Após domínio português, ilha foi tomada por holandeses e ingleses.
Hoje é raro ouvir a língua portuguesa no país que fica no sudeste asiático.
Mapa do Sri Lanka com dados da CIA. Clique sobre o mapa para ampliar (Arte: G1)
O Sri Lanka, uma ilha situada no Oceano Índico e com uma área equivalente ao do Rio mais a metade do estado de Espírito Santo, tem um ponto em comum com o Brasil. Ambos foram colonizados primeiramente pelos portugueses.
Claro, porém, que há diferenças entre as duas colonizações. No Sri Lanka, então chamado de Ceilão, os portugueses praticamente não aproveitaram as riquezas naturais da ilha, mas plantaram o catolicismo. Na ilha asiática, trataram de aproveitar o território situado no sudeste asiático basicamente como porto natural, principalmente por conta de sua proximidade com a rica Índia. E lá os portugueses também não ficaram até o país se tornar independente. Se no Brasil durou mais de 300 anos de domínio direto, no Sri Lanka foi de ‘apenas’ 1506 até 1650. Depois disso, o país foi dominado por holandeses (1658-1880) e britânicos (1880 até 1948).
“Portugueses e holandeses ficaram mais no litoral do Ceilão, principalmente no sul. Os britânicos é quem acabaram tendo mais influência principalmente no interior e norte, por ter aproveitado para o plantio de chá e borracha”, conta ao G1 o professor do departamento de história da Brown University, Jorge Flores, e autor do livro ‘Curta história do Ceilão: quinhentos anos de relações entre Portugal e Sri Lanka’.
À esquerda, refugiados deixam área tomada pelos Tigres Tâmeis. À direita, criança tâmil passa por militares do governo (Fotos: Reuters e AP)
Flores relata ainda que as diferenças étnicas, que provoca há mais de duas décadas um conflito mortal na ilha, são antigas. Tão antigas que existem desde antes a chegada de Portugal, segundo Flores. Até o século XV, a ilha era dividida por reinos, separados por budistas, hindus e tâmeis. Com a chegada dos europeus, os nativos se acalmaram ou ao menos tiveram que, como se fala popularmente, ‘ficar na deles’.
“A maioria é formada por budistas. O norte sempre foi a região mais pobre e formada pelo hindus e tâmeis, que eram e são a minoria”, disse.
Soldados do Sri Lanka patrulham área em Puthukudiyiruppu, a cerca de 240 quilômetros da capital Colombo, nesta sexta-feira (24) (Foto: Eranga Jayawardena/AP)
Integrante independente da comunidade britânica desde 1948, o Ceilão virou Sri Lanka anos mais tarde, em 1972, para tentar apagar de vez a presença dos colonizadores. Foi então quando os tâmeis passaram a reclamar de preconceito contra seu povo e foi criado o grupo rebelde Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE, pela sigla em inglês), que desde então tenta estabelecer um governo autônomo.
Nos últimos 25 anos, tal turbulência vem causando a morte de milhares de pessoas e o êxodo de outros milhares, principalmente tâmeis. Segundo um relatório das Nações Unidas, foram mortos 6.432 civis e 13.946 ficaram feridos desde janeiro. Recentemente a ONU e autoridades da Índia pressionam o governo local, que tenta eliminar os Tigres.
Hoje, com Portugal, a relação é superficial, a ponto de o país europeu não ter embaixada ou consulado na ilha, segundo conta Flores. Apenas instituições/fundações não governamentais. “Além da religião católica, há pequenas comunidades que falam o crioulo e poucas palavras da língua portuguesa ainda permanecem”, diz Flores. “Tolha e mesa, por exemplo”, completou. Não é à toa que a capital é Colombo.