Almirante Tamandaré (1807-1897

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• Almirante Tamandaré atuou em todos os conflitos do Primeiro Reinado, da Regência e do governo de D. Pedro II

Dos títulos que recebeu durante toda a vida, o de marinheiro era para Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, o de maior valor. Nascido na Vila São José, Rio Grande do Sul, em dezembro de 1807, teve na vida marítima do pai, Patrão-Mor do porto do Rio Grande, inspiração e estímulo para ingressar na Esquadra brasileira, aos quinze anos, como voluntário. Logo, ainda marujo, participava das lutas pela independência sob o comando do almirante inglês Lord Cochrane, enfrentando com destaque, nas águas da Bahia, sua primeira batalha. O empenho é reconhecido e Joaquim Marques recebe, das mãos de D. Pedro I, sua primeira condecoração. Antes dos vinte anos, e sem concluir os estudos na Academia de Marinha, é titulado segundo-tenente, depois de brilhante atuação no controle de revoltas no Nordeste brasileiro. Para provar que o posto lhe era justo, faz todos os exames do curso completo e é aprovado sem questionamentos.

Consolida-se como grande guerreiro do mar, assumindo, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), importante posição de comando. Chega a ser preso em combate contra a Argentina, na Patagônia, mas consegue fugir de maneira audaciosa. Dentro das fronteiras nacionais, luta na Guerra dos Farrapos. Na revolução Praieira (1848-1852), em Pernambuco, já na gestão de D. Pedro II, deixou diversas vezes o convés para lutar em terra, ao lado do Duque de Caxias, pela consolidação do Império. Em 1865, volta a combater ao lado do militar na Guerra do Paraguai, comandando a Esquadra Brasileira.

Dentre os feitos do Almirante Tamandaré, destaca-se o salvamento, ao lado de sua tripulação, da nau portuguesa Vasco da Gama, em meio a um furioso temporal, em 1849. Pelos serviços prestados à nação, é promovido a vice-almirante em 1856 e em 1867 torna-se efetivamente almirante. Em uma trajetória marcada por luta e êxito, Tamandaré atuou expressivamente em todos os conflitos do Primeiro Reinado, da Regência e do governo de D. Pedro II. A chegada da República o exime da reforma compulsória, mas Tamandaré recusa a exceção. Sua reforma é concedida, portanto, em 1890.

O reconhecimento à dedicação e ao heroísmo de Tamandaré, fizeram-no patrono da Marinha Brasileira. No Rio de Janeiro, morre em 1897, deixando em testamento um pedido expresso: “Como homenagem à marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o marinheiro”.

Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)