Objetivo era 'aumentar a produtividade' dos prisioneiros.
Segundo autor, plano de Heinrich Himmler foi um fracasso.
Campo de concentração de Buchenwald (Foto: Carolina Iskandarian/G1)
Os nazistas obrigaram mulheres a se prostituir em um sistema de bordeis nos campos de concentração, visando elevar a produtividade entre os prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial, revela um livro recém-lançado.
O chefe de segurança de Adolf Hitler, Heinrich Himmler, montou os bordeis e criou um sistema de bônus que os prisioneiros dos campos podiam usar para comprar privilégios, como cigarros ou sexo.
"Himmler acreditava profundamente na potência sexual dos homens. Pensava que o uso de bordeis poderia forçar os homens a trabalhar mais", disse Robert Sommer, autor de "Das KZ-Bordell", sobre os bordeis dos campos de concentração, na Feira de Livros de Frankfurt.
O primeiro bordel desse tipo foi criado no campo de concentração de Mauthausen em 1942, e em seguida o programa foi levado a dez outros campos, incluindo os maiores, como Buchenwald, Dachau, Ravensbrueck, Sachsenhausen e Auschwitz.
O último foi criado em 1945, meses antes do término da guerra, para atender ao campo de Mittelbau-Dora, onde eram construídos foguetes V2.
"Himmler acreditou até o final que o sistema funcionaria, coisa que não correspondia à realidade", disse Sommer, que passou quase dez anos fazendo pesquisas para o livro em cerca de 70 arquivos diferentes.
Sommer conseguiu entrevistar alguns homens que frequentaram os bordeis, mas não conseguiu falar com nenhuma das mulheres convertidas em trabalhadoras sexuais.
A maioria das testemunhas dos crimes cometidos na Segunda Guerra Mundial já morreu. Mas o julgamento de John Demjanjunk, suspeito de ter sido guarda num campo de concentração e acusado de ajudar a matar 27.900 judeus durante a guerra, terá início no final de novembro.
Controle
Sob as rígidas leis raciais nazistas, os guardas da SS nos campos não podiam frequentar os bordeis, que também eram proibidos para os judeus e os prisioneiros de guerra russos, disse Sommer.
"Um prisioneiro alemão só podia procurar uma mulher alemã. Um prisioneiro polonês só podia ir a uma mulher polaca", disse o escritor à Reuters na feira anual de livros.
"Os campos estavam nos confins da sociedade, mas o controle era total."
A pesquisa de Sommer revelou que cerca de 200 mulheres foram usadas como trabalhadoras sexuais nos campos, em sua maioria alemãs, mas também algumas polonesas e ucranianas, além de uma holandesa.
Elas incluíam prisioneiras políticas e mulheres rotuladas pelos nazistas como "antissociais", como mendigas, desempregadas ou alcoólatras.
A SS recrutava mulheres que faziam trabalhos forçados, onde elas sabiam que não sobreviveriam muito tempo.
"A SS dizia às mulheres que, se se cadastrassem para trabalhar nos bordeis, seriam libertadas após meio ano. É claro que a promessa não era cumprida", disse Sommer.
"A partir do momento em que as prisioneiras tomaram conhecimento da mentira, a SS começou a selecioná-las à força."
Fonte: G1