Por Antonio Gasparetto Junior
Nação é a união de pessoas com características históricas comuns que formam um povo.
Os estudantes das universidades medievais se reuniam em grupos chamados natio ou natos, termos originais do latim para a palavra Nação. Como cada estudante era proveniente de um lugar, os grupos reuniam os estudantes que vinham de mesmos lugares e neles se falavam a língua natal e seguiam-se as leis de suas respectivas origens. Foram nessas universidades que se engrossaram o movimento de contestação à Igreja Católica na época do Renascimento. Esse afastamento à Igreja de Roma, que se intensificou nas colônias do Novo Mundo, colocou o humanismo no centro das relações entre homem e natureza.
O termo Nação ganhou repercussão a partir da publicação do livro de Adam Smith chamado “A Riqueza das Nações”, de 1776, que não se preocupou em caracterizar muito bem o termo, apenas o utilizou para designar as várias organizações humanas, sendo que a principal vinculação do termo Nação era com Estado. O termo foi absorvido em dois grandes movimentos históricos, a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Em ambos utilizou-se o termo Nação para legitimar o poder do povo. A partir daí, o termo Nação seria recorrente na história da humanidade, integrando grandes acontecimentos como os que envolveram os estopins para a Primeira e para a Segunda Guerra Mundial. No mesmo século XX, entre as guerras, fundou-se a Liga das Nações, com o intuito de tentar garantir a paz entre os povos, que foi substituída pela Organização das Nações Unidas após o segundo conflito.
O conceito mais aceito de Nação, atualmente, versa sobre a reunião de pessoas com características históricas semelhantes, ou seja, integrantes de um mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e possuem os mesmos costumes. Assim, tem-se um povo que é unido por hábitos e tradições. Todavia, é importante ressaltar, os elementos língua, território, religião, costumes e tradição não constituem uma Nação por si só. Para formá-la é indispensável o vínculo entre os indivíduos que gera a convicção de querer formar um coletivo. Em outras palavras, a Nação existe a partir do momento em que também há uma consciência de nacionalidade entre os indivíduos, formando um grupo com interesses especiais e necessidades particulares.
Assim, Nação não se anula ou está submetida ao Estado, pois este é uma forma política adotada. A Nação é preexistente sem necessidade de organização legal ou política, mesmo que seja comum fazer sua associação com Estado. Prova disso é o que ocorre no continente africano. Após a Segunda Guerra Mundial, a África foi toda dividida em Estados segundo o interesse dos povos europeus. Entretanto essa divisão dos Estados não levou em consideração as características históricas dos povos que incluíram, gerando, assim, Estados formados por nações diferentes. A consequência disso é uma interminável onda de guerras civis que varre o continente, já que as diferenças não foram respeitadas e, hoje, os diferentes povos que habitam o mesmo território disputam pelo poder.
Fonte:
www.un.org