1.4.12

Os Faraós do Sol

No Antig Egito, alguns faráos ficaram conhecidos como os Faraós do Sol. Esse título se refere aos monarcas vistos como rebeldes que instituíram um poder maior ao deus Aton e fundaram uma nova capital conhecida por Amarna. A capital do Antigo Egito no ano de 1353 a.C. estava localizada em Tebas, governada por Amenófis III. Esse faraó construiu um conjunto de monumentos em Karnak e Luxor, centros religiosos de deus Amon, considerado o patrono de Tebas. Amon significa ''oculto'', que com o passar dos tempos fundiu-se com o antigo deus sol ''Ra'' , tornando-se Amon-Ra. O próprio Amenófis III considerava-se filho de Amon , igualando-se mais tarde ao próprio deus. Devido a sua proeza de igualar-se a esse deus, começou a erigir monumentos à sua própria divindade. Com a morte do faraó Amenófis III, seu filho Amenófis VI casa-se com Nefertiti e iniciam uma revolução religiosa que desmontaria muitos séculos de tradição no Antigo Egito. Amenófis IV tinha como objetivo elevar Aton acima de todos os deuses do panteão egípcio, até mesmo acima de Amon , que por centenas de anos prevaleceu como deus soberano.

Mais tarde Amenófis IV mudaria seu nome para Akhenaton ("o que bem serve a Aton"). Akhenaton insistia em um deus supremo, um criador onipotente, que se manifestava à luz do sol. Via a si mesmo e a Nerfetiti como extensões desse deus e portanto também dignos de veneração. Para Akhenaton os raios de Sol eram as manifestações físicas de Aton.Como o deus dos egípcios passou a ser a luz do sol, eles não precisavam de estátuas em santuários internos e escuros. Assim construíram templos sem teto e realizaram seus rituais sob o sol. Houve um entusiasmo coletivo que tornou-se tangível na arte e na arquitetura. A religião que Akhenaton estabelecia rompia com mais de 100 anos de tradição artística, ordenando aos seus artistas que retratassem o mundo como ele realmente era, ou seja , em vez de representações clássicas de um faraó fisicamente perfeito matando seus inimigos, o novo soberano estabeleceu uma aparência muito mais realista a arte. Akhenaton liberou um furor criativo que deu origem a uma era que talvez tenha sido a mais requintada da arte egípcia. Revolucionou Tebas em seus quatros primeiros anos como soberano, pois mandou erguer quatro novos templos para Aton nas proximidades do templo de Amon em Karnak. Apesar da empolgação popular, esse faraó cultivou inimigos que eram contra as suas decisões. Essa fase foi decisiva para a mudança da capital para Amarna.O local escolhido para sua nova capital ficava a 280 km ao norte, sendo batizada com o nome de Akhetáton, que significa ''horizonte de Aton ''.

Arqueólogos pesquisaram durante duas décadas a vida econômica de Amarna, sendo que a descoberta mais importante foi uma coleção com cerca de 350 cartas diplomáticas escritas em tábulas de argila, achadas nas ruínas de uma construção, conhecida como casa do Faraó. As chamadas cartas de Armana fornecem um registro quase completo da correspondência entre a corte egípcia e vários governantes da Ásia Ocidental.Um dos correspondentes mais notável foi Tushratta, rei do estado Mesopotâmico de Mitani, um importante aliado que regularmente enviava filhas reais para o harém do faraó.A segunda esposa de Akhenaton, Kiya , pode ter sido uma dessas filhas reais de Mitani. Kiya gerou o único herdeiro do sexo masculino, conhecido por Tutankhamon.

Para Akhenaton sua principal preocupação era os assuntos religiosos , por isso não dava muita importância aos assuntos externos, ignorando as solicitações de Tushratta sobre os presentes prometidos por Amenófis III. A morte de Akhenaton aconteceu entre uma série de problemas religiosos e externos, após a morte de sua mãe e de duas outras filhas. Tutankhamon assumiu o poder cerca de quatro anos após a morte de seu pai . A maioria dos especialistas imagina que ele estava com 10 anos e que foi orientado por dois homens: o general Horemheb e um cortesão chamado Aye, talvez pai de Nefertiti. Esse fárao reconheceu Amon como rei dos deuses e em dois anos transferiu a capital religiosa de volta para Tebas. Logo os nomes de Akhenaton e seu deus foram erradicados e seus templos demolidos, com isso Amarna caiu no abandono gradualmente. O reinado de Tutankhamon foi curto, passando o poder para Aye que morreu três anos depois deixando o governo nas mãos de Horemheb, que fazia o possível para eliminar todos os registros da existência de Nefertiti e Akhenaton.O paradeiro da família real é uma controvérsia para os pesquisadores, pois encontraram apenas a múmia de Tutankhamon próxima de Akhenaton, mas a tumba de Nefertiti até agora não foi encontrada.
Fonte:  Revista National Geographic