A localidade onde estavam presos o czar e sua família estava prestes a ser invadida pelos checoslovacos, os quais travavam guerra contra os russos, e os revolucionários, com receio da libertação do czar, determinaram a execução do mesmo. A ordem teria sido dada pelo órgão de direção local, mas foi ratificada posteriormente pelo comitê central. A execução foi relatada pelos membros do soviete de Ekaterinburgo posteriormente, da seguinte forma: "O caso dos Romanov e da sua execução foi debatido na reunião do soviete no fim do mês de Junho. V. Xotinskij, N. Sakovitch e outros membros do soviete pertencentes aos socialistas da esquerda revolucionária pronunciaram-se pela execução imediata. O assunto foi verdadeiramente decidido logo nos primeiros dias de Julho e o dia da execução marcado pelo Praesidium do soviete, executando-se a sentença na noite de 16 para 17 de Julho. Na reunião do Praesidium do Tsik (comitê central executivo) de 18 de Julho, Sverdlov fez saber que Nicolau II fora executado. Tendo-se interado de todos os motivos que levaram o soviete de Ural a fuzilar o ex-imperador, o Praesidium deu por bem fundamentada a decisão desse soviete. A montagem da execução e a subsequente destruição dos cadáveres foi confiada a um revolucionário com boas provas dadas, que combatera na frente com o general Dutov, operário da fábrica Verkh-Isertisk, de nome P. Ermakov. A execução deveria efetuar-se em condições tais que tornasse impossível a interferência dos partidários do regime imperial; por isso seguiu esta via. Disse-se à família imperial que descesse dos quartos ocupados no andar superior para o térreo. Desceram todos os Romanov, ou seja, o ex-czar, a mulher, o filho, as filhas, o médico da família, Botkine, « Diadka », médico do herdeiro e a dama de companhia que estava com eles. Eram cerca de dez horas da noite e todos envergavam trajes de trazer por casa, pois deitavam-se sempre mais tarde. Numa das salas da cave, os prisioneiros foram encostados às paredes. O comandante leu-lhes a sentença da pena de morte, acrecentando ser vã a esperança de que os libertassem, pois todos deveriam morrer. A notícia inesperada deixou-os aturdidos e só o ex-imperador conseguiu articular, como se fizesse uma pergunta: « Quer dizer que não vão conduzir-nos a parte alguma...» A sentença foi executada a tiros de revolver. Cumpriram-na quatro homens que haviam sido incumbidos da tarefa. À uma da manhã, os corpos foram transportados para a floresta, na zona da fábrica Verkh-Issetski, próximo da aldeia de Palkina, e lá foram queimados no dia seguinte. O tiroteiro passou despercebido, muito embora ocorresse no centro da cidade. Não foi ouvido graças ao barulho do motor do automóvel estacionado junto das janelas da sala onde teve lugar a execução. O próprio guarda não se apercebeu do que se passou, regressando ao seu posto dois dias depois. Foi infrutífero o inquérito ulterior conduzido pelos militares que pretenderam recuperar os cadáveres. Os Romanov estavam vestidos quando foram fuzilados, mas despiram-nos para queimar os corpos. Algumas jóias estavam cosidas ao vestuário e parte delas caiu assim na fogueira." A morte do czar impediria que os contra-revolucionários se apossassem de um "estandarte vivo" para restaurar o imperialismo.O último czar (imperador russo) foi Nicolau II, condenado à morte pelos revolucionários bolcheviques, teria sido executado em 18 de julho de 1918 por fuzilamento. As circunstâncias de sua morte e da família imperial permanecem obscuras até os dias de hoje, pois sempre foram mantidas sob segredo. Teria sido executada toda a família imperial na casa Ipatiev, em Ekaterinburgo, onde permaneciam prisioneiros da revolução, ou apenas o czar.
Nicolau II
Um pôster de propaganda bolchevique celebrando
o segundo aniversário da Revolução de Novembro
de 1917. A supremacia bolchevique foi assegurada pela
derrota das forças "brancas" contra-revolucionárias
pelo Exército Vermelho de Trotski em 1920 (AKG).
Fonte:
- Nicolau II, O Último CZAR, Marc Ferro, Edições 70, Portugal, 1991.