"Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer e se tiver sede, dá-lhe de beber, porque se isto fizeres, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". Antonio Conselheiro
O Nordeste brasileiro no final do século XIX não era muito diferente de hoje. Além de estar à mercê da seca e da fome, a população carente vivia em total abandono por parte das autoridades. Foi nesse quadro social, ideal para a disseminação do fanatismo religioso, que entrou em cena o beato Antonio Vicente Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro. Intitulando-se enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e os pecados republicanos, percorreu o sertão pregando transformações e profetizando o fim do mundo. Conseguiu conquistar uma legião de fiéis confiantes no seu poder de libertação da extrema pobreza em que se encontravam. E despertou a ira das autoridades e da igreja que, temerosos de seu poder de persuasão, acusavam-no de fonte do mal. Para refugiar-se com seus seguidores, em 1893, Antonio Conselheiro chegou ao arraial de Canudos, no interior da Bahia, área isolada e de difícil acesso onde começou a formar uma grande comunidade de pobres e maltrapilhos, com aproximadamente 30 mil pessoas.
Sem a habilidade necessária para contornar a situação, o governo da Bahia passou a repreender as práticas do grupo com a força policial. Eclodiram inúmeros, e cada vez mais violentos, conflitos, fazendo com que, exaurido, o governo baiano pedisse a interferência da República em 1896. Essa também encontrou dificuldade para conter os fanáticos. No início de 1897, foi necessário aliar às investidas do Exército um cerco militar que impedisse o grupo de sair em busca de alimento. Com a debilidade da comunidade, o massacre de Canudos passou a ser questão de tempo.
E no dia 22 de setembro acabava a saga de Antônio Conselheiro. Fragilizado fisicamente, morreu, segundo estudiosos, por estilhaços de uma granada. Considerado por renomados intelectuais da época como um desajustado mental, Antônio Conselheiro foi decapitado, depois de morto. E sua cabeça foi utilizada em estudos científicos.
Sem a égide de seu líder, em poucos dias, a comunidade de Canudos foi dizimada. O massacre foi tamanho que não foram poupados idosos, mulheres e crianças.
Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país. E simbolizou a descoberta de um mundo desconhecido para o próprio brasileiro: os sertões.
Fonte:http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php