9.5.12

O Imperialismo Europeu no Irã


Por Cristiano Pereira dos Santos

No séc. XIX e início do séc. XX, o Irã passou a viver sob a influência, e às vezes controle efetivo, da Grã-Bretanha e da Rússia. Por volta de 1907, os dois países controlavam completamente o governo iraniano e dominavam o comércio do país. Confiante que a maioria dos líderes religiosos dos pais estava do seu lado, o Xá Mohammed Ali iniciou uma campanha de terror e violência contra o Majlis (corpo legislativo iraniano). O Xá ganhou apoio dos Russos e da Grã-Bretanha que via nessas reformas um nacionalismo preocupante e o não favorecimento de seus negócios e somado aos religiosos o Xá conseguiu acabar com a Revolução Constitucional que durou apenas 5 anos e foi uma tentativa frustrada de alinhar a tradição do País e a modernidade democrática Européia.



Em 1907, a Grã-Bretanha e a Rússia assinaram, em São Petersburgo, um tratado que dividia a Pérsia entre si. A Grã-Bretanha assumiria o controle das províncias do Sul, enquanto que a Rússia ficava com as do Norte. Uma faixa de terra entre as duas zonas foi estabelecida como neutra, significando isto que aí o governo persa poderia exercer a sua governança de forma autônoma, mas sem, contudo poderem ir contra os interesses das suas potências ocupantes.

Em 1917, após a Revolução Bolchevique, o governo russo renunciou à maioria dos seus interesses na Pérsia. Desde logo, os britânicos apressaram-se a preencher o vazio deixado pela nova URSS, e o petróleo afigurava-se como o centro dos seus interesses.

Os britânicos sabiam do alto valor que o petróleo possuía e em 1919 impôs novos acordos com o Xá que permitiram o controle e a supremacia britânica sobre diversos setores do país incluindo, o exército, as comunicações, o tesouro e os transportes públicos da persa.

Com essas ações do Xá somado a miséria enfrentada pelo povo os movimentos pró-reformas ganharam fôlego em varias parte do país, promovendo novamente uma ebulição nacionalista. A Dinastia Qajar manteve-se absoluta no poder até 1921. Nesse ano, um oficial coronel das Brigadas dos Cossacos (uma unidade altamente disciplinada e bem treinada, fundada por oficiais russos que tinha como função principal zelar pelos interesses dos estrangeiros e da Corte dos Qajars), chamado Reza Khan com apoio inglês e de setores internos incluindo aqui novamente os mullahs e os bazaares ricos, assumiu o poder por meio de um golpe militar. Em 1925, Reza Khan expulsou do país o último governante Qajar, se proclamou novo Xá fundando a dinastia Pahlevi e mudou seu nome para Reza Xá.

Em 1935, Reza Xá mudou o nome do país de Pérsia para Irã, mas seu desejo de modernização esbarrava sempre nos Ulemás e por isso ele buscou tirar-lhes o poder e a posição que esses líderes religiosos exerciam no país, sem qualquer tipo de diálogo criou-se tribunais seculares, com leis advindas do modelo europeu e decretou várias medidas que visavam minar a influência dos religiosos no processo educacional do país.

A dinastia Pahlevi sob a égide de Reza Khan afigurava-se um marco histórico e muito desejado na história da Pérsia. Não só a dinastia Qajar mostrara ser altamente destruidora do bem-estar econômico, político e social do país, como permitira ainda o completo desvirtuamento dos valores e recursos persas perante os interesses estrangeiros, sobretudo britânicos e russos. Desta forma, importam analisarmos mais atentamente quais foram às políticas de nacionalização e reforma de Khan como imediato antecessor do Xá Mohammad Reza.

Reza Khan tido como tirano e às vezes visionário foi responsável por uma ascensão de liderança do Irã no Oriente Médio e uma inserção no cenário Internacional. Internamente o Irã se desenvolveu num formidável programa de construção que deu ao país novas avenidas, praças, estradas, fábricas, portos, hospitais, edifícios governamentais, ferrovias e escolas, tanto para rapazes como para mulheres. Criou o funcionalismo público do país, e o primeiro exército nacional em séculos. Introduziu o sistema de mérito, o calendário moderno, o uso de sobrenomes, o casamento e o divórcio civil. Sempre pronto a desprezar a tradição, impôs restrições ao vestuário tradicional, e proibiu que as caravanas de camelos entrassem nas cidades. Promulgou códigos jurídicos e fundou uma rede de tribunais seculares.

O controle de Reza Xá sobre a nação com caráter de modernidade que tentava construir não durou muito tempo, com a chegada dos confrontos da Segunda Guerra Mundial na Ásia Central e com a invasão da Alemanha na União Soviética, automaticamente transformou o Irã, com seu petróleo e sua recém-construída Ferrovia Trans-iraniana, em pólo necessário e importante para os envolvidos na guerra.

Cristiano P. dos Santos, Bacharel em Relações Internacionais

Bibliografia
COGGIOLA, Osvaldo, A revolução iraniana, São Paulo: Ed. Unesp, 2008.
MARCOS, Del Roio A Mundialização Imperialista Prof. de Ciências Políticas FFC-Unesp / Marília. artigo publicado na Revista Lutas Sociais 1 sem de 2004.
SARAIVA, José Flávio sombra. Hist. das Ris contemporâneas da Soc. Inter. do Séc. XIX a era da da globalização, São Paulo: Ed. Saraiva, 2007.




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