11.8.09

OS PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO

UNIDADE II- OS PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO

1. As primeiras expedições; 2. Capitanias; 3. O governo geral; 4. O início da catequese; 5. As primeiras cidades;6. Manifestações iniciais da vida económica.

As primeiras tarefas de colonização portuguesa l no Brasil são aquelas que se referem aos trabalhos preliminares do reconhecimento e posse efetiva da nossa terra pelas primeiras expedições exploradoras.

A colonização de maneira sistemática foi tentada com a criação do sistema de capitanias que retalhou o Brasil no século XVI em 15 lotes, logo substituído pelo Governo geral, de carátcr centralizador. Tiveram os primeiros governadores de pôr em ordem a vida da colônia e protegê-la contra ataques estrangeiros. Os jesuítas nos trouxeram grande contribuição de ordem moral e religiosa pelo ensino e pela catequese, policiando os hábitos sociais dissolutos na incipiente sociedade colonial, além das tarefas habituais de proteção dos "brasis".

Já no século XVI as primeiras cidades delimitam a posse portuguesa no Brasil. São Vicente, Santos, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda são núcleos florescentes de colonização.

A extração do pau-brasil, o cultivo da cana-de-açúcar e sua industrialização progressiva são os elementos de fixação ao solo nas manifestações iniciais da vida económica.

1. As primeiras expedições

As primeiras expedições enviadas ao Brasil navegaram ao longo do litoral, entre o cabo de S. Roque e o Rio da Prata, na primeira metade do século XVI. Traziam finalidades diversas: exploração, reconhecimento, policiamento, colonização (esta última a partir de 1530). Em alguns casos realizam até mesmo as primeiras entradas no sertão.

As primeiras expedições foram de tonelagem reduzida e de pequena tripulação. O interesse imediato das riquezas em pedras e metais preciosos, especiarias e tecidos ricos que abundavam na índia e que ainda não haviam sido revelados no Brasil desviou para aquelas o melhor das atenções metropolitanas visto as declarações de Caminha, e Vespúcio especialmente.

A expedição de 1501. — A primeira expedição enviada ao Brasil compunha-se de três barcos sob o comando de André Gonçalves que trouxe consigo Américo Vespúcio e encontrou-se em Beseguiche, Cabo Verde, *com a frota de Cabral em viagem de retorno a Lisboa.

Esta foi a expedição batizadora dos acidentes do nosso litoral. Em 16 de agosto avistaram o cabo que denominaram S. Roque. Velejando para o sul foram dando nome aos outros acidentes encontrados, de acordo com o santo do dia. Assim a:

— Cabo de Sto. Agostinho.

— Rio São Miguel.

— Rio São Jerónimo.

— Rio São Francisco. Baía de Todos os Santos.

— Ilha de São Sebastião.

— Porto de São Vicente.

Atingiram em seguida Cananéia, de onde seguiram até o cabo de Santa Maria. Provavelmente teriam estado também, no Rio da Prata.

Américo Vespúcio:
(Segundo O. Daipper.)

A expedição de 1503. — Comandou-a Gonçalo Coelho e compunha-se de seis caravelas. Com ele vinha o mesmo Vespúcio das expedições anteriores e que se fizera experimentado piloto do Atlântico Sul. Passaram pela ilha de Santiago, em Cabo Verde, e a 10 de agosto descobriram uma ilha anteriormente encontrada por Fernão de Noronha. Ali naufragou a capitania e dividiu-se a frota: parte sob o comando de Vespúcio e parte sob o de Gonçalo Coelho, tratam de continuar a expedição independentemente. Vespúcio foi para a Bahia, ponto prefixado para a reunião, caso qualquer barco se desgarrasse.

Como Gonçalo Coelho não aparecesse, Vespúcio velejou para o sul até cabo Frio onde fundou uma feitoria de onde retornou a Portugal (18 de julho de 1504) com grande e valioso carregamento de pau-brasil.

Gonçalo Coelho, seguindo igual rumo, chegou mais ao sul, na baía do Rio de Janeiro, onde fundou uma feitoria.

A expedição de 1516-1519. — A ocorrência da pirataria francesa e espanhola que contrabandeava pau-brasil no nosso litoral exigiu. maior policiamento. Em 1516-1519 foi enviada por D. Manuel a primeira expedição de caráter militar, sob o comando de Cristóvão Jaques. Seu objetivo era apresar barcos piratas, afundá-los, tirar-lhes a carga, fazer prisioneiros, executá-los ou não. Cristóvão Jaques tratou especialmente da fortificação das feitorias já existentes de Cabo Frio, Rio de Janeiro, Santa Cruz e Iguaçu e teria velejado até mesmo no rio da Prata.

A expedição de 1526. — Comandou-a o mesmo Cristóvão Jaques da expedição anterior. Fundou feitoria em Itamaracá e policiou o litoral da Bahia e de Pernambuco, combatendo com grande energia a pirataria ali dominante. Destruiu naus, apossou-se de cargas, aprisionou e fez executartripulações.

A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA 1531-1532

Esta foi a primeira expedição colonizadora enviada ao Brasil e a que maiores resultados ofereceu. Sua missão correspondia ao propósito deliberado de D. João III de proteger seus domínios americanos sujeitos às incursões dos piratas de pau-brasil. A notícia de que franceses da nau "La Pèlerine" haviam dominado e ocupado a feitoria por-tuguêsa de Pernambuco e a nova de que João Ango recebera carta de corso na França determinam á imediata oportunidade desta expedição, cuja finalidade principal, além do eventual combate aos piratas, seria a fundação de núcleos de povoação regulares e permanentes,, aptos à vigilância e exploração das terras e capazes de prover seu desenvolvimento autónomo

A flotilha de Martim Afonso partiu do Tejo a 3 de dezembro de 1530 trazendo a bordo soldados, marinheiros, fidalgos, lavradores. Gonçalo Monteiro vinha com o título de vigário e era apontado como substituto do capitão-mor.

Mandou Diogo Leite explorar o litoral norte até a foz do Gurupi (abra de Diogo Leite), enquanto seguia viagem para o sulEm Pernambuco deu combate aos franceses, apresou-lhes as naus e destruiu-lhes a feitoria. Na Bahia, em Vila Velha encontrou Diogo Álvares, o Cara-muru, já identificado com a terra e que lhe prestou bons serviços. Velejou para o sul, detendo-se no Rio de Janeiro onde fundou uma feitoria, dali continuando no mesmo rumo até a foz do rio Chuí (onde se perdeu a capitânia). Enviou seu irmão Pêro Lopes de Sousa a explorar o Rio da Prata, o Uruguai e o Paraná. Pêro Lopes nos relata




( Martim Afonso de Sousa.
)
(Quadro existente na Galeria cios Governadores .
da Índia, em Goa.)

Padrão de Porto Seguro. (Reproduzido da "História da Colonização Portuguesa no Brasil".)

os sucessos da expedição no seu famoso Diário de Na
vegação.
|

De volta, em São Vicente, Martim Afonso fundou a Vila de São Vicente, no local onde anteriormente existia um povoado — Mercado dos Escravos. Foi a vila de São Vicente a primeira colónia regular criada no Brasil com fortim, alfândega, igreja, casa da câmara, cadeia, pelourinho; nomeou oficiais de justiça, procedeu à eleição de vereadores segundo o regime comum às vilas da coroa e às do Mestrado de Cristo.

Mais para o interior, fundou ainda a vila de Santo André da Borda do Campo de Piratininga, auxiliado por João Ramalho, naufrago, desertor ou degredado das expedições


Brasão de Martim Afonso de Sousa.

de 1501 ou de 1503, que ali se encontrava identificado com os tamoios, casado com Bartira, filha do chefe Tibiriçá e que foi primeiro alcaide de Santo André..

Em 1533 recebeu de João de Sousa cartas de D. João III que o informam de seu desejo de modificar o sistema de colonização, adorando o de capitanias que já oferecera bons resultados na África e na índia.

Resultados da expedição. — Martim Afonso recebeu por carta régia :os títulos de capitão-mor e primeiro governador das Terras do Brasil, com o direito de nomear substituto caso deixasse a terra. Introduziu a vinha e o trigo e desenvolveu a lavoura canavieira.

Explorou o litoral desde o Gurupi até o Prata, onde deixou padrões; perseguiu piratas em Pernambuco; fundou feitorias no Rio de Janeiro e as duas vilas, a de São Vicente e a de Santo André.

OUTRAS EXPEDIÇÕES

Além destas cinco expedições oficiais geralmente apontadas, realizaram-se outras de caráter particular além das armadas da índia que apenas tocaram o nosso litoral, como a armada de D. Afonso de Albuquerque, a de Tristão da Cunha. Outras ainda percorreram o litoral de passagem, para outros fins, como a de Fernão de Magalhães em 1518 e a de Solis em 1516.

Em 1503, veio ao Brasil uma flotilha armada por Fernão de Noronha. Em 1504, a nau francesa ‘l’Espoir’ partiu de Honfleur e chegou ao Brasil onde obteve grande carregamento de pau-brasil, sagilis, papagaios. Em 1511, veio ao Brasil a nau "Bretoa", com Marchioni, Morelli, Fernão de Noronha e Francisco Martins, arrendatários de pau-brasil. A nau. "Bretoa" possuía regimento especial. Partiu do Tejo a 22 de fevereiro, a 17 de abril fundeava na baía de Todos os Santos e a 26 chegou a Cabo Frio, término da viagem. Daí voltou para Portugal com um carregamento de 5000 toros de pau-brasil, 22 tuins, 16 saguis, 16 gatos, 15 papagaios, 3 macacos, 40 escravos.

QUESTIONÁRIO REFLEXIVO

1 — Qual a finalidade das primeiras expedições da época pré-

-colonial?

2 — Quais foram as principais expedições exploradoras?

3 — Qual o motivo da importância histórica da expedição de, 1501?

4 — Que resultados apresentou a expedição de 1503?

5 — Qual o caráter das expedições comandadas por Cristóvão

Jaques em 1516, 1519 e 1526?

6 — Quais as principais expedições particulares?


D. João III. (Pintura de Cristóvão Lopes, quadro existente no Museu de Arte Antiga de Lisboa.)D. João III - Cristóvão Lopes

7 — Qual a situação do Brasil ao terminar a fase pré-colonial?

8 — Qual o motivo da importância histórica de Martim Afonso

de Sousa?

9 — Quais os principais sucessos de sua expedição?

10 — O que nos lembra a data 1532 em nossa História?

11 — Quais foram os resultados imediatos da expedição de Mar-

tim Afonso de Sousa?

12 — Quais os náufragos, desertores ou degredados aqui encon-

trados por Martim Afonso de Sousa?

Sugestões para exercício de redação e exposição oral:

a) — O Brasil e a índia ao se iniciar o século XVI.

b) — Pirataria de pau-brasil no litoral e as primeiras feitorias de

colonização.

c) —Dados biográficos de Martim Afonso de Sousa.


2. Capitanias hereditárias

A necessidade de dar proteção permanente a seus domínios sul-amerieanos e a notícia da descoberta de minas levaram D. João III a modificar sua política colonial.

Foi D. Diogo de Gouveia, professor do Colégio Santa Bárbara em Paris e depois reitor em Bordéus, quem instou com o monarca e lhe mostrou a vantagem de se estabelecer no Brasil o sistema de capitanias hereditárias, já que a proteção das armadas guarda-costas e o arrendamento a particulares não apresentaram resultados satisfatórios.

O regime de capitanias foi instituído em 1534, mas desde 1532, em carta a Martim Afonso, confessara o rei sua intenção de retalhar o Brasil, de Pernambuco ao Rio da Prata, em capitanias de cinquenta léguas.

As capitanias feriam por limite o Atlântico e iriam morrer junto ao meridiano demarcador de Tordesilhas, do tratado de 1494, limite até então não fixado no terreno. Os donatários foram escolhidos entre a pequena nobreza de espírito aventureiro, que liquida seus haveres na Península e se transporta em bloco para o Brasil.

Direitos e deveres dos donatários. — As cartas de doação asseguravam ao donatário o direito de fundar vilas no litoral das costas e rios navegáveis; reconhecia-Ihes a posse das ilhas fronteiriças às suas terras dentro de uma faixa marítima de 10 léguas; poderiam dar terras de sesmaria (menos à mulher ou filho herdeiro) e nomear ouvidores e tabeliães. Assegurava-se-lhes, com certas restrições, jurisdição civil e criminal nas terras que lhes fossem doadas.

Os lucros dos donatários eram obtidos com a vintena do pau-brasil (declarado monopólio real), a redízima das rendas da coroa e do Mestrado de Cristo. Eram-lhes concedidas todas as moendas d’água e marinhas de sal, direito de portagem pago pelos barcos e navios, redízima dos direitos pagos pelos géneros importados, direito de venda de escravos, posse efetiva de 20 % das terras da capitania.

Direitos e deveres dos colonos. — Aos colonos era estabelecida pelas forais a obrigação de servir com seus filhos, agregados, escravos, ao capjtão em caso da guerra; o direito de pedir e receber terras de sesmarias (reservando o dízimo cobrado pelo Mestrado de Cristo); era-lhes permitido explorar minas e o pau-brasil dentro, da colónia; po-diam-se beneficiar do serviço do culto pago pelo rei.

O poder real fazia-se representar nelas pelos feitores, almoxarifes, escrivães, encarregados da arrecadação e a nomeação do vigário e capelão-mor. Era proibida a presença de corregedor ou outra qualquer representação da justiça real.

AS CAPITANIAS E SEUS DONATÁRIOS -Século XVI

As capitanias foram 12 no século XVI, embora divididas em 15 lotes distribuídos do litoral meridional de Santa Catarina até o Maranhão, perfazendo uma extensão de 735 léguas aproximadamente.

A primeira carta de doação pertence a Duarte Coelho e data de 1534.

A falta de energia e habilidade da maioria dos donatários, a precariedade dos recursos, a hostilidade permanente dos selvagens, a distância entre os núcleos de povoação e a distância destes à metrópole, constituíram as causas determinantes do fracasso do sistema entre nós.

Delas, prosperaram Pernambuco e São Vicente, em virtude da base económica encontrada no açúcar. Duarte Coelho, donatário de Pernambuco, que. ele mesmo denominou Nova Lusitânia, foi talvez o único tipo de grande agricultor que tivemos e isto explica de certo modo o seu sucesso.

DONATÁRIO

CAPITANIA

HISTÓRIA 8UMÀRIA

Pero Lopes de Sousa

Obteve 3 quinhões:

Santo Amaro, Sant’

Ana e Itamaracá.

Carta de doação e foral de 6 de outubro de 1534. As Terras de SanfAna não foram colonizadas. A capitania de Santo Amaro foi fundada na ilha do mesmo nome. E em Itamaracá o Povoado da Conceição. Em 25-1-1554, em terras desta capitania., fundam os jesuítas o Colégio de São Paulo, núcleo da atual cidade do mesmo nome.

Marfim Afonso de Sousa.

São Vicente (100 16-. guas), do Curupncé (Juquiri-quiré) até o Maoaé (com a capitania de Santo Amaro encravada entre São Vicente e o Ju-

quiri-quiré). i

Posse confirmando a carta régia de 20 de novembro de 1530, pela foral de 6 de outubro de 1534. O donatário partiu para Portugal deixando em seu lugar o padre Gonçalo Monteiro e entregando o governo das armas a Pero Góis c Rui Pinto. Resistiu aos espanhóis e aos ataques dos tupinam-bás. Em 1540, Brás Cubas, secretário de Martim Afonso, fundou a vila de Santos, fortificou a Bertioga.

Pero de Góis.

São Tomé, depois

Paraíba do Sul (30

léguas); de Macaé a

Itapemirim.

Foral de 6 de outubro de 1534. Em 1510 o donatário fundou ãs margens do Rio Paraíba a vila da Rainha. O ataque dos índios na ausência do donatário e a falta de recursos levam o capitão a abandoná-la em 1546, voltando mais tarde ao Brasil com Tomé de Sousa,, como capitão-niôr da costa

DONATÁRIO

CAPITANIA

HISTÓRIA SUMÁRIA

Vasco Fernandes Coutinho.

Espírito Santo (50

léguas). Do Itapc-

mirim ao Mucuri.

Carta e foral de 7 de outubro de 1534. Foi fundada a povoação do Espírito Santo, atual Vila Velha, e a vila de N. S. da Vitória. Além das hostilidades do’ gentio, seu desregramento administrativo concorreu para o malogro do empreendimento.

Poro do Campo "Lourinho.

Porto Seguro (50 léguas). Do Mucuri a Ilhéus.

Carta, e foral de 27 de maio de 1534. Foram fundados os povoados de Porto Seguro e Santa Cruz no local já visitado por Cabral em 1500. A capitania prosperou graças ao pescado, à lavoura canavieira e à fabricação de açúcar.

Jorge Figueiredo Corroía.

Ilh6ua (50 léguas). De Ilhéus à Bahia.

Carta e foral de 1 de abril de 1535. Nesta capitania malograram-se todas as tentativas de colonização.

Francisco Pereira

Coutinho.

Bahia (60 léguas).

Da Bahia até a foz

do São Francisco.

Foral de 26 de agosto de 1534. Antigo herói da índia, foi infeliz na luta contra os tupin ambas, que acabaram por trucidá-lo quando voltava de Porto Seguro, onde se refugiara. Desenvolveu o primitivo núcleo fundado por Caramuru em Vila Velha.

Duarte Coelho Pereira.

Pernambuco (Nova Lusitânia) (60 léguas). Da margem direita do São Francisco até a foz do Iguaraçu.

Foral de 24 de outubro de 1534. A capitania por êle chamada. Nova Lusitânia alcançou grande prosperidade graças à lavoura canavieira e à indústria açucareira. O donatário fundou

(Continua)

(Continuação)

DONATÁRIO

CAPITANIA

HISTÓRIA SUMÁRIA

as vilas de Olinda c Iguaracu, guerreou com sucesso os caetos, aliou-se aos tabajaras; administrou com probidade, alcançando excelentes resultados.

António Cardoso de Barres.

Ceará (40 léguas).

Desde a Angra des

Negros até a foz do

rio da Cruz.

Carta de doação de 20 de novembro de 1535. Não houve, ao que parece, qualquer tentativa, de colonização

João de Barres, Aires da Cunha, Fernão Alvares de Andrade.

Maranhão (75 léguas). Do Rio da Crua até o cabo de Todos, os Santos, junto à bafa de São Marcos.

Foral de 11 de março de 1535. João de Barros, autor dae "Décadas", feitor da Casa da índia, associou-se a Aires da Cunha e Fernão Álvares. Organizaram aparatosa expedição que tocou em Pernambuco e pretendeu fundar um núcleo de povoação no Ceaiá-Mirim, on:le foram alcançados pelos potiguaras. Uma tempestade desfez a frota. Aires da Cunha desapareceu no temporal. Foi fundada a vila de Nazaré, na ilha do Maranhão.

QUESTIONÁRIO REFLEXIVO

1 — Quando foi instituído no Brasil o sistema de capitanias hereditárias?

2 - Que ligação existe entre D. Diogo de Gouveia e a nova política colonial?

3 – Qual o critério adorado para a divisão dos lotes?

4 – Quais os direitos e deveres dos donatários de acordo com as

cartas de doação e as forais? 5 – Quais os direitos e deveres dos colonos?

6 — Que vantagens e desvantagens apresentou o sistema?

7 — Quais as causas que mais contribuíram para a ineficácia deste tipo de colonização?

8 — Quais as capitanias que. lograram prosperidade?

Sugestões para exercício de redação e exposição oral:

a) — D. João IIl e a colonização.

b) — Duarte Coelho e a capitania de Nova Lusitânia.

c) — Houve alguma identidade entre o sistema de capitanias e o regime feudal?

3. O governo geral

Em 1549, sem se extinguir o sistema anterior de administração do Brasil, D. João 1,11 criou o governo geral do Brasil, transformando as antigas capitanias hereditários cm capitanias da coroa. Oito reverteram por compra, uma por confisco e uma por desistência.

Determinou este ato a comprovada ineficácia do sistema aplicado à nossa terra. Vinha-se assim corrigir, com a unificação de governo, a descentralização provocada pelas cartas de doação e forais que transformavam as capitanias entre si em verdadeiros estados estrangeiros.

Órgãos do governo geral. — O governo geral era exercido por um capitão-mor nomeado pelo rei com amplos poderes para administração civil e militar; um provedor-mor encarregava-se da fazenda e a um ouvidor-mor estava afeta toda a justiça. Havia ainda o capitão-mor da costa.

A sede escolhida para o governo foi a Bahia, envian-do-se às outras capitanias os delegados do governador. As três autoridades tinham autonomia completa sujeitas, no entanto, à cooperação.

O 1.° governador geral (1549-1553). — Foi nomeado 1.° governador geral do Brasil Tomé de Sousa, nobre fidalgo da Casa Real que desembarcou na Bahia, em fins de março de 1549, com soldados, degredados, artifices, colonos e 6 jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. Trouxe como ouvidor-mor Pêro Borges de Sousa,, como provedor-mor António Cardoso de Barros, e como capitão-mor da costa Pêro Góis da Silveira.

Tomé de Sousa fundou na Bahia a cidade do Salvador, inaugurada solenemente a 1.° de novembro de 1549. Nela levantou a Casa dos Governadores, a Casa. da Câmara, a Matriz, o Colégio dos Padres, a Cadeia, a Sé para o futuro bispado que se iria criar pe.a bula de 25 de fevereiro de 1551. Foi nomeado primeiro bispo da diocese do Salvador D. Pêro Fernandes Sardinha que morreu devorado pelos caetés após um naufrágio, quando voltava a Lisboa.

Tomé de Sousa introduziu na Bahia gado de Cabo Verde, que prolificou rapidamente. Fiscalizou a administração das capitanias enviando o ouvidor em viagens frequentes. Certificou-se pessoalmente do estado das capitanias do sul. Esteve no Rio de Janeiro e em São Vicente, onde construiu a fortaleza da Bertioga. Elevou Santo André à categoria de vila, confirmando em seu governo João Ramalho.

Em 1553 retirou-se do governo a pedido, sendo substituído por Duarte da Costa.

O 2.° governador geral (1553-1557). — O 2.° governador D. Duarte da Costa desembarcou na Bahia em julho de 1553. Com ele veio ao Brasil novo grupo de 16 jesuítas, entre eles Luís da Grã e o noviço José de Anchieta.

Faltou ao novo governador energia e interesse na administração. As rivalidades campearam em Salvador, entre partidários do. governador e do bispo. D. Álvaro da Costa, filho do governador, fez-se notável pelo mau exemplo.

Os jesuítas transpuseram a serra do Cubatão, em São Vicente, pela trilha aberta pelos tupiniquins, chamado caminho dos índios, depois caminho do Padre, caminho do Mar (Estrada do Mar e Via Anchieta de nossos dias) e em 25 de janeiro de 1554 fundaram no planalto de Pirati-ninga o Colégio de São Paulo, núcleo da atual capital paulista.

Franceses no Rio de Janeiro. — A tentativa de criar um estabelecimento francês no Rio de Janeiro em 1555 não tem importância maior, em nossa história, que um simples episódio de tentativa de ocupação do litoral, resumindo-se num precário estabelecimento ao qual alguns historiadores patrícios denominam França Antártica..

Em 1555, armadores franceses, contando com o auxílio real, encarregam Nicolau Durand de Villegaignon, almirante do Mar da Bretanha e Cavaleiro da Ordem de Malta, de comandar uma expedição destinada a fundar um núcleo francês no Atlântico sul, destinado a fins comerciais.

Villegaignon partiu do porto de Brest e chegou ao Brasil em novembro de 1555. Instalou-se no ilhéu da Guanabara denominado Seregipe pelos naturais, levantando neste local o forte de Coligny. Soube conquistar o respeito e a amizade dos naturais que o chamavam de Pay-Colas. Em 1559, desgostoso com seus comandados, entre os quais gosava de pouca popularidade pelo rigor da disciplina e excessos de zelo puritano, Villegaignon voltou para a França, entregando o comando a seu sobrinho Bois le Comte, que chegara anteriormente com reforços.

O 3.° governador geral (1557-157*). — Mem de Sá, desembargador da Casa da Suplicação de Lisboa, sucedeu a Duarte da Costa no governo geral do -Brasil, em 1557, data que nos lembra também a morte de D. João III, passando Portugal à regência de D. Catarina d’Áustria, na minoridade de D. Sebastião.

O Brasil em 1557* — Ao iniciar seu governo, Mem de Sá encontrou já em franco progresso vários núcleos litorâneos (Salvador, Recife, Iguaraçu, Cabo Frio, São Vicente, Santos), com igreias, alfândega, colégios dos jesuítas em Salvador, na Bahia, e São Paulo de Piratininga, no planalto paulista. Os franceses calvinistas continuavam instalados no Rio de Janeiro. Armadas de guarda-costas perseguiam a pirataria de pau-brasil, lucrativo comércio da colónia entre o cabo de São Roque e Cabo Frio. Canaviais e usinas de açúcar enriqueciam Pernambuco e São Vicente. O sertão ia aos poucos se revelando pelas primeiras entradas. A moral dos colonos começou a sentir a ação reformadora dos jesuítas pelo exemplo e pela pregação.

Fundação da Vila de Santos

Fundação da Vila de Santos.

(Painel central representando o capitão Brás Cubas lendo o foral da Vila, inaugurando o pelourinho do pátio da Casa do Conselho. Este belíssimo trabalho é de autoria do pintor brasileiro Benedito Calisto e encoritra-se na Bolsa do Cale de Santos.)

Criou-se a província da Cia. de Jesus, sendo Nóbrega o 1,° provincial.

Estavam abalados os laços entre a autoridade civil e a religiosa por desmandos de Duarte da Costa.

Mem de Sá, nomeado por carta regia de 23 de julho de 3556, com vencimentos de 600$000 anuais, chegou à Bahia em 1557, iniciando logo enérgica açãó moralizadora. Iniciou a reaproximação com os religiosos colaborando com os jesuítas e o novo bispo da diocese, D. Pedro Leitão. Pacificou os índios da Bahia, dominou os aimorés de Porto Seguro, os tupiniquins de Ilhéus e os goitacâs do Espírito Santo.

O seu governo," além do progresso, de sábia e enérgica administração, fêz-se notável pela consolidação da soberania portuguesa com a expulsão dos franceses da Guanabara, pela fundação de novo núcleo meridional, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e pela pacificação dos tamoios, obtida graças à colaboração de Nóbrega e Anchieta no chamado Armistício de Iperoig.

Expulsão dos franceses. — Pacificada a Bahia e postos em ordem os problemas da administração no norte, Mem de Sá dirigiu-se ao Rio de Janeiro para desalojar os franceses, fortificados no ilhéu Seregipe (atual ilha de Vil-Jegaignon), comandados por Bois le Comte desde 1559, com a partida de Villegaignon para a Europa.

Mem de Sá, em 1560, atacou-lhes por mar o forte de Coligny, naquela ilhota, e venceu-os após 3 dias de fogo, destruindo-lhes as instalações, mas não pôde firmar ali o domínio português por faita de um núcleo permanente.Os franceses, internados no litoral entre seus amigos tamoios* excitaram-nos contra os vencedores e continuaram a exercer grande influência local. Reúnem-se então os tamoios em confederação.

Fundação do Rio de Janeiro. — Estácio de Sá, sobrinho do governador e nomeado càpitão-mor em 1564, reuniu elementos entre a população da Bahia, goitacâs do Espírito Santo, e fundou, a l.° de março de 1565 um arraial no Rio de Janeiro, na restinga existente entre o morro Cara de Cão (São João de hoje) e o Pão-de-Açúcar, o primeiro núcleo da futura cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Protegeu-o com palissadas, fortificou-o, artilhou o povoado, nivelou o terreno, derrubou matas, iniciou plantação. Construíram-se casas de taipa e pau a pique cobertas de palha ou telhas vindas de São Vicente. Levantou a Casa da Câmara e uma capela do Santo Mártir São Sebastião. Nomeou oficiais, ouvidores, vereadores, juízes. Francisco

CapitaniasOs primeiros núcleos de povoamento do litoral brasileiro no século XVI.

Dias Pinto foi o nosso primeiro alcaide e Pedro Martim Namorado, o primeiro presidente do Conselho. Deu terras de sesmarias, criou armas da cidade (um molho de setas), consagrou-a a São Sebastião.

Resistiu ali, durante dois anos, às sortidas dos índios e aos ataques dos franceses até receber reforços de Mem de Sá, em 19 de janeiro de 1567. A 20 venceu os tamoios e os franceses no forte de Ibiraguaçu-Mirim, na foz do rio Carioca, próximo ao morro da Glória, e na ilha de Para-napecu (Governador de hoje), vitória esta de que resultou a expulsão definitiva dos franceses.

Ararigbóia, chefe goitacá de grande valor, viera com sua gente do Espírito Santo e tornou-se senhor da Praia Grande (Niterói) pelo inestimável auxílio que prestou aos portugueses.

O jovem guerreiro Estácio de Sá morreu em resultado de uma flecha ervada que lhe atingiu o rosto. Mem de Sá abandonou o primitivo local do arraial que passou a chamar-se Vila Velha e no Morro de São Januário, depois chamado do Castelo e hoje arrasado (de onde a esplanada do Castelo de nossos dias), construiu os edifícios públicos que serviram de sede ao novo governo àa cidade: Palácio do Governador, Casa da Câmara, Alfândega, Armazém da Fazenda Real. Construiu-se a Sé e o Colégio dos Jesuítas e depois a Sta. Casa de Misericórdia. A cidade ocupava a área compreendida entre o morro do Castelo e ode São Bento.

Fortificou a cidade no alto do Castelo, empossou o novo alcaide Francisco Dias Pinto, fez novas nomeações de ouvidor, provedor, juízes e escrivães. Mandou vir colonos reinóis, introduziu gado de Cabo Verde e Madeira, concedeu sesmarias, pacificou os tamoios.

Entregou"o .cargo de governador do Rio de Janeiro a seu sobrinho Salvador Correia de Sá e retirou-se para a Bahia.

Em retribuição dos leais serviços prestados, Ararigbóia recebeu como sesmaria as terras situadas entre São Lourenço e Icaraí. Foi mais tarde batizado com o nome de Martim Afonso de Sousa.

A pacificação dos tamoios* — Excitados pelos franceses de que se fizeram amigos (os "mair", como eram chamados contra os "peró" portugueses), os tamoios uniram suas tribos e dispuseram-se a hostilizar os portugueses, guerreando-os em Santo’Amaro e São Vicente, chegando a atacar São Paulo com sucesso depois de ter dispersado os colonos de Piratininga que os acometeram.

Para a defesa de São Paulo contra os confederados contavam os jesuítas com o apoio dos índios já catequizados de Piratininga, chefiados então por Martim Afonso Tibiriçá. Uma expedição punitiva chefiada por Fernão de Sá, enviada por Mem de Sá em auxílio de São Vicente, foi destroçada após pequenos sucessos nos primeiros encontros em Cabo Frio, no rio Ciraré.

A iniciativa das negociações de paz coube aos Padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, este último conhecedor do tupi. Dirigiram-se os dois sacerdotes para Iperoig onde discutiram os termos da pacificação. Enquanto Nóbrega partia com Cunhambebe, chefe tamoio e partidário da paz, para São Paulo a fim de consultar outros chefes, Anchieta ficou entre os tamoios, como refém. Isolado na’ praia enquanto aguardava’ a volta de Nóbrega, escreveu na areia seu famoso poema latino à Virgem Maria, que conseguiu gravar na memória. O chamado armistício de Iperoig foi obtido em 1563.

Morto Mem de Sá em 1572, resolveu a coroa portuguesa dividir o Brasil em dois governos, um sediado ao norte, na cidade do Salvador, na Bahia, e outro ao sul, em S. Sebastião do Rio de Janeiro. Para o norte foi nomeado D. Luís de Brito e Almeida e para o sul D. António Salema.

António Salema deu combate aos índios de Cabo Frio, ainda instigados pelos franceses, destruindo-lhes as fortificações, e dominou soberano o trecho de litoral entre o Rio e Macaé. Pesquisaram-se minas desde a Bahia até o Espírito Santo (expedição de António Dias Adorno no rio Caravelas e de Sebastião Fernandes Tourinho na Serra do Espinhaço e Braz Cubas em Santos).

D. Luís de Brito e Almeida pretendeu avançar para além do rio Real, ao norte da Bahia, e anexar as terras que iriam constituir futuramente a capitania de Sergipe, mas foi infeliz em sua iniciativa embora destruísse as reduções indígenas ali existentes.

Verificados inconvenientes na fragmentação administrativa do Brasil em dois governos resolveu a coroa, após a morte de D. Luís de Brito e Almeida, pela carta régia de 12 de abril de 1577, nomear Lourenço da Veiga "capitão-mor da Bahia e governador da dita capitania e de todas as mais terras e capitanias do Brasil". Restaurou-se assim a centralização administrativa embora, dada a distância em que se encontrava da sede governamental, fosse nomeado governador do Rio de janeiro Salvador Correia de Sá, suieito à autoridade daquele governador. Para atender ainda a problemas locais de administração religiosa, as capitanias do sul receberam relativa autonomia com a nomeação de um administrador eclesiástico (o 1.° foi o bacharel Padre Bartolomeu Simões Pereira), agindo independentemente.da diocese da Bahia.

O BRASIL SOB O DOMÍNIO ESPANHOL

Em 1578. D. Sebastião, levando lança portuguesa a África numa última cruzada contra os sarracenos, desapareceu nas areias de Alcácer Quibir. Criou-se assim uma crise de sucessão, pois o jovem rei não deixara descendentes. O trono coube afinal a seu tio o cardeal D. Henrique, que governou até 1580, data em que faleceu sem deixar sucessor.

Filipe II de Espanha, invocando direitos sobre a coroa vacante por seu parentesco com Isabel de Portugal e com D. Manuel de quem era neto, reclamou Portugal como seu domínio. Os patriotas portugueses apressauamente aclamam rei a D. António, Prior cio Crato, que teve atinai de ceder à pressão diplomática e militar do rei de Espanha. Filipe II, pela vitória de Alcântara obtida pelo duque d’Alba e pelas resoluções dos Conselhos de Tomar que votaram a favor da anexação, acrescentou a coroa portuguesa a seu vasto império. A presença da dinastia d’Austria em Lisboa é chamada época dos fllipes, ocupação filipina e terminou em 1640 com a restauração, sendo sagrado rei da nova dinastia de Bragança o duque D. João, que ocupou o trono sob o nome de D. João IV de Portugal.

Deste modo passou o Brasil à situação de colónia de Espanha.

Os fatos mais importantes desta fase foram a expulsão dos franceses do Maranhão, as guerras flamengas e a conquista do Norte.

GOVERNADORES DO BRASIL DURANTE O DOMÍNIO ESPANHOL

Manuel Teles Barreto…………………………………………… …. -1583-1587

Junta: António Barreiros e

Cristóvão de Barros . …………………………….. ….. 1587-1591

D. Francisco de Sousa ………………………………………….. ….. 1591-1602

Divisão do Brasil cm 2 governos:

D. Diogo de Menezes, no norte . . . . . . . 1608-1612

D. Francisco de Sousa, no sul . . . . . . . . 1608-1611

D. Luís de Sousa (Henriques), no sul…………………………… l611-1612

Nova unificação do governo:

Gaspar de Sousa…………………………………………………. . 1612-1616

D. Luís de Sousa (conde do Prado)……………………………… 1616-1621

D. Diogo de Mendonça Furtado…………………………. 1621-1625

Matias de Albuquerque ………………………………………. 1625-1626

Diogo Luís de Oliveira…………………………….. . . . 1626-1635.

Pedro da Silva………………………………………………………….. .. 1635-1639

D. Fernando de Mascarenhas, conde da Torre . . 1639-1640
D. Jorge de Mascarenhas, marquês de Montalvão,

1.º vice-rei do Brasil…………………………………………………. 1640-1641

QUESTIONÁRIO REFLEXIVO

1 — Que nos lembra a data 1549 na História do Brasil?

2 — Quais os órgãos do governo geral?

3 — De que recursos dispunha Tomé de Sousa para iniciar a colonização?

4 — Quais os sucessos mais importantes da administração do primeiro governador geral?

5 — Quais as datas extremas do governo de Duarte da.Costa?

6 — Que resultados apresentou seu governo?

7 — Qual o motivo da importância histórica de Nicolau Durand de Villegaignon?

8 — Quais as datas extremas do governo de Mem de Sá?

9 — Qual a situação do Brasil em 1557?

10 — Quais os principais sucessos deste governo?

11 — Que nos lembram as datas 1." de março de 1565 e 20 de janeiro de 1567?

12 — Como conseguiram os portugueses expulsar os franceses do Rio de Janeiro?

13 — Que foi a chamada Confederação dos Tamoios?

14 — Como foi obtido o armistício de Iperoig?

15 — Qual o motivo da importância histórica de Ararigbóia?

Sugestões para exercício de redacão e exposição oral:

a) — O início da catequese.

b) — Causas próximas e remotas da tentativa de colonização fran-

cesa na Guanabara.

c) — Fundação da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro.

d) — Os Sá (Mem, Estácio e Salvador).

e) — O Brasil sob o domínio espanhol.

4. O início da catequese

A missão dos jesuítas na colonização do Brasil tem sido devidamente apreciada por elementos não católicos, insuspeitos portanto, e que no seu habitual cepticismo encontram expressões elogiosas para encarecer sua obra entre nós. Foi sobretudo um elemento de moralização em nossa incipiente sociedade colonial, sujeita aos vícios, às corrupções, à má fé. Além deste papel moralizador junto ao colono, de outra tarefa gigantesca se incumbiram — a evangelização do gentio pelo ensino do catecismo cristão e a elevação intelectual com o desenvolvimento do ensino em três graus nas suas famosas Casas e Colégios. Interpuseram-se entre os índios e a cobiça dos colonos, protegendo-os nos seus aldeamentos contra a tentativa de escravização.

Não passou despercebida a D. João III a vantagem de se enviar jesuítas ao Brasil para a evangelização do gentio. Os primeiros aqui chegados com esta missão (Azpílcueta Navarro, Leonardo Nunes, António Pires,* e os irmãos Diogo Jacomo e Vicente Rodrigues) aportaram à Bahia com Tomé de Sousa, chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega que foi, já em fins de 1553, o primeiro provincial do Brasil.

Construíram em Salvador a primeira casa e colégio da Companhia. Pouco mais tarde Nóbrega enviou a São Vicente o Padre Leonardo Nunes que ali fundou novo colégio, o segundo no Brasil. No governo de Duarte da Costa, a 25 de janeiro de 1554 José de Anchieta fundou no planalto de Piratininga, entre os vales do Tamanduateí e Anhangabaú o terceiro colégio a que denominou Colégio de São Paulo, alastrando-se rapidamente o núcleo da capital paulista de nossos dias.

Após a pacificação dos tamoios em 1563, Anchieta é enviado por Nóbrega para auxiliar Mem de Sá no Rio de Janeiro, onde fundou uma igreja no morro do Castelo e em 1567 já funcionava o Colégio do Rio de Janeiro, o quarto, entre 1549 e 1567. Sucedem-se outros.

O ensino e a catequese. — É impossível dissociar estas duas atividades jesuíticas já pela própria natureza das duas funções, já pelas exigências de ordem prática que representam. Colégio e aldeamento são inseparáveis.

A pedagogia jesuítica foi codificada em 1599 pelo geral paclre Cláudio Aquaviva no "Ratio Studiorum".

Nos aldeamentos de índios catequizados cultivavam–se mais metodicamente, com os recursos da lavoura europeia, as espécies botânicas indígenas de valor alimentício: milho, mandioca, inhame, pacova, caju, ao lado dos vegetais alienígenas aqui aclimatados.

Para as aulas atraíam preferentemente as crianças, pois a admirável intuição daqueles educadores percebera ser mais fácil plasmar a nova fé na alma infantil do que nos adultos de espírito já formado na crença dos ancestrais. Além da alfabetização preliminar, ensinavam também noções mais elevadas. Em Piratininga, funcionou uma "classe de gramática"; em Pernambuco e Rio de Janeiro, havia "lição de casos", "classe de gramática", "escola de ler e escrever". Na Bahia, onde a Companhia possuía "Colégio, escola e noviciado",ensinava-se "latim., artes, teologia e casos de consciência".

Utilizavam na sua farmácia as propriedades das ervas medicinais, que aprenderam com os índios. Anchieta foi também médico "curando-os, sangrando-os, porque não há outro que o faça", como ele mesmo nos conta em suas cartas.

Do auto sacro e da comédia retiraram recursos didá-ticos. inteligentes para a catequese, reproduzindo a vida dos santos, seus martírios e milagres e dramatizando em suas comédias episódios de alcance religioso e moral.

Nóbrega. — O padre Manuel da Nóbrega nasceu em Portugal e fêz sólidos estudos universitários em Coimbra.

Data de 1544 sua entrada para a Companhia. A êle cabem as honras da tarefa de iniciar e organizar a catequese, fundando e mandando fundar aldeamentos, colégios e noviciados. Reclamou contra a falta de moral da colónia e de disciplina do clero regular, exigindo a criação de um bispado. Pela força persuasiva de sua palavra, conseguiu resolver contendas e motins que em geral os colonizadores não conseguiam por processos violentos.

Anchieta. — Apóstolo do Novo Mundo, Santo do Brasil, Anchieta foi também proclamado por Sílvio Homero como "o mais antigo vulto de nossa história intelectual". O ensino, a catequese, a pacificação do gentio por êle praticados, secundando a obra do grande Nóbrega, constituem os três aspectos básicos de sua ação evangelizadora e colonizadora em terras do Brasil, da ‘qual toi também um dos construtores. ,

José de Anchieta nasceu em Tenerife, nas Canárias, em lo34, de família nobre. Em 1546 já se encontrava em Coimbra frequentando cursos da Universidade. Entrou para a Companhia de Jesus em 1.° de março de 1551 como noviço e passou ao Brasil em 1553 com o segundo governador geral Duarte da Costa, fixando-sc na Bahia, onde residia o padre Manuel da Nóbrega, Provincial da Ordem no Brasil.

Além dos trabalhos delicados e penosos da catequese e do ensino, em que foi incansável, Anchieta fez-se notável, participando de nossa história como colonizador. Juntamente com Nóbrega, pacificou os tamoios que se tinham unido na famosa Confederação dos Tamoios, decidida ao extermínio dos colonos. Ficou entre eles como refém,, até o armistício de Iperoig. No Rio de Janeiro auxiliou diretamente a expulsão dos franceses e tomou parte na’construção da nova cidade do Morro do Castelo.

Em 1566, após completar o noviciado, recebeu ordens sacras e mais tarde foi elevado a provincial do Brasil, cargo que deixou em 1586. Foi ainda reitor do colégio do Espírito Santo. Morreu em 9 de junho de 1597, aos 63 anos, na aldeia de Rerigtiba, dedicado à instrução e catequese, num supremo esforço, vencendo idade e doenças — um grande exemplo de inspiração cristã.

QUESTIONÁRIO REFLEXIVO

1 — Quando se iniciou a catequese no Brasil?

2 — Quais os mais célebres missionários jesuítas do século XVI no Brasil?

3 — Qual a contribuição dos inacianos à colonização portuguesa do Brasil?

4 — Quais os primeiros núcleos Jesuítas na Bahia e em São Vicente?

5 — Qual O: motivo da importância histórica do Padre Manuel da Nóbrega?

Sugestões para exercício de redaçÃo e exposição oral:

a) — Apostolado de Anchieta.

b) — Os jesuítas e o ensino.

5. As primeiras cidades

Ao findar o século XVI o Brasil apresentava-se povoado apenas em escassos núcleos de sua orla litorânea, entre o cabo de São Roque e Cananéia (Itamaracá,. Pernambuco, Bahia, Santo Amaro e São Vicente).

Desapareceram as primitivas feitorias de colonização • de Porto Seguro, Itamaracá, Iguaraçú, Cabo Frio, Cananéia, fundando-se novas cidades nas capitanias de Pernambuco, São Vicente, Cabo Frio, quer pela ação dos respectivos donatários quer pela ação dos governos gerais desde 1549.

São Vicente. — Já vimos que São Vicente foi o primeiro núcleo regular de colonização, fundado em 1532 por Marfim Afonso de Sousa, obedecendo em tudo às ordenações do reino e às normas do Mestrado de Cristo, de que el-rei era também o grão-mestre. Proliferavam os engenhos, estendiam-se canaviais em torno dos núcleos primitivos. Ficaram célebres os engenhos dos Erasmos dos holandeses Schertz (que o povo pronunciava Esqueríes), de onde se originou a casa de Urzel, uma das raras casas ducais holandesas. Outros engenhos de certo vulto construíram também os Dórias, colonos genoveses.

São Vicente ficava em excelente posição geográfica dispondo de porto de mar que a comunicava com o exterior, nas proximidades do planalto de Piratininga, caminho aberto à penetração sertanista, caminho para as minas do Uruguai e Paraguai. A redução que crescera em torno do colégio de Anchieta ficara como um verdadeiro pórtico àquela penetração, ponto de passagem obrigatória para quantos buscavam o sertão ou em sentido contrário . procuravam o Atlântico.

Pernambuco. — Em Pernambuco o próspero donatário da Nova Lusitânia fundou cinco povoações que depois figuraram no seu brasão e das quais conhecemos apenas Olinda, Iguaraçu e, ao que se supõe, Paratibe, as quais puderam até agora ser identificadas. Duarte Coelho fez de Olinda sua capital. Desenvolveu-se ali a lavoura canavieira, encheu-se de engenhos, o vale do Capibaribe. O pescado abundante, a exploração do pau-brasil no interior e no litoral, a cana-de-açúcar, alimentavam o comércio do porto olindense, o mais próximo da metrópole lusitana.

Fundação da VIla de São Vicente

Fundação da vila de São Vicente.

(Quadro do pintor brasileiro Benedito Calixto.)

Dali partiram os movimentos de conquista do norte, combateu-se a pirataria francesa, traficantes do pau de tinta, envlou-se socorro a outras capitanias ameaçadas.

Salvador. — A cidade do Salvador, fundada por Tomé de Sousa em 1549 na colina fronteira à barra e sede do governo geral, prosperou rapidamente. Faltava pau-brasil no recôncavo mas a lavoura de fumo compensava largamente esta falta. O gado vacum mandado buscar em Cabo Verde multiplicou-se rapidamente, penetrou no vale do São Francisco. Edifícios públicos ornavam a cidade do Salvador, que tinha seis léguas de termo de lado a lado.

Construíram-se bergantins nos seus estaleiros, desenvolveu-se o comércio de cabotagem, deu-se organização aos engenhos. O acesso do mar à cidade fazia-se pelas ladeiras do Pau da Bandeira e da Misericórdia. A casa da Câmara, a Cadeia, a Alfândega, o Paço do Governador, eram cobertos de telha.

São Sebastião de Rio de Janeiro. — O Rio de

Janeiro nasceu do modesto arraial fundado no sopé do Pão-de-Açúcar a 1° de março de 1565 por Estácio de Sá, transferido depois, a 20 de janeiro de 1567, pelo’ governador Mem de Sá, para o morro de São Januário, que depois passou a chamar-se do Castelo.

6. Manifestações iniciais da vida econômica

A vida econômica do Brasil ao findar o século XVI apoiava-se na exploração do, pau-brasil, na lavoura e indústria açucareira. Daqui partiam barcos carregados com estes dois produtos figurando na sua carga, apenas como curiosidade, o algodão, especiarias, sagiiis, papagaios. A pecuária foi, principalmente na Bahia, de restrita produção açucareira, elemento de importância na sua balança comercial.

O pau-brasil. — A exploração do pau-brasil constituiu a primeira fase de nossa economia destrutiva. Para seu comércio, traficantes e funcionários da coroa fundam feitorias no litoral onde o barganhavam por miçangas, cascavéis, machados, barretes com os selvagens que iam cortá-lo no interior e o armazenavam nas feitorias, à espera de transporte. Esta espécie botânica possui rica sinonímia. Na classificação lamarckiana figura como "Caesalpinia echinata"; para os italianos era o "verzino", como se encontra na correspondência de Vespúcio; os franceses denominavam-no de "arabutã" ou "pau de Pernambuco", segundo Thevet e Jean de Lery,. cronistas franceses; o indígena conhecia-o segundo três denominações: ibirapitanga, ibira–piranga e ainda a corruptela ibirápuitã.

Seu valor comercial e industrial era considerável. A parte lenhosa era aproveitada nas construções navais e apenas do cerne se extraía a essência corante tão procurada na Europa mesmo antes do descobrimento de nossa terra, onde acabou afinal por dar o nome em substituição a Vera Cruz e Santa Cruz.

Sua ocorrência se verificava em todo litoral, com exceção da zona do Recôncavo, e era mais encontradiço entre Pernambuco e Cabo Frio, a "costa do pau-brasil.

Mapa do Brasil do Attas dos Reinei. Note-se: a riqueza dos toponlmlos; a descrição da flora e da fauna; e os selvicolas. cortando e transportando pau-brasil.

(Reproduzido da "História da Colonização Portuguesa no Brasil".)

O arrendamento da terra para sua exploração, em 1503, permitiu a exportação de cerca de 20 000 quintais ao preço médio de 2,5 ducados por quintal e a contribuição ainda de 4 000 ducados à coroa pelos arrendatários ("Fernão de Noronha).

Foi, este corante vegetal, base de uma próspera indústria extrativa que forneceu interesse imediato para constituição de um tráfego normal demonstrado na viagem da "La Pèlerine" e da nau "Bretoa" que largou o Brasil com um carregamento de 5 000 toros do precioso pau de tinta, que variavam entre 20 e 30 quilos cada toro.

A "Espoir de Honfleur" visitou o Brasil em 1504 sob ò comando de Goneville, estGve na foz do rio Paraguaçu, onde conseguiu grande carregamento de pau-brasil. Na expedição de 1531, Martim Afonso apresou no litoral pernambucano três naus francesas carregadas de pau-brasil. Data da mesma época a expedição da nau francesa "La Pèlerine", enviada à "costa do pau-brasil" pelo barão de Saint-Blan-card (Bertrand d’Ornessan), fortemente artilhada e dispondo de elementos para se transformar numa expedição colonizadora. Conseguiu realmente desalojar os portugueses da feitoria de íguaraçu e ali se estabeleceram numa praça por eles fortificada que ficou sob o comando de La Motte. A "La Pèlerine", com um carregamento de 5 000 quintais, foi apresada nas alturas das costas da Andaluzia. A fortaleza francesa que fundaram foi batida e tomada Dor Pêro Lopes de Sousa. qi

Valor econômíco do nau-brassl. — O pau-brasil desde lopo declarado monopólio da coroa, como já vimos, era adquirido aos índios ou cortado no mato por um preço aproximado de ,$250 o toro e vendido no porto de Lisboa por $480, dando margem portanto a um lucro compensador. Um navio de 120 toneladas de capacidade de carga útil, calcula Roberto Simonsen, equivaleria hoje a cerca de 1.000:000$000, o que equivaleria na mesma tonelagem em 1/10 do valor somente em especiarias da índia.

A CANA-DE-AÇUCAR E A COLONIZAÇÃO

A cana-de-açúcar foi desde os primeiros momentos das manifestações iniciais de nossa vida económica o produto alienígena que maiores resultados oferecia. Em torno da cana-de-açúcar, como centro de interesse, criou-se não somente uma técnica rapidamente aperfeiçoada na sua exploração industrial, e na criação do primeiro tipo de fazenda, mas também uma sociedade rural de fisionomia própria, onde o professor Gilberto Freire chegou a distinguir uma "aristocracia de canavial". Em oposição às peripécias do contrabando, e das aventuras da exploração do pau-brasil, ao sabor das reservas naturais inesgotáveis em feitorias de interesse temporário, a lavoura canavieira trouxe um elemento de fixação ao solo, alimentando uma vitoriosa indústria nascida poucos anos antes na Europa.

A cana-de-açúcar recebeu dos botânicos a classificação de "Saccarum officinarum". Introduzida no Mediterrâneo pelos cruzados e árabes que a trouxeram do Oriente, no século XIII, foi logo aclimatada em Rodes e na Sicília, onde logrou aproveitamento industrial. Foram também os árabes que a introduziram na Espanha quando de sua dominação na península. Coube ao Infante D. Henrique estimular sua cultura na Madeira e Cabo Verde, de onde foi trazida para o Brasil. Nos fins do século XV já contava Portugal com a supremacia do mercado mundial do açúcar.

Em pouco tempo o açúcar, que figurava como jóia nós cofres reais e era doado em gramas em heranças e estimado apenas nas boticas como produto medicinal, tornou-se popular, e seu consumo obrigatório acelerou a superprodução de que se originou uma primeira crise em 1501 (em 1440 uma arroba custava 1:120$000, em 1501 8$500 o quilo).

Introdução no Brasil. — Segundo afirma Varnhagen, o açúcar foi introduzido no Brasil antes de 1526. Os colonizadores da expedição de 1531 já encontraram alguns exemplares na região que foi depois Rio de Janeiro e São Vicente. O que está estabelecido e aceito pela maioria dos historiadores é que uma exploração sistemática só se verificou a partir de 1533, com a fundação do Engenho do Governador, em São Vicente. Canaviais e engenhos, crescem rapidamente na primeira metade do século XVI e atingem pouco mais de uma centena ao se iniciar o século seguinte.

Evolução dos engenhos. — O terreno massapé, argiloso e poroso, foi a terra da cana.

O custo de um engenho no Brasil ficava além dos recursos dos colonos. Empregavam-se almanjarras, lagares e trapiches impulsionados pela tração animal e engenhos de água, o que era de construção dispendiosa para o colono. Venceu no Brasil o de tipo médio, recebendo partidas de cana dos lavradores para serem moídas. A iniciativa oficial lançou mão deste recurso, de que é exemplo a construção de um lagar na Bahia, pelo governador, para servir aos colonos de menores posses.

Em breve foi abandonado o primitivo processo de golpear a cana e obter o açúcar pondo o melado a secar; passou-se ao uso de mós, pilões de pouco rendimento industrial que foram substituídos pela moenda de dois cilindros de madeira forrados de ferro.

Foi Brás Cubas quem introduziu em São Vicente o monjolo que conheceu na China — o "pilão d’água".

Data do governo de D. Diogo de Menezes a introdução do engenho de três paus (três cilindros verticais), por um clérigo peruano que moía a cana duas vezes na mesma operação.

A indústria açucareira foi negócio lucrativo que interessou diretamente governadores gerais e donatários, oficiais, ouvidores e provedores. Martim Afonso associou-se a Erasmo Schertz, fundador do famoso Engenho dos Erasmos, empresa que deu a ambos lucros compensadores.

O G A D O

O gado foi introduzido no Brasil como um núcleo pastoril de auxílio à lavoura canavieira nos trabalhos de transporte e movimentação dos engenhos. Data de 1549 a sua introdução na Bahia por Tomé de Sousa. Os primeiros vieram na caravela "Galga", proveniente da ilha de São Vicente. Desde 1534, porém, D. Ana Pimentel’ introduzira gado na capitania de Martim Afonso de Sousa.

A irradiação da pecuária. — Cresceram rapidamente as manadas e os currais foram obrigados a retirar–se para o interior dá Bahia, alastrando-se o gado rapidamente pelo vale do São Francisco e passando o divisor de águas em direção do Norte, atinge o Maranhão, Picui, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Cristóvão de Barros em 1589 fez-se grande criador.

Subindo o São Francisco até suas nascentes o gado passou para a baía do Tocantins e do Araguaia. De Goiás passou para Mato Grosso.

O gado introduzido em São Vicente penetrou em Sabarabuçu, atingiu o rio das Velhas encontrando-se ali com o gado que descera o vale do São Francisco, onde se fixaram centenas de famílias paulistas entregues às fainas da pecuária.

No Norte outros paulistas, os sertanistas Domingos Jorge Velho, Matias Cardoso de Almeida e Morais Navarro entre outros, fixaram-se nas bacias do rio Açu e do Jagua-ribe depois do sucesso alcançado contra os índios que haviam atacado os currais do Aporá.

Domingos Mafrense, o Domingos Sertão, fundou no Piauí mais de 39 fazendas de gado vacum.

Levantando uma estatística muito aproximada Antonil propõe:

Bahia . . ……….. 500000 cabeças

Pernambuco………………………………………….. 800 000

Rio de Janeiro………………………………………… 60 000

São Paulo e os campos de Curitiba …. 1 500 000 "

Um outro aspecto interessante a assinalar vem a ser os "caminhos dos currais", "caminhos dos vaqueiros", que cortavam o sertão num espontâneo "sistema rodoviário".

QUESTIONÁRIO REFLEXIVO

1 — Qual a sinonímia de pau-brasil?

2 — Que valor econômico possuía este vegetal?

3 — Que era a chamada "costa do pau-brasil"?

4 — Quais as expedições que estão ligadas à sua exploração?

5 — Qual a origem da cana-de-açúcar?

6 — Qual o roteiro por ela seguido até suà introdução no Brasil? 7′—Qual a área de seu cultivo no. Brasil quinhentista?

8 — Que aperfeiçoamento receberam os engenhos entre nós?

9 — Quando e onde foi introduzido o gado no Brasil? 10 — Qual a área inicial da pecuária?

Sugestões para exercício de redação e exposição oral:

a)—O pau-brasil como fator de colonização.

b) — A cana-de-açúcar.

c) — A pecuária no Brasil quinhentista.

Fonte:

Consciênia - Filosofia e Ciências Humanas