Ele foi o primeiro presidente após a ditadura que governou até 1983. O ex-presidente argentino Raúl Alfonsín morreu nesta terça-feira (31) em Buenos Aires, aos 82 anos, vítima de uma pneumonia agravada por um câncer pulmonar que o afetava desde 2007. Leia também: Em nota, Sarney lamenta morte de Alfonsín O anúncio oficial da morte de Alfonsín foi feito por seu médico, Alberto Sadler. Nos últimos dias, o estado de saúde dele se agravara muito. A última aparição pública havia sido em outubro passado, quando foi à inauguração de um busto com sua imagem no salão que lembra os ex-presidentes na sede do governo, homenagem liderada pela chefe de Estado, Cristina Fernández. Veja fotos da trajetória de Alfonsín Alfonsín foi o primeiro chefe de Estado eleito após a última ditadura argentina, que ficou no poder até 1983. Apesar de estar doente há anos e de não ter nenhum cargo público, ele continuava sendo uma figura influente no partido União Cívica Radical, que faz oposição ao governo. Ele governou até 1989 e ganhou admiração mundial por levar a julgamento líderes militares que torturaram e mataram ativistas de esquerda durante a chamada "guerra suja" da ditadura. Assista ao lado a vídeo sobre a posse de Alfonsín na Presidência argentina Brasil O governo de Alfonsín ficou marcado por acordos com o Brasil que formaram o embrião do atual Mercosul. O presidente argentino assinou junto com o então presidente brasileiro, José Sarney, um acordo de integração econômica entre os dois países. Foi uma retomada na parceria política entre as duas nações que acabavam de sair de longos períodos autoritários. Os dois assinaram, em 30 de novembro de 1985, na fronteira entre os dois países, a Declaração de Iguaçu, que colocou fim a décadas de desconfiança recíproca e estabeleceu as bases para a criação do futuro Mercosul. Por mais que o atual bloco de países (que hoje inclui ainda Paraguai e Uruguai) tenha um foco maior na economia, a parceria política também era discutida na época em que o acordo foi firmado. Volta à democracia Advogado de profissão, Alfonsín governou a Argentina entre 1983 e 1989, período conturbado pelos ressentimentos causados por uma ditadura que perseguiu e matou milhares de dissidentes durante os sete anos que esteve no poder. Numa era repleta de breves períodos democráticos interrompidos por golpes militares, ele foi um dos fundadores da Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos (APDH), pioneira na luta contra o autoritarismo e a repressão ilegal. Político A carreira política de Alfonsín teve início em 1954, quando foi eleito vereador em sua cidade natal. Depois, ocupou uma cadeira como legislador provincial e, posteriormente, como deputado nacional. Em 1973, perdeu para Ricardo Balbín a candidatura de seu partido às eleições presidenciais. Seu médico disse que o ex-chefe do Estado "estava adormecido" quando morreu, e lembrou que Alfonsín, que tinha um câncer pulmonar com metástase óssea, "teve um quadro de pneumonia aspirativa nos últimos dias" e que "isso causou sua morte". Fonte: G1 Disponível em:http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1067021-5602,00-MORRE+O+EXPRESIDENTE+ARGENTINO+RAUL+ALFONSIN.htmlAlfonsín tinha 82 anos e tinha câncer de pulmão.
O ex-presidente argentino Raúl Alfonsín, em imagem de junho de 2007 (Foto: Reuters)
O ex-presidente e líder da União Cívica Radical, um partido de centro, liderou o histórico julgamento da Junta Militar em 1985, que acabou com a prisão da cúpula da ditadura. Em virtude do avanço nas investigações sobre os crimes cometidos nos chamados "anos de chumbo", o governo de Alfonsín enfrentou rebeliões e levantes militares, que foram sufocadas por tropas leais e com a presença popular nas ruas.
Nesse contexto, entre 1986 e 1987, o Executivo impulsionou a aprovação parlamentar das leis de Obediência Devida e Ponto Final, que isentaram de responsabilidade mais de mil de acusados de crimes de lesa-humanidade.
A Presidência de Alfonsín terminou prematuramente em meio a uma forte crise econômica e violentas greves de sindicatos, majoritariamente de oposição.