7.8.12

Capão da traição



O desenho é uma vista parcial da cidade. Provavelmente foi feito da propriedade de José Matal. José Matal nasceu em Portugal e foi uma das figuras mais destacadas no episódio conhecido como “capão da traição” (final da guerra dos emboabas). Depois da vitória sobre os paulistas, os emboabas fortificaram o arraial novo e José Matal foi o responsável pela obra. Além disso, foi quatro vezes eleito juiz ordinário do senado da Câmara. As terras pertencentes a José Matal são atualmente conhecidas como Matola uma derivação do seu sobrenome. Reprodução do livro “Notícias do Brasil (1828-1829)”, de Robert Walsh. B. Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1985.
Por Emerson Santiago

Capão da Traição é o nome dado a um episódio ocorrido em meio à Guerra dos Emboabas, envolvendo paulistas e portugueses aliados a habitantes das demais colônias. O conflito durou cerca de dois anos, terminando em 1709, com a retirada dos paulistas das jazidas de ouro da região das Minas Gerais.



De acordo com a versão mais aceita sobre os acontecimentos, tudo ocorre durante uma das batalhas finais do confronto, em um capão (região de mata rasteira cercada por florestas) localizado em uma região entre São João del-Reie Tiradentes, próximo ao rio das Mortes. Ali, um grupo de cerca de 300 paulistas em retirada e em desvantagem numérica, conseguiram mesmo assim impor baixas significativas a seus inimigos. O líder do grupo emboaba, o brasileiro Bento do Amaral Coutinho, comandante de um exército de mil homens, deu a promessa ao grupo de paulistas de poupar-lhes a vida caso entregassem suas armas. Num ato de profunda covardia, com estas já entregues, Bento Coutinho mandou assassinar todo o grupo. O suposto local ainda hoje é chamado de Capão da Traição, em referência ao infame ato.

O número de vítimas fatais no Capão da Traição é algo obscuro. Apesar de várias fontes insistirem num total de 300 vidas sacrificadas, alguns pesquisadores falam até em mil mortos. Tanta incerteza se deve à escassez de registros escritos e de resquícios concretos. Até mesmo o local do acontecimento é fruto de enorme discórdia.

Com base em um dos poucos relatos da época, o do sargento-mor português José Álvares de Oliveira, o verdadeiro Capão da Traição teria ocorrido a cerca de 10 quilômetros do local apontado geralmente pela historiografia oficial (“coisa de légua e meia ao rumo do Norte”, segundo o documento), no atual município de Coronel Xavier Chaves. Como a região nunca foi habitada, a teoria, reforçada por relatos de moradores, é que ali existe ali um cemitério de covas rasas, e que estas abrigariam os restos mortais das vítimas do Capão da Traição.

Já o personagem principal do massacre, Bento Coutinho, é descrito como “carioca alentado, homicida e insolente”. Mesmo assim, este recebe, a mando do comandante português Manuel Nunes Viana uma tropa de cerca de mil homens. O episódio de Capão da Traição teria causado enormes prejuízos à carreira de Nunes Viana, e Bento Coutinho, por sua vez, iria se regenerar ao morrer em combate durante as invasões francesas de 1710 e 1711 ao Rio de Janeiro.



Bibliografia:
SOUZA, Sinvaldo do Nascimento. Bento do Amaral Coutinho, herói controverso. Disponível em: <http://www.rioeduca.net/blogViews.php?id=968>. Acesso em: 20 jul. 2012.
ALDÉ, Lorenzo. Trezentos anos depois… . Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/trezentos-anos-depois>. Acesso em: 20 jul. 2012.
Capão da Traição. Disponível em: <http://www.almanack.paulistano.nom.br/emboabas.html>. Acesso em: 20 jul. 2012.




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