12.4.09

Czar Nicolau II


Czar Nicolau II
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Nicolau II Romanov, nasceu no Palácio de Catarina, próximo a São Petersburgo, em 18 de maio (6 de maio no calendário juliano) de 1868. Filho de Alexandre III, foi o último czar da Rússia (Em Russo Николáй Алексáндрович Ромáнов, Nikolaj Aleksandrovitch Romanov). Governou desde a morte do pai, em 1 de Novembro de 1894, até à sua abdicação em 15 de Março de 1917, tendo sido morto com toda a família imperial russa na cidade de Ecaterimburgo, em 1918, durante a Revolução Russa.

Quanto ao seu título oficial, era chamado Nicolau II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias, Soberano da Circássia e dos Princípes de Moutan, Senhor do Turquestão, Duque de Schleswig, Holstein, Stormarn, Ditmarschen e Oldenburgo, Herdeiro da Noruega.

Foi casado com Alexandra de Hesse, teve quatro filhas e um filho, entre elas, a princesa Anastácia Romanova.

Filho do Imperador Alexandre III e sua Imperatriz Maria (nascida Princesa Dagmar da Dinamarca), Nicolau era o neto de Cristiano IX da Dinamarca através da sua mãe e do Imperador Alexandre II do lado do pai. Nicolau foi visto como demasiado fraco pelo seu pai, duro e exigente, que, não antecipando a sua morte prematura, não o preparou para a coroa que um dia seria sua.

Desde cedo Nicolau demonstrou temperamento tímido e inclinações que o orientavam mais para a vida

Em 1894, quando Alexandre III morre inesperadamente com 49 anos de idade, vítima da problemas de rins, Nicolau sente-se desesperado, pouco preparado para assumir o cargo. Disse, em lágrimas, ao seu primo Alexandre: "o que será de mim e da Rússia? Eu não estou preparado para ser Czar e nunca o quis ser. Não percebo nada dos negócios do governo. Não sei nem sequer como hei de falar com os ministros". Uma afirmação muito semelhante à de Luís XVI da França em 1775 quando soube que se tornaria Rei de França. Em 1894 casou-se com a princesa alemã Alexandra de Hesse, que não demorou a adquirir ascendência sobre ele.

Nicolau II mantinha um diário onde tomava notas dos detalhes mais pedantes do seu dia. Estão cheios de pormenores sem importância, sobre joguinhos com os amigos, temperatura, distâncias percorridas e outros. Por exemplo em 1894, com 26 anos, a menos de um mês de se tornar tsar, ele descreve as suas batalhas de castanhas com o príncipe Jorge da Grécia no parque do castelo.

Mesmo durante os eventos dramáticos que se seguiram ao Domingo Sangrento, com manifestações de protesto e greves por toda a Rússia e territórios adjacentes (em Varsóvia as tropas czaristas dispararam sobre a manifestação matando 93 pessoas), Nicolau II apontava meticulosamente no seu diário o estado do tempo, a companhia com quem tomava chá e o número de pássaros abatidos na caça.

Tinha as maneiras de um aluno de uma escola inglesa de elite. Dançava de forma elegante era um bom atirador, cavalgava e praticava desportos, como também, era famoso entre as mulheres. Falava um inglês perfeito, como o de um professor de Oxford. Falava um francês e alemão razoáveis. Não gostava de política. Sentia-se mais à vontade com oficiais e com mulheres do que com ministros e políticos. Adorava a vida de soldado. O seu pai concedeu-lhe o grau de coronel do regimento de Preobrajenski, o que o encheu de honra. Mesmo na Primeira Guerra Mundial, quando detinha o comando geral do exército, não quis desfazer-se do título, o que foi nefasto para a sua imagem entre os soldados. Chamavam-lhe o "coronel Romanov".

Tal como o seu pai, Nicolau II desejava um modelo autocrático para o governo da Rússia. O seu tsar favorito era Alexis I (1645-1676), tendo dado esse nome ao seu filho. Ele imitava a sua devoção religiosa e por vezes justificava as suas opções políticas dizendo que tal pensamento lhe tinha sido dado por Deus. Nicolau II pautou-se, portanto, por uma política absolutista, por vezes mesmo cruel, o que leva muitos historiadores a considerá-lo um monarca a quem faltava sentido político. A grande ambição do tsar era estender os domínios do Império Russo à custa do decadente Império Turco.

Nicolau II formalizou em 1894 a aliança com a França. Reforçou o acordo franco-russo (1896), mas suas ambições em relação ao Extremo Oriente levaram ao desastre da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), uma importante causa da Revolução de dezembro de 1905. Essa guerra, que mostrou toda a fragilidade do Império Russo, decorreu das ambições russas e japonesas sobre a Manchúria e a Coréia. Os japoneses tomaram Porto Artur e derrotaram os russos um Mukden e na Batalha Naval de Toushina. Pelo Tratado de Portsmouth, o Japão obteve a parte sul da ilha Sacalina, Porto Artur, as conceções ferroviárias na Manchúria, além do protetorado sobre a Coréia. A derrota russa debilitou enormemente o regime czarista.

Durante a guerra contra o Japão, aprofundou-se o descontentamento do povo russo. O país encontrava-se fortemente marcado pelas desigualdades, causadoras de grande revolta nas classes operárias, já fortemente influenciadas pelas ideias comunistas. A situação, de fato, era propícia a uma mudança radical. Promoveram-se inúmeras greves e organizou-se uma grande manifestação popular em São Petersburgo, programada para o dia 9 de Janeiro (22 de Janeiro de acordo com o calendário gregoriano, pois os russos ainda adotavam o calendário juliano), um domingo. Uma multidão de 200 mil pessoas, lideradas pelo padre Gapone, dirigiram-se ao Palácio de Inverno (em Petrogrado), que era a sede do governo. Desejavam entregar ao czar um documento reinvindicando direitos, como a jornada de oito horas de trabalho, o salário mínimo e a eleição de uma Constituinte por sufrágio universal, direto e secreto para elaborar uma Constituição que limitasse os poderes do imperador. A multidão, pacificamente reunida na frente do palácio, defrontou com a guarda pessoal do czar, (confundida com os cossacos), que começaram a atirar contra os manifestantes. Esse episódio, conhecido como Domingo Sangrento ou Domingo Vermelho, indignou todo o país e tornou-se o início de um amplo movimento de insurreição que se difundiu por toda a Rússia: as greves aumentaram, soldados e marinheiros se rebelaram, os camponeses atacaram e queimaram as propriedades rurais da nobreza.

No Mar Negro, os marinheiros do encouraçado Potemkin se rebelaram, porém tiveram que bater em retirada. O movimento revolucionário se prolongou até janeiro de 1906. O czar Nicolau II foi obrigado a lançar o Manifesto de Outubro, prometendo um governo representativo e liberdades civis básicas. Foram criadas uma Duma (Assembléia Legislativa, parlamento) eleita e uma Câmara Superior. Essas medidas, porém, não representaram mudanças significativas no regime, porque o direito ao voto limitava-se a uma minoria de privilegiados e, além disso, quase todos os membros eleitos da Duma pertenciam a alta nobreza. Assim que pode, o czar procurou dominar a Duma, inclusive dissolvendo as duas primeiras (1906 e 1907).

Em junho de 1907, o primeiro-ministro Arkadievitch Stolipin dissolveu o Parlamento e restaurou o regime autoritário. Com o assassinato de Stolipin em 1911, o monge Rasputin, favorito da imperatriz, tornou-se ainda mais influente. Seu prestígio deveu-se aos seus alegados poderes sobrenaturais, que dizia usar para cuidar da saúde do tsarevitch Aleixo (Alexei), caçula e único herdeiro, que era hemofílico.

O czar participou das conferências de Haia e, em 1914, ao eclodir a 1ª Guerra Mundial, tentou fazer a mediação entre as potências, mas as pressões de seus chefes militares obrigaram-no, apesar das boas relações que mantinha com seu primo Guilherme II da Alemanha, a participar do conflito, lutando ao lado da Inglaterra e da França.

Apesar da Rússia estar prosperando durante o período de Stolypin (1906-1911) e de ter recebido apoio para a guerra contra a Alemanha, Nicolau II imprudentemente assumiu o comando pessoal dos exércitos em 1915, deixando o governo para czarina Alexandra e para Rasputin, místico e charlatão com enorme poder na Corte.

Na guerra, a Rússia pretendia anexar territórios na região balcânica e assim alcançar o Mediterrâneo, alegando proteger "povos eslavos irmãos". A Rússia teve uma participação desastrosa, sofrendo humilhantes derrotas diante da Alemanha. O que acabou por agravar ainda mais a insatisfação do povo para com regime czarista. Diante disso, Nicolau, o qual estivera liderando o exército russo no front, volta a Rússia. Em março de 1917, eclodiram motins em Petrogrado, motivados pelo desgaste da guerra, cujas privações e pesadas baixas desmoralizaram o exército e a população da capital. A má administração da guerra e o caos no governo conduziram o Czar à abdicação, em 15 de Março de 1917. Este decidiu abdicar em favor do seu irmão, o Grão-Duque Miguel e não em favor do filho,Alexei, por este estar doente, mas o irmão do Czar recusou o trono e a Duma proclamou a República. A revolução triunfava e punha fim ao regime imperial e à Dinastia Romanov. O governo liderado por Kerensky decidiu manter a família imperial em prisão domiciliária no Palácio de Alexandre, em Tsarskoye Selo. Tentou-se ainda o exílio dos Romanov para Inglaterra, mas o Rei Jorge V (por sinal primo direito do Czar), acabou por inviabilizar o processo, receoso de a impopularidade dos Romanov se estender à Coroa Britânica. Após a revolução de Outubro e da tomada do poder pelos bolcheviques, o czar e a família foram transferidos para Tobolsk, na Sibéria.

Com a tomada do poder pelo partido bolchevique de Lenin, a família foi enviada a Ecaterimburgo (no oblast de Sverdlovsk), nos montes Urais. A aproximação das forças brancas (monárquicas, contra-revolucionárias) induziu os novos governantes a apressarem o assassinato do tsar e de sua família no período da guerra civil.