| Favelas Cariocas No Rio de Janeiro, os primeiros registros de pessoas habitando de modo improvisado os morros cariocas datam de 1860. Contudo, é após a extinção de inúmeros cortiços e casebres no início do século XX – resultado das políticas públicas que visavam modernizar a cidade, camuflando, assim, a pobreza – que as favelas começam a se configurar do modo como as conhecemos hoje. Com o passar dos anos, as ocupações dos morros cresceram, e junto com elas a negligência do poder público, que ao invés de examinar de forma adequada a questão das favelas, passou a difundir políticas que propunham seu desaparecimento, sobretudo a partir da década de 20, quando despejos e remoções de favelas interias passaram a ser frequentes, como o da favela de Bom Jesus, que até a década de 60 ficava às margens da Avenida Brasil. No entanto, a tentativa de extinguir as favelas não obteve sucesso. Um contingente populacional cada vez mais expressivo se expandiu nos morros cariocas, culminando no inevitável reconhecimento desta população, que de acordo com o primeiro censo das favelas, realizado em 1948, era de 138.837 moradores, ou 7% da população total da cidade, compondo 109 favelas. Sem esperar nada além de hostilidade e preconceito por parte do Estado, os moradores das favelas tiveram a iniciativa de se organizar formando associações a fim de colocar em prática ações concretas de transformação do espaço onde viviam. Como relatou o Jornal Útima Hora, em 23 de outubro de 1967, [...] a Favela do Catete se tornou muito importante, como exemplo do que pode fazer um punhado organizado. Sem qualquer ajuda oficial, seus moradores conseguiram levar luz elétrica, água corrente, telefone público e até uma rede de esgostos morro acima [...]. O último censo do IBGE, realizado em 2007 no Rio de Janeiro, constatou que o total de favelas já ultrapassou 700, só no município, e que mais de um milhão de pessoas moram nessas comunidades. Pensando nas favelas que abrigam uma enorme parcela da população carioca, presentes também nas demais cidades brasileiras, esta edição do “Imagens de uma Época” apresenta 12 imagens extraídas do Jornal Última Hora, de 1957 a 1969, retratando a população dos morros. | |