, onde artistas não afins ao fatos políticos decidiram reunir-se em Zurique e conformaram este movimento artístico tão especial pelo seu caráter irracional e caótico.
Este movimento artístico teve uma forte expressão anarquista em sua forma de fazer arte.
Apesar de ter sido um movimento de curta duração marcou um impacto artístico importante no século XX.
O Dadaísmo, e seus estilos anarquistas
A meados de 1916 surge um movimento artístico chamado Dadaísmo, que tem sua base fundacional em Zurique, Suíça, e logo depois expenda-se a outros paises da Europa chegando até a Nova Iorque. É um movimento artístico e literário com um pendor "niilista".
Em plena Primeira Guerra Mundial um grupo de artistas de varias nacionalidades européias, pacifistas e ao mesmo tempo revolucionários, com ideologias contrarias às estabelecias juntaram-se no Cabaré Voltaire da cidade de Zurique. Não é casualidade que seja Zurique onde eles reuniram-se, era o país neutral da Europa onde reinava um remanso de paz entre as sangrentas batalhas, onde existia liberdade de expressão. O medo de que fossem chamados ao frente da batalha os reúne neste pais.
O movimento artístico foi fundado por artistas de várias vanguardas, entre eles se destacam os escritores alemães Hugo Ball e Richard Ruelsenbeck, o pintor e escultor francês Hans Arp, e o romeno Tristan Tzara.
A versão mais verossímil da definição "Dada" é dada por Richard Huelsenbeck em seu livro de memórias En avant Dada: "Hugo Ball e eu descobrimos por casualidade a palavra "Dada" num dicionário alemão-francês enquanto procurávamos um nome para a Madame lê Roy, cantora de nosso cabaré. Dada significa em francês cavalinho de madeira. É uma palavra breve e sugestiva..." (Dadaísmo, Dietmar Elger, Editora Taschen 2004, página 11).
De todas maneiras não é fácil definir Dada e o Dadaísmo; os próprios dadaístas são contraditórios, não permitem um consenso, consideram que definir Dada era anti-Dada. O fato de definir alguma coisa se considera anti-Dada. No primeiro manifesto Dadaísta, por ele próprio intitulado dadaísta, Tristan Tzara afirma: "Ser contra este manifesto significa ser dadaísta" (in Dada-Antologia Bilíngüe de Textos Teóricos e Poemas, Manifesto Dada, 1983).
Os artistas deste movimento procuravam chocar com os valores tradicionais e libertar a imaginação, via destruição das noções artísticas convencionais. Sua provocação muito deve aos fundamentos dos futuristas . O dadaísta não possuía o otimismo e a valorização da tecnologia, da máquina, que o movimento futurista tinha.
Os dadaístas estavam encontra da população pelo seu caráter nacionalista e submisso frente ao fatos bélicos, e levou-os a formular com mais força sua oposição. Hasn Arp diz ao respeito: "o Dadaísmo pretendia destruir o engano da razão e descobrir um ordem irracional". (Dadaísmo, Dietmar Elger, Editora Taschen 2004, página 9).
Por outro lado, no fim do século XVIII surgiu um movimento político chamado "anarquismo" que defendia a organização de uma sociedade sem nenhuma forma de autoridade e considerava o Estado uma força coercitiva que impedia que os indivíduos usufruíssem de liberdade plena, o maior teórico deste movimento foi Mikhail Bakunin .
O termo "anarquismo" utilizado por Paul Feyerabend (filósofo da científico austríaco) em "Against Method", vem carregado do significado "contrário à ordem estabelecida" e faz um paralelo com o Dadaísmo: "... descrevendo o verdadeiro dadaísta como aquele que também é um anti-dadaísta, sendo capaz de vigorosamente defender posições diferentes e contrárias entre si em momentos distintos. A motivação dos dadaístas para estas mudanças de posições são por motivos injustificáveis. O dadaísta também respeita e leva em consideração outros pontos de vista, mesmo os radicalmente diferentes dos seus, sem distinção ou pré-julgamento. A única idéia a que os dadaístas se opõe é a universalidade de leis, idéias e padrões." (Paul Feyerabed, Against Method, Third Editions, 1975). Justamente este pensamento faz entender ao Dadaísmo como um movimento artístico anárquico que pretende acabar com os cânones até nesse momento estabelecidos, indo encontra da hegemonia, deslumbrando uma "anarquia dadaístas".
Os dadaístas achavam que a forma do governo instaurada no momento bloqueava suas liberdades e também a fonte de inspiração para produzir sua arte. Tinha como base um anarquismo niilista e o slogan de Paul Bakúnine: "a destruição também é criação" se relaciona com a idéia niilista de que o progresso da sociedade se dá a partir da destruição do existente. Valoravam mais o processo que o resultado, o acaso e o absurdo era aceitado e procurado pelos dadaístas,
Tinham tendências claramente anti-racionais e irônicas chegando inclusive em seus reconhecidos atos artísticos do Cabaré Voltaire á violência física.
Não é por acaso que um dos fundadores do Dadaísmo, Hugo Ball fosse anarquista. Outro dos fundadores do Dadaísmo é Tristan Tzara quem afirma ser "contrario ao sistema. O sistema mais aceitável é, por princípio, não ter nenhum" (Dada and Surrealism,1972).
Esta muito claro que o dadaísmo um movimento contraditório, subversivo e sobre tudo um movimento artístico netamente anarquista. Não fazem política anarquista, fazem arte anárquico. Fererabend diz ao respeito: "Anarquismo entendido como dadaísmo, e não como anarquismo político." (Capítulo II Feyerabend, P.K., 1975: Aganist Method, p. 21-rodapé e pp 180-190).
Apesar de sua curta durabilidade; não mais de 6 anos, o movimento Dadaísta teve seu forte impacto na arte do século XX. Muitos artistas Dadaístas passaram a formar parte da vanguarda surrealista nos anos 20'.
A modo de conclusão o Dadaísmo se caracterizou pela sua tendência niilista, almejava abolir os cânones até o momento estabelecidos, numa sociedade de nacionalistas y guerras, post revolução industrial. Por outro lado o termo de niilismo está intimamente ligado ao conceito de "anarquismo", porém com isto inferimos que esta corrente artística se caracterizou pela sua forma anárquica de fazer arte.
Bibliografia:
1. Dadaísmo, Dietmar Elger, Editora Taschen 2004, páginas 1-15
2. Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI
3. In Dada-Antologia Bilíngüe de Textos Teóricos e Poemas, Manifesto Dada, 1983.
4. Capítulo II Feyerabend, P.K., 1975: Aganist Method, p. 21-rodapé e páginas 180 -190
Dadaísmo
O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna iniciada em Zurique, em 1916, no chamado Cabaret Voltaire, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão e que era liderado por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.
Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um bebê). Para reforçar esta idéia foi criado o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre a mesma. Isso foi feito para simbolizar o caráter anti-racional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial. Em poucos anos, o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris.
Principais características
O Dadaísmo é caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio, pela combinação de pessimismo irônico e ingenuidade radical, pelo ceticismo absoluto e improvisação. Enfatizou o ilógico e o absurdo. Entretanto, apesar da aparente falta de sentido, o movimento protestava contra a loucura da guerra. Assim, sua principal estratégia era mesmo denunciar e escandalizar.
A princípio, o movimento não envolveu uma estética específica, mas talvez as formas principais da expressão dadá tenham sido o poema aleatório e o ready made. Sua tendência extravagante e baseada no acaso serviu de base para o surgimento de inúmeros outros movimentos artísticos do século XX, entre eles o Surrealismo, a Arte Conceitual, a Pop Art e o Expressionismo Abstrato.
É niilista (falta de sentimentos baseada na análise racional),arte experimentalista, espontâneo, trabalham com o acaso, fazem montagens de imagem, junção entre diferentes formas de expressão, incorpora objectos, sons e imagens do cotidiano nas suas obras. Abrange as áreas das artes plásticas, fotografia, música, teatro, etc.
Modelo Dadaísta
"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso."Tristan Tzara
Como você pode notar pelo trecho acima, o impacto causado pelo Dadaísmo justifica-se plenamente pela atmosfera de confusão e desafio à lógica por ele desencadeado. Tzara opta por expressar de modo inconfundível suas opiniões acerca da arte oficial, e também das próprias vanguardas("sou por princípio contra o manifestos, como sou também contra princípios"). Dadá vem para abolir de vez a lógica, a organização, a postura racional, trazendo para arte um caráter de espontaneísmo e gratuidade total. A falta de sentido, aliás presente no nome escolhido para a vanguarda. Segundo o próprio Tzara:
"Dadá não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dadá. O cubo é a mae em certa região da Itália: Dadá. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e e me romeno: Dadá. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a idéia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano.Tristan Tzara"
O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, segundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as outras afirmações retumbantes, Tzara decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".
No seu esforço para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com freqüência, métodos deliberadamente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito aproveitar pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.
Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incompreensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para fazer um poema dadaísta:
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Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos nossos olhos modernos, precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.
Representantes do início do movimento
- André Breton
- Philippe Soupault
- Tristan Tzara
- Marcel Duchamp
- Hans Arp
- Julius Evola
- Francis Picabia
- Max Ernst
- Man Ray
- Kurt Schwitters
- Raoul Hausmann
- Guillaume Apollinaire
- Hugo Ball
- Theo van Doesburg
- Johannes Baader
- Arthur Cravan
- Jean Crotti
- George Grosz
- Emmy Hennings
- Richard Huelsenbeck
- Marcel Janco
- Clement Pansaers
- Hans Richter
- Sophie Täuber
- Beatrice Wood
- Hannah Hoch