Como já vimos na Revolução Americana, as colônias inglesas estavam divididas entre o Norte e o Sul. Mesmo com a independência dos EstadosUnidos, as diferenças políticas e econômicas entre os estados do norte e do sul permaneceram, o que acabaram por gerar a Guerra de Secessão.
No norte predominava a atividade comercial e o trabalho era realizado pelos brancos. No sul predominava a plantação de algodão e o trabalho era escravo.
Os sulistas tinham nas exportações de algodão para a Europa seu progresso econômico. A aristocracia do sul queria baixar tarifas de importação e exportação. Já a burguesia do norte, que pretendia formar um mercado interno forte, defendia uma política tarifária protecionista.
Nesse período, disputavam o poder duas tendências. Uma relacionada com os interesses do sul, defendendo a escravidão e medidas para facilitar a exportação de matéria-prima (principalmente algodão). A outra tendência era relacionada com os interesses do norte, querendo incentivo a produçãoindustrial e que se formasse um mercado interno.
O país se chamava Estados Unidos, mas só no nome, não na realidade. Os estados do sul e os do norte trabalhavam de maneira diferente, pensavam diferente, viviam diferente. No norte havia a lavoura em pequena escala, o transporte por navios, as manufaturas que cresciam - tudo produzido pelo trabalho do branco; no sul havia a monocultura, com o trabalho do negro. As duas divisões, tão diversas em sua maneira de viver, tinham que se separar. O comerciante, o industrial ou banqueiro do norte, ganhando força nova com a Revolução Industrial, tinha que se haver com as classes proprietárias de terras do sul. Essa luta se arrastou durante 60 anos, e finalmente eclodiu com a guerra civil. (...)
Todo estrangeiro que visitasse os Estados Unidos era alertado pela grande diferença que existia entre as duas regiões - sempre a favor do norte. Quando alguém saía do sul e entrava no norte, via uma grande alteração. Passava de uma atmosfera preguiçosa, sonolenta, para outra ativa, mais rápida; deixava para trás os campos abandonados e exaustos, com suas mansões caindo aos pedaços e entrava numa região de fazendas bem cuidadas, dirigidas com eficiência, além de cidades progressistas; esquecia-se da impressão causada pelos algodoais sem fim ao ver inúmeras fábricas, minas, canais, estradas de ferro, lojas, colégios e bancos. Enquanto os sulistas ricos tinham empregado todo o seu dinheiro em uma coisa só - o algodão, os nortistas de posses tinham empregado o capital em várias coisas diferentes - fábricas, minas, bancos, ferrovias. Enquanto que o capital sulino convertia-se em mais negros, ou numa vida de luxo, para um pequeno grupo de plantadores, o capital nortista era encaminhado para numerosos planos de negócios, que edificavam o norte e proporcionavam enormes lucros aos capitalistas.
Leo Huberman. Nós, o povo. São Paulo: Brasiliense, s/d.p.154-5.
A expansão territorial
Após a independência, os Estados Unidos cresceram com as imigrações dos europeus, que buscavam novas oportunidades. Houve um crescimento populacional significativo e conseqüentemente uma expansão territorial (de 1820 a 1860) com a incorporação dos estados da Flórida, Califórnia, Louisiana, Nevada, Utah, Arizona, Novo México e Oregon.
Em 1862 o Homestead Act permitiu a distribuição gratuita de terras aos estrangeiros, para estimular a ocupação dos territórios.
A interiorização da ocupação ocorreu com a marcha para o Oeste. A conquista para o oeste foi muito importante para a ampliação do mercado interno. Houve a ocupação de territórios indígenas (ocasionando a morte de muitos índios) e de países vizinhos. Esses novos conquistadores iam em busca de riquezas.
Quando houve a descoberta de ouro na Califórnia muitos deixaram seus empregos e com toda a família se aventuraram na travessia do oeste em busca de riqueza para melhorarem de vida.
Com toda essa expansão, a fronteira dos Estados Unidos estendeu-se até o oceano Pacífico, o que permitiu, através dele, estabelecer relações econômicas com os mercados orientais.
A escravidão
Para os abolicionistas do norte, a escravidão era um obstáculo à política capitalista industrial do estado do norte. Com isso eles pretendiam limitar a escravidão apenas aos estados do sul. Eles defendiam o trabalho assalariado, com mão-de-obra dos imigrantes europeus.
Para a aristocracia do sul o trabalho escravo era a base de sua agricultura. Os fazendeiros achavam que era impossível produzir riquezas sem o trabalho escravo.
Em 1815 houve a extinção do tráfico de escravos, que passaram a ser vendidos no contrabando.
Havia muitas divergências em relação a esse assunto. Uns achavam que deveria haver a abolição total da escravidão, já outros defendiam que cada estado deveria tomar sua própria decisão em relação a escravidão.
A questão política
Em 1860 ocorreu eleições para presidente da República. Até então, o comando político estava nas mãos dos sulistas, representado pelo Partido Democrata. Quem venceu as eleições foi o candidato do Partido Republicano, o abolicionista Abraham Lincoln.
Com uma eloqüência que nenhum presidente desde Jefferson jamais atingira, defendeu a preservação da União. "Os acordes místicos da merória", disse ele, "estendendo-se de cada campo de batalha e de cada sepultura de patriota até cada coração vivo e sadio em toda esta vasta terra, engrossarão o coro da União quando novamente tocados, como certamente o serão, pelos melhores anjos da natureza." Ao tentar tocar esses acordes, tranqüilizou o Sul, nos termos os mais claros, dizendo que não toleraria ato algum contra a escravidão nos estados onde ela já existia.
Sellers et alii.Uma reavaliação da história dos Estados Unidos.
Rio de Janeiro: Zahar, 1990.p.191
Apesar das promessas de Lincoln, os estados do sul se revoltaram e resolveram se separar da União. Inicialmente a Carolina do Sul e depois mais dez estados fizeram a separação da União e formaram os Estados Confederados da América, tendo Jefferson Davis como presidente da Confederação.
Apesar da desvantagem dos sulistas, pois o norte era muito mais forte militarmente e possuía uma população muito maior, no dia 12 de abril de 1861 a guerra começou. As tropas sulistas atacaram o forte Summer da União que ficava localizado na Carolina do Sul.
Durante a guerra
As tropas sulistas eram comandadas por Albert Sidney, Thomas Jackson e Robert Lee. Os sulistas conseguiram vencer algumas batalhas no início da guerra; faltavam bons estrategistas do lado do norte.
Durante o conflito o sul passou por dificuldades pois não conseguiam material necessário e dependiam financeiramente do norte. Houve um bloqueio no mar por parte do norte impedindo navios ingleses e franceses de trazerem material militar para as tropas sulistas.
No auge do conflito, Robert Lee com seus soldados sulistas tentaram atacar a Pensilvânia, centro industrial do norte, mas foram derrotados na Batalha de Gettysburg.
Em 1863, Lincoln decretou a abolição da escravidão.
Finalmente, a 1º de janeiro de 1863, baixou a Proclamação da Emancipação. Esse famoso documento, porém, não foi a medida de aplicação universal que freqüentemente se alega. Libertava apenas os escravos que viviam em áreas rebeldes - aqueles que, no momento, estavam fora do alcance da lei da União - e justificava o gesto, que era principalmente retórico, sob fundamentos de "necessidade militar". Só com o avanço dos exércitos da União é que a liberdade proclamada pelo documento tornou-se realidade para os escravos. E apenas em 1865, quando a Décima Terceira Emenda proibiu a escravidão em todo o país, é que a medida tornou-se parte da Constituição.
Sellers et alii, op. cit., p.197.
Em 1864 as tropas sulistas comandadas por Grand e Sherman conseguiram algumas vitórias.
Em 6 de abril de 1865, sem alimentos, armas e financeiramente arrasado, o sul rendeu-se. Era o fim da guerra, que deixou cerca de 600 mil mortos.
Fonte:
http://br.geocities.com/estudohistoria/secessao.htm