Na manhã do dia 5 de setembro de 1972, oito terroristas do grupo palestino Setembro Negro invadiram as acomodações dos atletas israelenses em Munique e mataram dois esportistas a sangue-frio.
A tentativa de libertação dos reféns foi um fiasco: 15 mortos e um helicóptero destruído
Às 4 horas da madrugada de 5 de setembro de 1972, dois funcionários dos correios haviam observado várias pessoas vestindo abrigos esportivos pularem a cerca da Vila Olímpica em Munique. No entanto, não deram atenção especial ao fato, pensando serem atletas que voltavam de uma "escapada".
Tratava-se, na realidade, de um grupo de terroristas palestinos. Eles invadiram o alojamento da delegação israelense durante os Jogos Olímpicos em Munique, mataram um deles imediatamente e outro horas mais tarde.
Três membros da delegação conseguiram escapar, mas nove foram tomados como reféns dos terroristas, que se identificaram como membros do grupo Setembro Negro. O nome lembra o mês dos sangrentos conflitos entre o Exército da Jordânia e membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1970.
Os terroristas na Vila Olímpica exigiam um avião e a libertação de 200 palestinos das prisões em Israel, reivindicação rejeitada pela resoluta premiê israelense, Golda Meir.
As forças alemãs de segurança tentaram várias saídas, tanto financeiras como diplomáticas. Os terroristas não aceitaram o pagamento de um resgate, nem a proposta do secretário do Interior da Baviera, que se ofereceu como refém em troca dos atletas. Eles insistiram na libertação dos presos palestinos.
A opinião pública e os representantes de outras 120 nações presentes em Munique ficaram sabendo da dramática situação apenas várias horas depois. Num esforço admirável, a República Federal da Alemanha havia tentado fazer desta a festa olímpica mais impressionante de todos os tempos, 36 anos após os Jogos organizados pela Berlim nazista.
Falhas na segurança
A organização dos Jogos desconsiderara as tensões internacionais – não só no Oriente Médio – e falhara ao não incrementar a segurança com câmaras de vídeo, patrulhamento armado e cercas mais altas.
Após várias tentativas fracassadas de negociação, na noite do mesmo dia, os terroristas e os reféns chegaram ao aeroporto de Fürstenfeldbruck, nos arredores da capital bávara, de onde acreditavam que levantariam vôo.
Na realidade, era uma armadilha da polícia. Foram ouvidos tiros, explosões e um helicóptero se incendiou. O então porta-voz do governo, Konrad Ahlers, divulgou erroneamente a notícia de que todos os reféns haviam sido libertados.
Apenas na madrugada do dia 6 de setembro ficou-se sabendo que os nove reféns israelenses, cinco terroristas palestinos e um policial haviam sido mortos. O fato gerou uma crise de credibilidade em relação ao governo alemão. A opinião pública passou a duvidar da versão oficial, de que as vítimas haviam sido mortas pelos terroristas, quando vieram à tona indicações de que poderiam ter sido atingidas por balas da polícia.
Com o passar dos anos, nem essa questão pôde mais ser esclarecida – pois alguns arquivos haviam sumido –, nem os pedidos de indenização chegaram a ser completamente atendidos.
Em Munique, as competições ficaram interrompidas por 34 horas, e a Olimpíada acabou prorrogada em um dia, após uma cerimônia em memória às vítimas.
(pp/rw)
Fonte: http://www.dw.de