As diferentes modalidades do bandeirantismo contribuíram para a interiorização do espaço colonial.
Após viver um período de relativa prosperidade, a capitania de São Vicente passou a enfrentar algumas dificuldades para empreender o desenvolvimento econômico da região. Primeiramente, a atenção dada à economia açucareira na região nordeste promoveu uma grave diferença de desenvolvimento entre as regiões. Logo em seguida, o próprio declínio do açúcar no mercado europeu contribuiu para o agravamento dos problemas naquela localidade.
Durante a União Ibérica (1580-1640) essas dificuldades se acentuaram com a expressiva diminuição de escravos africanos que pudessem empreender a execução das pesadas atividades a serem cumpridas. Foi nesse momento que várias expedições partiram da região de São Paulo com o objetivo de se embrenhar pelas matas à procura de índios que pudessem suprir a visível carência de mão de obra. Dava-se início ao desenvolvimento do bandeirantismo no Brasil colonial.
“Bandeira” era o nome dado a essas expedições compostas por centenas de pessoas, das mais variadas classes sociais, que passavam longos períodos enfurnados pela mata. Cada um de seus integrantes, conhecidos como bandeirantes, participavam dessa ação que com o passar do tempo se consolidou como uma rentável atividade econômica. Além de gerar lucros, o bandeirantismo se desdobrou em outras modalidades que atenderiam a diferentes propósitos.
O primeiro e mais conhecido tipo de bandeirantismo era conhecido como “bandeira de apresamento”. Nesse tipo de expedição, a busca por índios tinha como objetivo estabelecer comércio com os proprietários de terra interessados em explorar a força de trabalho deste tipo de “peça” que, em geral, custava vinte por cento do valor pago por um escravo proveniente da África. Os índios capturados das missões jesuíticas eram mais caros por estarem acostumados a uma rotina diária de serviço.
Não sendo organizada em separado, mas também fundando uma outra modalidade de atividade bandeirante, a “bandeira prospectora” saía em busca de produtos naturais comercializáveis (drogas do sertão) e de possíveis regiões onde poderiam ser encontrados metais e pedras preciosas. No fim do século XVII, esse tipo de expedição descobriu as primeiras regiões ricas em minério em Minas Gerais, Mato Grosso e, posteriormente, em Goiás.
Uma última e importante modalidade de bandeirantismo ocorreu graças à demanda dos grandes proprietários de terra e da própria Coroa Portuguesa. O chamado “sertanismo de contrato” era feito com o objetivo de combater populações indígenas que atacavam os centros coloniais e destruíam as comunidades quilombolas organizadas pelos escravos que escapavam das fazendas. Dessa forma, alguns bandeirantes eram utilizados como força de repressão contra aqueles que se opunham aos moldes da colonização.
8.8.09
Bandeirantismo
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