Os regimes totalitários surgem no mundo contemporâneo em um período marcado pela crise do sistema capitalista em algumas regiões da Europa. Em sua definição mais básica, o totalitarismo faz referência a todo e qualquer tipo de governo onde um único indivíduo ou partido passa a controlar as diversas instâncias do Estado. Ao mesmo tempo, esse tipo de regime define um tipo de relação onde o governo tem grande poder de intervenção na vida de seus cidadãos. Por Rainer Sousa Fonte:
O culto ao líder nacional: uma das manifestações do regime totalitarista.
Para compreendermos melhor de que forma o totalitarismo funciona, podemos pontuar algumas das formas onde esse governo manifesta sua presença. No campo político, o totalitarismo não aceita a existência de múltiplas orientações político-partidárias. Segundo o pensamento totalitário, a existência desse tipo de organização política incita um contexto de divisão prejudicial aos interesses da nação. Por isso, os regimes totalitários preferem reconhecer a presença de um único partido.
Na economia, o Estado totalitário empreende uma série de intervenções que colocam o mesmo como líder máximo e direto do progresso material da nação. De forma geral, as empresas estatais têm grande presença econômica e atuam essencialmente em setores da indústria de base e tecnológica. O desenvolvimento dessas duas áreas seria de grande importância para que os demais setores da economia pudessem prosperar economicamente.
Os instrumentos de repressão são colocados à disposição do Estado para que seus interesses sejam imediatamente atendidos. Justificando sua ação em nome da unidade e dos interesses nacionais, o Estado totalitário encerra as liberdades civis. As forças de controle policial utilizam de violência, perseguição política, prisão sumária, tortura física e psicológica para dissolver qualquer tipo de manifestação que ponha em risco a hegemonia do regime.
Além de utilizar da força, intervir na economia e assumir todos os papéis do Estado, o totalitarismo também conta com uma visão ideológica bastante específica. Buscando o elogio a períodos históricos “gloriosos” ou a fundamental ação de alguns “heróis nacionais” o regime totalitário preocupa-se em incutir a idéia de que sua ação política visa retomar um tempo de glórias e conquistas. Para legitimar tal visão entre os cidadãos, é costume controlar os meios de comunicação para propagandear suas idéias.
Os exemplos mais comuns desse tipo de governo foram vivenciados na Europa do pós-guerra, quando Alemanha e Itália foram controladas pelos governos nazista e fascista, respectivamente. Na União Soviética, esse mesmo tipo de regime também pode ser observado no período em que Joseph Stálin tomou conta do país, entre os anos de 1922 e 1953.
Apesar de poder ser observado por meio de características comuns, o totalitarismo também deve ser compreendido dentro das especificidades construídas em cada um dos países onde aconteceu. Além disso, a construção do totalitarismo não depende da derrubada completa de regimes de natureza democrática. Muitos regimes da atualidade mesclam dentro de suas democracias alguns elementos típicos de um governo totalitário.