6.5.11

A Alemanha na fase da Revolução

Após a conclusão do primeiro ato revolucionário do

continente europeu, o partido revolucionário continental foi derrotado. Os

rápidos movimentos de 1848 não foram obra de simples indivíduos, mas

manifestações espontâneas e irresistíveis de necessidades nacionais

seguidas por numerosas classes em todo país.

A composição das diferentes classes que constituem a base

de toda a organização política, era na Alemanha mais complicada do que

noutros países. Enquanto na Inglaterra e na França o feudalismo estava

totalmente destruído, ou pelo menos reduzido a proporções muito

insignificantes, por uma poderosa e rica classe média concentrada em

grandes cidades e particularmente na capital, a nobreza feudal prevalecia

com uma enorme quantidade dos seus antigos privilégios.

A grande massa da nação, que não pertencia à nobreza nem à

burguesia, estava constituída nas cidades pelos pequenos comerciantes,

lojistas e trabalhadores, e no campo, pelo aldeões.

O desenvolvimento da classe trabalhadora, no aspecto social

e político estava muito distante do da Inglaterra e França, houve um certo

desencontro no desenvolvimento e na articulação das classes, até que se

chegou ao desmembramento político que houve na Alemanha.

O ESTADO PRUSSIANO

Os príncipes menos influentes da Alemanha em parte se asseguraram

contra uma supremacia da Áustria e da Prússia, para unir fortemente as

províncias que estavam sob as suas ordens. A Dieta da Confederação era

um simples foguete para usurpar a sua independência como estados

soberanos e também servia para frear toda oposição.

Para completar a confusão das idéias reinantes na Alemanha,

a partir de 1830, com estes elementos de oposição política estavam

misturados, compêndios mal interpretados, da filosofia alemã das

universidades e investigações mal dirigidas acerca do socialismo francês,

especialmente do sansimonismo; o grupo de escritores que se ocuparam

com esta heterogênea confusão de idéias designava-se presumidamente a

si mesmo como a “Jovem Alemanha” ou a “Escola Moderna”. Em 1848 a

Alemanha encontrava-se às vésperas de uma revolução e essa revolução

teria estalado então com toda certeza se a Revolução Francesa de

fevereiro não a tivesse detido.

O RESTANTES ESTADOS ALEMÃES

Mesmo considerados como Estados inferiores desde os

movimentos revolucionários de 1830, tinham-se mantido completamente

sob a ditadura do Dieta, isto é, da Áustria e da Prússia, foram

estabelecidas constituições como mão de defesa contra as ordens dos

Estados e como meio para unir as Assembléias Provinciais.

A religião católica, como acontecia na Alemanha em 1845 e

em todos os Estados, eram consideradas como uma parte da lei do

território.

De forma em geral o estado da Prússia e dos pequenos

Estados nos fins de 1847 era o seguinte:

A classe média, apercebendo-se da sua força e decidia a não sofrer

por mais tempo os entraves que limitavam e entorpeciam as suas

transações comerciais, a sua produtividade industrial e a sua ação de

classe com o despotismo feudal e burocrático; uma parte da nobreza rural

transformada em produtora, oferecendo os seus artigos no mercado e,

com a mesma igualdade de interesses, partilhando a sua causa da classe

média; as classes marcantes inferiores descontentes, sem poderem

desembaraçar-se dos tributos e obstáculos lançados na marcha dos seus

negócios, mas sem nenhum plano definido de reformas que pudessem

assegurar a sua posição dentro do organismo social e político; os artesãos

oprimidos aqui pelas exacções feudais e ali pelos prestamistas, pelos

usuários e pelos procuradores; a classe trabalhadora doas cidades

participando no generalizado.

ÁUSTRIA

A Áustria permaneceu quase oculta até Março de 1848. O

governo se apoiava em 2 princípios fundamentais: manter a zona de

diferentes nações sujeita a lei prussiana e em relativa separação com os

demais, e contar com o seu apoio com as duas classes sociais, a dos

senhores feudais e a dos grandes capitalistas dedicados à especulação.

Não havia uma única classe que estivesse contente, nem que pudesse

agradecer ao governo a mais pequena concessão, porque, se este

conseguia dar alguma, não era a custa dos fundos do tesouro, que não

podia, mas as expensas da aristocracia e do clero, porque os grandes

banqueiros e os possuidores dos fundos públicos, em face dos últimos

acontecimentos na Itália em virtude da crescente oposição da Dieta da

Hungria e do dissolvente espírito de descontentamento geral e o constante

grito de reforma, tudo isso a impor-se contra o império, não acreditavam

que este se encontrasse suficientemente capaz de fortalecer a sua fé e

assegurar a solidez e a solvência do império austríaco.

A INSURREIÇÃO DE VIENA

Em 13 de Março de 1848 o povo de Viena derrubou do

poder o príncipe Metternich e obrigou-o a fugir vergonhosamente do

território. A Revolução de Viena, foi realizada pelo desejo quase unânime

de todos. A burguesia, os pequenos industriais e os trabalhadores se

voltaram contra o governo, a revelação fez com que a classe média fosse

moralmente a mais predominante, camponeses gozavam de liberdade

absoluta e os seus trabalhos foram coroados de êxito na Áustria mais do

que em nenhuma outra parte da Alemanha. E se a Áustria se encontra

tranqüila nesse momento, isso se deve principalmente a imensa maioria

do povo, através da revolução.

A INSURREIÇÃO DE BERLIM

Berlim foi o segundo centro do movimento revolucionário,

embora não encontrasse apoio unânime como encontrou em Viena.

Houve uma Revolução em fevereiro que manifestou-se como uma

revolução das classes dos trabalhadores contra a classe média:

proclamava o desaparecimento desta e a emancipação dos trabalhadores.

Os camponeses prussianos, como na Áustria, aproveitam a

revolução para sacudir a própria opressão feudal. A classe média se

voltou contra os seus antigos e inseparáveis aliados; resultou de tudo isso

que ao fim de três meses de emancipação, após as execuções militares

que particularmente se realizavam na Silésia, o feudalismo restabelecido

e patrocinado pela anti-feudal burguesia que antes se impunha.

A ASSEMBLÉIA NACIONAL DE FRANKFURT

Depois das vitórias populares de Viena e Berlim, foi

decidido que houvesse uma Assembléia representativa para toda

Alemanha. Esta corporação foi eleita e reuniu-se em Frankfurt ao lado da

antiga Dieta federativa. O povo esperava que a Assembléia Nacional

alemã decidisse o verdadeiro critério de todos os pontos submetidos a

controvérsia e que atuaria como suprema autoridade legislativa em toda

Conferência Germânica.

Mas ao mesmo tempo a Dieta que a tinha convocado não

determinou as suas atribuições, ninguém sabia, por conseguinte, se os

seus direitos tinham força de lei ou se, pelo contrário, necessitava da

sanção da Dieta e dos próprios governos. A Assembléia também seria a

oportunidade de acabar com a divisão territorial da Alemanha.

CHECOS, POLACOS E ALEMÃES

A questão da nacionalidade e do fenômeno da confusão em

todos os distritos foi a socialização de algumas classes a partir do

trabalho, e com isso deu-se que o crescimento da população deu-se que o

crescimento da população tornou-se motivo de fundação de cidades nesta

região e a fabricação de artigos ficou monopolizada pelos judeus, que

eram mais alemães do que eslavos. Mas, como muitas vezes acontece, a

agonizante nacionalidade Checa, que vinha morrendo na história em

conseqüência dos fatos assinalados desde há quatro séculos, fez em 1848

um último e supremo esforço para reconquistar a sua primitiva

nacionalidade.

O PAN-ESLAVISMO. O CONFLITO SCHLESWING-HOLSTEIN

Enquanto o governo alemão era mal visto em todos os lados,

os governantes alemães, liberais e constitucionais, esfregavam as mãos de

alegria. Tinham conseguido sufocar os movimentos da Polônia e da

Boêmia e em todos os lados fizeram reviver as antigas animosidade

nacionais, que anteriormente tinham impedido toda a inteligência entre a

Alemanha, a Polônia e a Itália. Habituaram o povo às cenas de guerra

civil e à sua própria repressão através do militarismo. O exército

prussiano na Polônia e o austríaco em Praga, voltaram a recuperar a

confiança em si e, entretanto, o superabundante patriotismo da

revolucionária juventude dirigia-se a Schleswing e à Lambardia para ser

reprimido pelas garras de aço do inimigo, enquanto o exército regular, o

verdadeiro instrumento de ação da Prússia e Áustria, se colocava em

condições de voltar a obter a confiança popular, pelas suas vitórias sobre

o estrangeiro.

A ASSEMBLÉIA DE FRANKFURT E A REVOLUÇÃO DE PARIS

Uma crise ministerial disfarçada seguiu-se autorizado pelo

governo estabelecido pela Assembléia Nacional de Frankfurt, comandada

pela Prússia, tendo como efeito um armistício com a Dinamarca. Esta

forma infeliz de proceder excitou a indignação popular. Levantaram-se

barricadas, mas tinham-se enviado já para Frankfurt tropas suficientes e,

após seis horas de combates, a insurreição acabou por ser reprimida. Estes

combates preliminares deram ao partido anti-revolucionário a única e

valiosa vantagem de que agora o governo que tinha nomeado por eleição

popular, o governo imperial de Frankfurt e a Assembléia Nacional

tivessem ficado desprestigiados aos olhos do povo.

Fonte: http://poucodetudo.com/2011/03/30/a-alemanha-na-fase-da-revolucao/