O sequestro do ônibus 174 é um episódio marcante da crônica policial do Rio de Janeiro, no Brasil. No dia 12 de Junho de 2000, às quatorze horas e vinte minutos, o ônibus da linha 174 (Central - Gávea) da empresa Amigos Unidos ficou detido no bairro do Jardim Botânico por quase 5 horas, sob a mira de um revólver, por Sandro Barbosa do Nascimento, vítima da antiga Chacina da Candelária.[1] Ao entrar no ônibus, Sandro só pretendia cometer um assalto. Algo, entretanto, deu errado e ele acabou ficando preso dentro do ônibus com seus onze reféns. Luciana Carvalho foi uma das primeiras que teve a arma colocada na cabeça. Sandro a levou para a frente do ônibus e queria que ela dirigisse o veículo. Foi ali que o seqüestrador fez o primeiro disparo, um tiro contra o vidro do ônibus, feito para intimidar os fotógrafos e cinegrafistas no local. Willians de Moura, que na época era estudante de administração, foi o primeiro refém a ser liberado, ficando outras dez pessoas que eram todas do sexo feminino. Após a liberação de Willians, Sandro apontou a arma na cabeça de Janaína Neves e a fez escrever nas janelas, com batom, frases como: "Ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com o diabo". Após um tempo, Sandro libera também uma mulher chamada Damiana Nascimento Souza. Damiana já tinha sofrido dois AVCs e, naquele momento, passou mal novamente tendo um terceiro derrame. Segundo uma reportagem da Revista Época, o derrame "deixou-a sem a fala e sem os movimentos do lado esquerdo do corpo. (...) Desde então, caminha com dificuldade, comunica-se por escrito e apenas dois motivos a fazem deixar a casa humilde, no topo do Morro da Rocinha: ir ao médico e depositar flores no cenário da tragédia". Um dos momentos de maior tensão foi quando o assaltante andou de um lado para o outro com um lençol na cabeça de Janaína. Segundo ela, Sandro afirmou que iria contar de um até cem, e quando chegasse no fim da contagem, ele a mataria. Sandro contava pulando os números e, ao chegar no número cem, fez a refém se abaixar e fingiu dar-lhe um tiro na cabeça. Após isso, fez ameaças: "delegado, já morreu uma, vai morrer outra". Momentos de tensão e diálogo fizeram cenário entre as reféns e Sandro por muito tempo. Às dezoito horas e cinqüenta minutos no horário de Brasília, Sandro decidiu sair do ônibus, usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Ao descer, um policial do BOPEtentou alvejar Sandro com uma submetralhadora e acabou errando o tiro, acertando a refém de raspão no queixo.[2] Geísa acabou também levando outros três tiros nas costas, disparados por Sandro. Com sua refém morta, Sandro foi logo imobilizado enquanto uma multidão correu para tentar linchá-lo. Ele foi colocado na viatura com outros policias segurando-o. Sandro foi morto por asfixia ali dentro. [3]Segundo sua tia Julieta Rosa do Nascimento, a assistente social Yvone Bezerra e a mãe Dona Elza da Silva (a única pessoa que participou de seu enterro), Sandro não era capaz de matar ninguém, mas de acordo com a polícia do Rio, Sandro tinha um comportamento nervoso e agressivo e chegou a quebrar o braço de um policial e morder outros ao tentar, supostamente, tirar uma arma deles. Após alegações de que a morte de Sandro foi ocasional, os policiais responsáveis pela morte de Sandro foram levados a julgamento por assassinato e foram declarados inocentes.[4] Em novembro de 2001, a linha 174 mudou de número para 158. Geísa Firmo Gonçalves foi enterrada em Fortaleza - CE, no cemitério do Bom Jardim. Seu enterro foi acompanhado por mais de 3.000 pessoas.[3] O caso foi retratado no documentário Ônibus 174, do diretor José Padilha, em 2002. Em 2008, foi retratado em formato de ficção pelo diretor Bruno Barreto, no filme intitulado Última Parada 174.
FilmeFonte: