2.9.11

1º de setembro de 1969: O início da Era Kadafi


Poucos mais de um ano após estourar a Guerra dos Sete dias no Oriente Médio, as forças armadas da Líbia assumiram o poder no país, na ausência do rei Idris El Senussi, e proclamaram a República Árabe da Líbia, de caráter socialista, chefiada por um conselho revolucionário, tendo entre seus líderes o coronel Muamar al-Kadafi, 27 anos.

Os primeiros atos do novo Governo foram a imposição do toque de recolher nas principais cidades e o fechamento de todos os portos e aeroportos e a suspensão das comunicações telefônicas e telegráficas com o exterior.

Em seu primeiro comunicado oficial, o Conselho da Revolução afirmou que os militares acabavam de realizar um dos sonhos mais antigos do povo, o advento de uma República Socialista, apelando o apoio popular à revolução: "Rebelamo-nos para defender sua liberdade, sua dignidade, para levar ao alto a bandeiras das nações árabes e pedimos seu apoio para poder progredir".

Ainda no comunicado, o Conselho destacou outras de suas primeiras medidas:
Todos os Conselhos Legislativos do antigo regime ficavam abolidos e sem validade a partir daquele dia e toda tentativa de oposição à revolução por parte dos antigos dirigentes seria vigorosamente aniquiliada;

O Conselho da Revolução passou a instância única no país para conduzir os assuntos da República Árabe da Líbia. Em consequência, todas as administrações governamentais, funcionários e forças de ordem passavam à disposição do Conselho, podendo ser perseguido e processado todo infrator neste cumprimento.

O Conselho da Revolução firmou também sua vontade e decisão de edificar uma Líbia revolucionária, socialista, resultante de sua própria realidade e não de qualquer outra doutrina, elevando o país do subdesenvolvimento e mal governado a uma nação progressista, disposta a lutar contra o colonialismo. E defendeu a liberdade religiosa e a crença nos valores morais contidos no Alcorão, prometendo trabalhar por sua defesa e manutenção.

Acobertado pelo verniz nacionalista, três foram os principais fatores do golpe militar que acabou com a monarquia na Líbia: o petróleo, a presença de bases militares estrangeiras no país e o desejo de maior participação no pan-arabismo. Os líbios tinham interesse em assumir um controle mais efetivo de sua produção de petróleo (a terceira do mundo em volume na ocasião), desejavam apressar a retirada das tropas norte americanas de Wheelus, perto de Trípoli e queriam que o Rei Idris encarasse com maior entusiasmo a convocação de uma reunião de cúpula pan-árabe, no Âmbito do conflito com Israel.

Começava assim, a Era Kadafi, que duraria mais de 40 anos.

Fonte:Jblog