7.9.09

T Ú P A C A M A R U

Nativismo e Independência


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Macchu Picchu, local sagrado dos incas

O cacique peruano José Gabriel Condorcanqui, mais conhecido como Túpac Amaru, um descendente dos imperadores incas, liderou a maior rebelião indígena da história das Américas dos tempos coloniais. A sua insurreição contra o domínio espanhol colocou o seu nome entre os que tentaram, ao exemplo bem sucedido dos colonos norte-americanos, libertar as Américas da metrópole européia.

O Maior dos Levantes Indígenas


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Guerreiro inca

A revolta dos índios descendentes dos incas, liderados pelo cacique Túpac Amaru entre 1780-1781, foi a maior insurgência indígena desde a conquista do Peru, ocorrida no século 16. Seguramente tratou-se de uma das maiores insurgências da história da América Latina, somente equiparada em extensão e significado à Revolução Zapatista, ocorrida no México, 130 anos depois, entre 1911-17.

Os habitantes dos Andes haviam por quarenta anos resistido ao invasor espanhol até que o seu último chefe, Túpac Amaru I, foi preso e executado pelo vice-rei do Peru, Francisco de Toledo, em 1571. Desde então os vencidos foram submetidos a uma forma especial de trabalho com a adoção da parte dos espanhóis da encomiendas e da mita, que os reduziu a um regime de servidão ou semi-escravidão. Além disso, tinham que trabalhar sem salários nas obrajes, as pequenas tecelagens. Essa situação, somada às doenças e ao trato brutal que os conquistadores submeteram a comunidade indígena, foi a responsável pelo verdadeiro vazio demográfico que se abateu sobre a região andina por muito tempo. Foi contra essa exploração violenta que o cacique José Gabriel Condorcanqui, dito Túpac Amaru II, revoltou-se quase no final do século XVIII.

O Império Inca


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Um casal da nobreza indígena

O Peru, geograficamente, divide-se em três regiões distintas:

  • no oeste, à beira do Pacífico, encontramos uma costa árida, mas piscosa;
  • no centro erguem-se os Andes, a colossal cadeia de montanhas de quase quatro mil metros de altura e;
  • ao leste, fronteira com o Brasil de hoje, encontra-se a floresta amazônica. No período pré-hispânico identificara-se a existência de três culturas: a Chavin (circa de 1.000 a.C.), seguida da Civilização Huari (depois de 600 d.C.) e, finalmente a do Império Inca, destruído sistematicamente pelos invasores espanhóis a partir de 1532.


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    Mapa do império inca (1463-1532)

    O império (chamado pelos incas deTahuantinsuyo) possuía enormes dimensões, indo da fronteira do atual Equador até o Sul, até onde hoje é o Chile e a Argentina (tão extenso como de Nova Iorque ao Panamá) Estima-se que sua população oscilava de 3,5 milhões até 12 milhões de pessoas. As duas línguas mais faladas eram o quíchua (quéchua), na parte centro-norte, e o aimará (aymara), mais ao sul, além de existirem espalhados pelo território todo mais de 100 outros grupos étnicos, gozando de autonomia. Tal colosso era governado pelo inca da sua capital em Cuzco, auxiliado pelo Conselho Inca e pelos curacas(funcionários ou caciques).


    A Conquista do Peru


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    Francisco Pizarro

    A lenda peruana diz que o primeiro inca teria sido o lendário Manco Cápac (que significa grande ou poderoso). O apogeu do império, segundo o historiador mestiço Garsilaso de la Vega, el Inca (Comentarios reales, 1604), teria ocorrido entre 1435 - 1471, no reinado de Pachacútec. Sabedor da existência de um poderoso e rico império mais ao sul do Panamá, o aventureiro espanhol Francisco Pizarro, um soldado rude e analfabeto, e seu companheiro Diogo de Almagro, navegaram pelo Oceano Pacífico em direção ao sul. Almagro foi para Quito e depois para ao Chile. Pizarro, com seus irmãos Hernando, Gonzalo e Juan, desembarcou em São Miguel, ao norte do Peru, em 1532. Dali, com 180 homens e 27 cavalos, imitando a coragem de Cortez no México dos astecas, marchou para o interior onde contatou com Atahualpa, o príncipe inca. A pretexto de um encontro diplomático, conseguiu atraí-lo para a praça da cidade de Cajamarca.

    Um Crime Inominável

    Após a chegada de Atahualpa, acompanhado da sua enorme comitiva real, foi-lhe apresentada uma bíblia para que se convertesse ao cristianismo e aceitasse ser vassalo do rei da Espanha. Atahulapa, evidente, rejeitou. Pizarro então deu o sinal para que seus soldados atacassem a comitiva real. Naquele dia terrível, o 16 de novembro de 1532, tinha início a liquidação de uma das mais antigas culturas da América pré-colombiana, além de ser um dos atos mais criminosos da história do continente. Atacados pela cavalaria de espada desembainhada e pelos besteiros e arcabuzeiros que se espalhavam pelos altos da praça, praticamente todos os índios foram mortos. O chefe inca, sobrevivente, foi confinado como prisioneiro. Pizarro mandou um mensageiros exigindo dos nativos muito ouro para deixar a sua presa livre.


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    Ataque à liteira-trono de Atahualpa (Cajamarca)

    A Briga dos Irmãos Incas

    Credita-se a facilidade da conquista do Peru feita pelos espanhóis ao fato dos incas encontrarem-se divididos. Não só Atahualpa (príncipe de Quito) estava em litígio aberto contra o seu irmão Huáscar (príncipe de Cuzco), como havia muita discórdia entre outros povos submetidos a eles. Com a invasão estrangeira as demais nações e tribos indígenas aproveitaram-se para aliar-se aos espanhóis contra os seus antigos senhores, facilitando-lhes a ocupação da maior parte do território peruano. Em 1533, Francisco Pizarro (nomeado por Carlos V, capitão-geral da Nova Castela e adelantado), cumprida uma marcha forçada pelos Andes, entrou em Qosqo, (Cuzco em espanhol), a capital inca (cidade fundada no ano de 1100, lugar sagrado do templo do Sol, sede do poder e centro de peregrinação religiosa).


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    Pizarro na marcha pela conquista do Peru

    Extorsão e Execução


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    O ouro inca enlouqueceu o invasor

    Antes disso, Pizarro, que extorquira dos indígenas quatro milhões e meio de ducados de ouro em troca da libertação de Atahualpa, ordenou a execução na fogueira do chefe inca. Mais tarde, visto a hediondez do seu ato, Pizarro atribuiu aquele assassinato ao padre Valverde, o que pouco lhe serviu. Desde então o nome dele associou-se à perfídia, um homem a quem ninguém mais poderia confiar na palavra dada. Seja o que for nada o impediu de continuar pilhando toda a imensa riqueza em ouro e prata que encontrou pela frente. No gesto de capturar e mandar incinerar a Atahualpa, Pizarro se inspirara no que outro notório capitão da conquista fizera no México. Cortez, como se sabe, também executou o chefe asteca Montezuma, porque os capitães espanhóis logo perceberam que naquela estrutura de poder absurdamente verticalista, bastava decepar a cabeça para que os membros do corpo imediatamente se paralisassem.


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    O Maior dos Levantes Indígenas | O Império Inca | A Conquista do Peru | Um Crime Inominável | A Briga dos Irmãos Incas | Extorsão e Execução |Fundação de Lima | A Desavença na Partilha | A Administração do Império Colonial Espanhol | A Submissão dos Indígenas | O imperador aparta a briga| A Encomienda | A Mita | O Vazio Demográfico Abolição da Mita | Os Primeiros Anos de Túpac Amaru | Os Reclamos de Túpac Amaru | A Sociedade Peruana no Século XVIII | Outras Revoltas Nativas | As Razões da Revolta | O vice-reino pega fogo | A Restauração do Tahuantinsuyo | Derrota e Martírio |Conclusões | Bibliografia

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