O homem do século XVI viu nascer o mercantilismo e isso acabou por transformar sua sociedade. O homem do período renascentista buscou a racionalidade, sendo a "descoberta" ou "achamento” de um Novo Mundo uma grande ruptura quanto à dimensão desse mundo novo, antes compactado entre o Oriente distante.
O pioneirismo do Estado Moderno Português
Portugal foi o primeiro país a buscar fora da Europa solução para os problemas que estava passando. A descoberta de um novo caminho marítimo para as Índias fez-se urgente, pois eliminaria a intermediação muçulmana no Mediterrâneo e o monopólio das cidades italianas, Gênova e Veneza, e do comércio oriental.
Observamos que Portugal se destacava dos demais países, pois era o lugar da perfeita movimentação de ideias. Com a Dinastia de Borgonha formou-se o estado nacional, e com a dinastia de Avis promoveu-se a expansão. Segundo Nobert Elias, a Nação lusitana tornou-se forte politicamente e foi o primeiro país europeu a constituir um Estado Moderno, dedicado à atividade comercial-marítima, assumindo práticas mercantilistas. Portugal percebeu rapidamente que o ocidente não se definia mais pela religião romana ou pela cultura latina, mas também pela liberdade política.
A economia, que era baseada exclusivamente na agricultura, perdeu importância para outras atividades. As cidades portuárias cresceram e com isso surgiram novas profissões, as pequenas indústrias artesanais começaram a expandir e a imprensa foi aperfeiçoada. Ocorreu uma significativa transformação social nas pequenas cidades, composta por mercadores, comerciantes e artesãos, as quais passaram a “desafiar” o poder dos nobres.
O homem lusitano começou a se redescobrir, mudar de valores e passou a ter uma nova visão do mundo e uma nova corrente de ideias, de novas sensibilidades, de novos costumes, de novas formas de fazer política. A ideia de que o destino estava traçado por forças superiores, a qual caracterizava o homem como ser passivo, foi substituída gradativamente pela convicção de que ele era o dono de seu próprio destino.
A expansão portuguesa foi toda projetada. Sua preparação foi resultado de um detalhado estudo que deu origem à ideia desenvolvida pela Escola de Sagres, de chegar às Índias contornando a África; e Portugal foi mais longe, não se comunicou somente com a Europa ou o Norte da África, mas experimentara outros espaços como o “Brasil”, a Índia e o Extremo Oriente. Neste contexto, a Nação lusitana abriu-se para um mundo novo, ou seja, para as novas terras. O que era tão distante, com a expansão marítima ficou muito próximo.
Como vimos, a unidade política portuguesa era forte; os reis eram bem assessorados, tinham informantes e contavam também com os relatos de viagens e assim sabiam com presteza onde navegar e aportar. As notícias que chegavam ao país certamente eram de cunho estrategista, informativo e faziam com que o rei acompanhasse, mesmo de longe, tudo o que se passava nas terras recém-descobertas e conquistadas por Portugal.
Ao contrário do que pensamos ou acreditamos, a política portuguesa era ardilosa e os acordos com outros territórios aliados ou dominados, bem preparados. A existência de condições políticas e institucionais favoráveis foi fundamental para o sucesso dessa empreitada. Assim, as constantes navegações possibilitaram aos portugueses perceberem novos espaços, realidades, comportamentos sociais e culturais. Essas também possibilitaram a vivência de realidades até então desconhecidas. As velhas concepções medievais conviveram com as novas tendências modernas, mas o Estado Medieval Lusitano despareceu lentamente diante do Estado Moderno Português.
Por Lilian Aguiar
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