Tarefas e Métodos da Geografia do Homem Por Friedrich Ratzel (1844-1904)
A Geografia do homem é uma ciência descritiva – Assim como toda a geografia, também a geografia do homem é principalmente uma ciência descritiva. O que significa, para se compreender exatamente, que esta não realiza um trabalho de investigação profunda. Consideremos que se o trabalho de descrição não basta para completar a obra de uma ciência, este é necessário porém para preparar suas conclusões. Não é uma falha para uma ciência ser descritiva, desde que ela não se limite exclusivamente ao trabalho de descrição, já que nesse caso a ciência não atingiria seus objetivos supremos; pois, quanto mais esta se detém nesse trabalho, tanto pior resulta sua obra. De fato, se não houvesse outro motivo para induzir uma ciência a sair do campo da pura descrição as próprias exigências desta deveriam impeli-la, pois entre todas as lições que a história da ciência nos fornece uma das mais importantes é exatamente esta, que à medida que os acontecimentos avançam, a descrição vai se tornando cada vez mais completa, mais profunda, mais intelectual e portanto mais clara. A propósito disto comparemos as descrições botânicas de Gesner e Rauwolf ou as descrições zoológicas de Linné com as descrições que se fazem atualmente com base em sistemas naturais e levando em conta a paleontologia e a embriologia.
Toda boa descrição presume o exato conhecimento do objeto que deve ser descrito, e, ao mesmo tempo, dos objetos afins mais ou menos próximos, com os quais esse tem muitas características em comum. Desse modo, uma vez conhecidas essas características, não é mais necessário refazer sua descrição a cada novo objeto; mas basta, em vez disso, designar o grupo afim para saber com segurança que características se encontram no objeto que a este pertence. Assim o nome resaceae evoca na minha mente uma família que apresenta as principais características da rosa. O nome do gênero rosa me recorda por sua vez um grupo mais limitado de características particulares existentes no interior daquela família; finalmente bastam pouquíssimas palavras para indicar as características da rosa canina. Do mesmo modo a frase: “Os gregos são um povo pertencente à velha civilização mediterrânea” é suficiente para evocar em nossa mente muitas características geográficas e étnicas. Por isso um bom trabalho descritivo pressupõe a existência de uma classificação, não contudo semelhante àquela que, movida por uma espécie de horror vitae, considera os povos separadamente do território que é sua base, e os estuda depois destacado da vida que os anima; nesse caso pode ocorrer que organismos importantíssimos na existência dos povos, como por exemplo as fronteiras, sejam considerados como simples linhas ou divisórias, e não como instrumentos vivos no desenvolvimento dos fenômenos máximos cujo teatro é a Terra.
Bibliografia
Moraes, Antônio Carlos Robert.(Org.). Ratzel. São Paulo: Ática, 1990.p. 94-95.
O autor reproduziu de Ratzel, F. Evoluzione dei concetti all’influenza Che lê condizioni naturali esecitano sull’umanità. In: Geografia dell’uomo [Anthropogeographie]. Turim, Fretelli Bocca, 1914. v. 1, parte 1.
Fonte:
http://ivairr.sites.uol.com.br/ratzel2.html