Dois escritores americanos revelam em livros os gostos excêntricos — e os transtornos graves — na vida dos maiores artistas e escritores do mundo
Com a premissa de nos mostrar aquilo que não aprendemos nos bancos da escola, os escritores americanos Robert Schnakenberg e Elizabeth Lunday e o ilustrador Mario Zucca compilaram em dois livros excentricidades na vida de pintores, escritores, escultores e poetas como Michelangelo, Frida Kahlo e J.D. Salinger. No total, os autores revelaram segredos da vida de 76 personalidades. "Muitos deles eram viciados em drogas, bebedores de xixi, don juans e deslumbrados com a fama", escreveu Schnakenberg no prefácio. "Secret Lives of Great Authors" e "Secret Lives of Great Artistas" (Quirk Books, US$ 16,95 e US$ 17,95, respectivamente) não têm previsão de lançamento no Brasil. Em tempo: Michelangelo era tão fedido que muitos de seus assistentes não aguentavam trabalhar com ele; Frida Kahlo era obrigada a encher uma banheira com brinquedos para convencer seu marido, Diego Rivera, a tomar banho; e o escritor J. D. Salinger, de acordo com a sua filha Margaret, gostava de beber a própria urina.
VOCÊ É O QUE VOCÊ COME
Autor de quadros como o "Retrato do Dr. Gachet", avaliado em US$ 136 milhões, Vincent van Gogh (1853-1890) foi um miserável. Em vida, o pintor holandês vendeu apenas uma tela, e bem baratinha. A fama só veio mais de uma década depois de sua morte. Quando morava em Arles, na França, tentou atacar o amigo e também pintor Paul Gauguin com uma navalha. Arrependido, voltou para casa, cortou um pedaço da própria orelha e a levou de presente para uma prostituta. Um dos fatores que podem ter contribuído para os seus transtornos mentais era o tipo de tinta que ele utilizava. Alguns pigmentos eram feitos à base de arsênio, elemento químico tóxico, e que também servia para matar ratos. Nos momentos de maior loucura, van Gogh chegava a ingerir tubos inteiros da tinta. Ele suicidou-se aos 37 anos com um tiro no peito.
MACHO MAN
Grosseiro e machista, fã de armas, touradas e pescarias. O escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961) gostava de falar por aí que era um cara pouco polido. Sobreviveu a quatro acidentes de carro e dois de avião. Participou de cinco guerras. Acabou com a vida aos 61 anos, puxando o gatilho de uma espingarda contra a própria cabeça. Responsável por algumas obras fundamentais da literatura moderna, Hemingway também era pouco flexível com os críticos. Em certa ocasião foi para cima do escritor Max Eastman depois que este publicou uma resenha negativa do livro "Death in the Afternoon". Na infância, sua mãe insistia em tratá-lo como uma menina. Comprava vestidinhos rosa e cortava o seu cabelo à moda das garotas da época. Às vizinhas, a mãe costumava apresentá-lo como sua "filha Ernestine".
ESPANHOL PORCALHÃO
Pablo Picasso (1881-1973) gostava de dizer que havia nascido morto. Segundo a lenda, ele voltou à vida após o médico dar-lhe uma baforada de charuto na face. O artista espanhol é considerado um dos fundadores do Cubismo, no início do século 20. Sua mais famosa obra, o mural "Guernica", gerou desconfiança do exército alemão de que ele fosse judeu. Em uma vistoria em seu ateliê em Paris, os oficiais perguntaram ao ver um cartão-postal com a imagem: "Então foi você quem fez isso, Monsieur Picasso?". Ele respondeu: "Não, foram vocês". Os amigos mais íntimos diziam que o mestre não era, digamos, muito higiênico. Várias de suas criações nasceram no meio da sujeira e de uma fauna que incluía cães, gatos, ratos e até um macaco.