Por Emerson Santiago
Paideia (παιδεία) é um termo do grego antigo, empregado para sintetizar a noção de educação na sociedade grega clássica. Inicialmente, a palavra (derivada de paidos (pedós) – criança) significava simplesmente “criação dos meninos”, ou seja, referia-se à educação familiar, os bons modos e princípios morais. Será na mesma Grécia que se inicia um modelo de educação com um sentido relativamente semelhante ao que se utiliza hoje.
Na verdade, os ideais educativos da paideia se baseiam em práticas muito anteriores. Os gregos serão os primeiros a colocar a educação como problema: na literatura grega surgem sinais de questionamento do conceito, seja na poesia, tragédia ou na comédia. Os Sofistas e depois Sócrates, Platão, Isócrates e finalmente Aristóteles elevarão o debate ao estatuto de uma importante questão filosófica.
Assim, em em meio à sociedade ateniense, “paideia” passa a se referir a um processo de educação no qual os estudantes eram submetidos a uma programa que procurava atender a todos os aspectos da vida do homem. Entre as matérias abordadas estavam a geografia, história natural, gramática, matemática, retórica, filosofia, música e ginástica.
Antes disso, o conceito que originalmente exprimia o ideal de formação social grego estava contido em outro termo, “aretê” (em grego, adaptação perfeita, excelência, virtude). Formulado e explicitado nos poemas homéricos, a aretê era entendida como um conjunto de qualidades físicas, espirituais e morais, atributo próprio da natureza (como por exemplo, a bravura, coragem, força, destreza, eloquência, capacidade de persuasão, enfim a heroicidade). O alargamento do ideal educativo da aretê surgiu ao fim da época arcaica grega (por volta dos séculos VIII e VII a.C.), traduzindo-se na expressão “kalos kagathos” (kalos = bom; kagathos = belo, ou o bom e belo, em grego) da qual deriva o termo kaloskagathia, ou, a grosso modo, o cultivo do bondade ou virtuosismo e da beleza, onde o homem era estimulado a alcançar a excelência física e moral além da honra e da glória.
A partir do século V a. C., o conceito de aperfeiçoamento do ser humano para o bem da sociedade como um todo segue em plena evolução. A noção agora vigente é que, para além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão, deixando de ser suficiente a simples e antiga educação baseada na ginástica, música e gramática.
O conceito acabado da paideia torna-se o ideal educativo da Grécia clássica. Com o tempo, passou designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além da escola. Até os dias de hoje seus ideais são imitados em praticamente todo o mundo, como um perfeito entendimento de formação social do ser humano.
A rotina de um aluno, respeitando os preceitos da paideia era basicamente este:
Acordar logo ao amanhecer, e com a ajuda do pedagogo, o jovem lavava-se e vestia-se;
Refeição matinal e logo após, ida à palestra, para as aulas de música e ginástica;
Banho e regresso à casa para o almoço;
Retorno à palestra à tarde, para lições de leitura e escrita;
Ida para casa, sempre na compania do pedagogo; estudo das lições, trabalhos de casa, jantar e enfim repouso.
Não haviam finais de semana ou férias, exceto pelos festivais religiosos ou cívicos;
Bibliografia:
Conceito de Paideia. Disponível em:
Acesso em: 22 jun. 2012.
Fonte: