18.9.12

Revolução Constitucionalista de 1932

Um dos mais importantes acontecimentos da história política brasileira ocorridos no Governo Provisório de Getúlio Vargas foi a Revolução Constitucionalista de 1932, desencadeada em São Paulo. Foram três meses de combate, que colocaram frente a frente nos campos de batalha forças rebeldes e forças legalistas.

A chamada "Era Vargas" começa com a Revolução de 30 e termina com a deposição de Getúlio Vargas em 1945. É marcada pelo aumento gradual da intervenção do Estado na economia e na organização da sociedade e também pelo crescente autoritarismo e centralização do poder. Divide-se em três fases distintas: governo provisório, governo constitucional e Estado Novo.


Getúlio Vargas é conduzido ao poder em 3 de novembro de 1930 pela Junta Militar que depôs o presidente Washington Luís. No poder, não respeitou a autonomia de São Paulo, nomeando um Interventor de fora. Isso desgostou os paulistas, sobretudo os dirigentes do Partido Republicano Paulista (PRP), que não se conformavam com o fato de São Paulo estar sendo comandada por um "estranho".

O governo provisório é marcado por conflitos entre os grupos oligárquicos e os chamados tenentes que apóiam a Revolução de 30. No dia 25 de janeiro de 1932, aniversário da cidade, houve um imenso comício na Praça da Sé, colorido com bandeiras do município. Partidos políticos que eram rivais estavam unidos.

Em fevereiro a situação se agravou. O Partido Democrático (PD) rompeu com Vargas e seu governo, ao mesmo tempo que se aproximaou dos antigos adversários do Partido Republicano Paulista (PRP), formando a Frente Única Paulista (FUP), que se tornou a porta-voz das reivindicações de reconstitucionalização e de autonomia administrativa para o estado de São Paulo. Mais do que isso, a FUP passou a articular, junto aos meios militares e a algumas das principais entidades de classe do patronato paulista, a preparação de um movimento armado contra o Governo Provisório.


O descontentamento foi aumentando e o povo se revoltou. Em 22 e 23 de maio, estudantes e populares queimaram e empastelaram as redações dos jornais ditatoriais e, nesse conflito, foram mortos quatro estudantes de Direito: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. O nome dos quatro serviu para no futuro designar o movimento paulista: MMDC. O primeiro a morrer foi Camargo, justamente o estudante que era casado e pai de três filhos.

A ideia de revolução tomou conta de todos, sem distinção de classe social. São Paulo estava confiante da vitória, pois contava com o apoio dos militares de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mas somente Mato Grosso manteve-se leal a SP. O comandante da Revolução era o general Isidoro Dias Lopes, apoiado fortemente pelo contingente de Mato Grosso, comandado pelo general Bertoldo Klinger.

No dia 9 de julho de 1932, o Interventor Pedro de Toledo telegrafava ao ditador Getúlio Vargas: "Esgotados os meios que ao meu alcance estiveram para evitar o movimento que acaba de se verificar na guarnição desta Região ao qual aderiu o povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos do meu povo". Começava a Revolução Constitucionalista.

A revolução teve apoio de amplos setores da sociedade paulista. Pegaram em armas intelectuais, industriais, estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos ligados à República Velha ou ao Partido Democrático. O que os movia era principalmente a luta antiditatorial.


Nos poucos meses de conflito, São Paulo viveu um verdadeiro esforço de guerra. Não apenas as indústrias se mobilizaram para atender às necessidades de armamentos, mas também a população se uniu na chamada Campanha do Ouro para o Bem de São Paulo. Pela primeira vez buscavam-se iniciativas não apenas militares para romper o isolamento a que o estado fora submetido. Faltou, no entanto, a esperada adesão das forças mineiras e gaúchas. Os governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, embora apoiassem a luta pela constitucionalização, decidiram manter-se leais ao Governo Provisório.

Isolado, o movimento fracassou. Em 1º de outubro de 1932 foi assinada a rendição que pôs fim à Revolução Constitucionalista. Enquanto os principais líderes tiveram seus direitos políticos cassados e foram deportados para Portugal, o general Valdomiro Lima - gaúcho e tio de Darcy Vargas, mulher de Getúlio - era nomeado interventor militar em São Paulo, cargo em que permaneceria até 1933.
Fonte:

Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
http://www.unificado.com.br/calendario/07/rev_const.htm
http://www.brasilescola.com/historiab/revolucaoconstitucionalista.htm