6.8.09

OS MONGÓIS

A transformação dos mongóis em um grande império é um dos acontencimentos mais importantes da História, nos séculos XIl e XIlI. Como governante mongol, Gêngis Khan unificou os nômades das estepes asiáticas, fundou um dos maiores impérios da época e teve seu nome inscrito na História como um dos grandes conquistadores. Um lado menos conhecido é o impacto mongol sobre o mundo islâmico depois de sua morte e, por sua vez, o impacto da fé islâmica sobre os mongóis. Os mongóis estabeleceram quatro impérios, ou khanatos, em terras islâmicas: o Khanato de Chagatai, na Ásia Central, a Horda de Ouro, no sul da Rússia, o Il Khanato, na Pérsia e Iraque, e o império Timurida que, sob a liderança de Timur (Tamerlão), foi o mais brilhante de todos.

Gêngis Khan iniciou sua ofensiva em direção à Ásia Central e Pérsia, no início do século XIlI. As cidades de Bucara e Samarcanda, que mais tarde integraram-se ao khanato de Chagatai, renderam-se aos exércitos de Gêngis Khan em 1220. De lá, não era difícil atacar a Pérsia e, por volta de 1221, as cidades persas de Merv, Nishapur e Balkh caíram. Na inevitável pilhagem que se seguiu aos ataques mongóis, os invasores dizimaram a população daquelas regiões, poupando apenas os artesãos, que eles consideravam úteis. Os mongóis também violaram muitos túmulos muçulmanos, inclusive o de Harum al-Rashid, o califa abássida do século VIlI.

Depois da morte de Malik Shah, em 1092, o Irã, mais uma vez, deteriorou-se em dinastias insignificantes.

Nesse tempo, Gêngis khan havia trazido com ele uma grande quantidade de tribos mongóis, conduzindo-as, em uma campanha devastadora, até a China. Em seguida, voltou-se para o ocidente, com suas forças compostas de 700.000 soldados, e rapidamente submeteu Bucara, Samarcanda, Balkh, Merv e Neyshabur.

Antes de sua morte, em 1227, ele tinha alcançado o Azerbaijão, pilhando e queimando cidades, por onde passava.

A invasão mongol foi desastrosa para os iranianos. A destruição dos sistemas de irrigação qanat, acabou com um modelo de assentamentos contínuos, provocando numerosas cidades-oásis isoladas, numa terra que tinha sido próspera. Uma grande quantidade de pessoas, particularmente homens, foram mortos; entre 1220 e 1258, a população do Irã foi drasticamente abandonada à própria sorte. Os governantes mongóis, que se seguiram a Gêngis khan, fizeram muito pouco para melhorar a situação do Irã. O neto de Gêngis khan, Hulagu khan, dedicou-se à política de conquistas externas, tomando Bagdá e matando o último califa abássida. Ele foi barrado pelos exércitos mamelucos do Egito, em Ain Jalut, na Palestina. Depois retornou ao Irã e passou o resto de sua vida no Azerbaijão.

Um dos últimos governantes mongóis foi Ghazan Khan, que, com seu famoso vizir iraniano, Rashid ad Din, trouxe ao Irã um breve e parcial renascimento econômico. Os mongóis baixaram as taxas para os artesãos, estimularam a agricultura, reconstruiram e ampliaram os sistemas de irrigação, e melhoraram a segurança das rotas comerciais. Como resultado, o comércio teve um incremento expressivo. Produtos vindos da Índia, da China e do Irã, atravessavam tranquilamente as estepes asiáticas, e esses contatos enriqueceram culturamente o Irã. Os iranianos, por exemplo, desenvolveram um novo estilo de pintura, baseado numa fusão particular da pintura bidimensional mesopotâmia com motivos característicos da China. Depois do sobrinho de Ghazan, Abu Said, morrer, em 1335, o Irã, mais uma vez, desfez-se em dinastias medíocres, como a dos salghuridas, os muzafaridas, os injus e os jalairidas, sob a liderança de chefes mongóis, dos antigos seljúcidas e dos líderes regionais.

Os muçulmanos infligiram sua primeira derrota aos mongóis em 1221, na batalha de Parwan, atual Afeganistão, sob a liderança de Jalal al-Din, filho de um governante muçulmano da Ásia Central. A vitória significou um alívio temporário ao exército muçulmano, mas, um pouco mais tarde, os mongóis reagruparam-se e devastaram as tropas de Jalal.

Depois da morte de Gêngis Khan, em 1227, seu vasto império foi dividido entre dois de seus filhos, Ogodei e Chagatai. Ogodei tornou-se o Grande Khan depois da morte de seu pai e controlou a maior parte do império mongol. Chagatai, no entanto, recebeu uma pequena área na Ásia Central e mantinha fidelidade a Ogodei, o Grande Khan. A região sob controle de Chagatai era habitada na maior parte por turcos nômades, muitos dos quais já se tinham convertido ao Islam.

As grandes cidades da Ásia Central de Bucara e Samarcanda também estavam dentro da esfera de autoridade de Chagatai e eram centros influentes de erudição islâmica. Mas, na maior parte, o khanato de Chagatai era composto de comunidades tribais, que preservavam as formas nômades tradicionais dos mongóis, enquanto que os outros khanatos tornaram-se mais sedentários e urbanizados. Acredita-se, de um modo geral, que o khanato de Chagatai era o mas fraco dos impérios controlados pelos mongóis por ser pequeno e, portanto, mais fácil de ser absorvido pela esfera de influência dos khanatos vizinhos mais poderosos.

Depois da morte de Chagatai, em 1242, o khanato manteve o nome de seu líder original, mas ficou incluído nos domínios de Ogodei, sob controle de seu neto, Kaidu. Após a morte de Kaidu, em 1301, uma série de governantes mongóis do khanato de Chagatai foram muçulmanos, indicando que o Islam havia penetrado a região. Só após a ascensão de Tarmashirin ao trono, em 1325, no entanto, que o khanato de Chagatai tornou-se oficialmente um estado muçulmano. Todos os khans depois dele, foram muçulmanos e a Ásia Central permaneceu islâmica, a partir de então. Com a conversão do khanato de Chagatai, os outros três impérios mongóis ocidentais, incluindo o Horda de Ouro e o Il Khanato, eram islâmicos, o que é notável, considerando-se que a história mundial mostra que o poder conquistador sempre impõe sua cultura sobre os subjugados. No caso dos mongóis, pelo contrário, eles adotaram a cultura e religião de seus conquistados.

O khanato de Chagatai rendeu-se a Timur, ele próprio oriundo de Samarcanda, em meados do século XIV. Os sucessores de Timur foram, por sua vez, expulsos do khanato de Chagatai pelos sheibanidas (os atuais usbeques), descendentes de um irmão de Batu, o khan do Horda de Ouro. Um outro grupo islâmico, conhecido hoje como os cazaques, originaram-se de uma dissidência usbeque, no mesmo período. Os dois grupos tornaram-se parte da ex-União Soviética, em 1917, formando duas, das cinco repúblicas muçulmanas daquele país. Hoje, o Usbequistão e o Cazaquistão são países independentes, que vivem dos remanescentes do legado do mongol Chagatai na Ásia Central.

Mais poderoso e influente do que o khanato de Chagatai, o Horda de Ouro é o mais conhecido dos impérios mongóis, princilpalmente por causa de seu impacto sobre a história moderna russa. Além disso, ele também é importante para o mundo islâmico. Este império, como o de Chagatai, foi o produto da divisão de poder que se seguiu à morte de Gêngis Khan, em 1227. O Grande Khan Ogodei ordenou a invasão da Rússia em 1236, que foi comandada por seu sobrinho, Batu. A Rússia, nessa época era uma porção de principados conhecidos como Rus.

Entre 1236 e 1240, Batu chefiou os mongóis invasores através de uma série de ataques sobre as cidades russas, inclusive Moscou e Kiev. Em 1241, os mongóis tinham alcançado a Polônia e a Hungria e planejavam atacar a Croácia, quando Batu recebeu a notícia de que o Khan Ogodei tinha morrido na Mongólia. Imediatamente, ele retirou seu exército da Europa e foi para a região norte do mar Negro, território dos búlgaros muçulmanos. Batu apoiou seu primo, Mogke, na disputa pelo título de Grande Khan, e depois de 10 anos, finalmente, em 1251, Mongke prevaleceu sobre os demais pretendentes. Batu foi recompensado pelo Grande Khan por seu apoio durante a luta sucessória e seu império usufruiu do patrocínio de Mongke enquanto durou seu reinado. Batu construiu uma capital, Sarai, no rio Volga, e chamou seu império de Horda de Ouro. A palavra "horda" é derivada do turco-mongol ordu, que significa "acampamento". O Horda de Ouro tornou-se um dos estados mais poderosos dos que sucederam a Gêngis Khan.

Batu, como a maioria dos mongóis daquela época, professava o xamanismo, uma religião que acredita na existência de um único Deus, mas que também via o sol, a lua, a terra e a água como seres elevados. Até o reinado de Batu, o Islam não exerceu influência sobre os governantes do Horda de Ouro. Depois dos breves governos dos dois filhos de Batu, o Khanato passou ao seu irmão, Berke, que chegou ao poder em 1258. Berke foi o primeiro governante muçulmano do Horda de Ouro e, embora não tenha sido capaz de declarar o Islam como a religião oficial do Khanato, sua fé provocou uma série de discórdias entre ele e seu primo, Hulagu, o governante mongol do Il Khanato da Pérsia. O exército de Hulagu foi o responsável pelo colapso do califado abássida, em Bagdá, e da morte do califa.

Uma vez que Hulagu professava o xamanismo, com uma mistura de budismo, o saque de Bagdá foi apenas mais conquista militar, mas o muçulmano Berke ficou horrorizado. A animosidade resultante entre os dois levou a muitas guerras entre os exércitos mongóis. Além das diferenças religiosas, Berke e Hulagu disputavam entre si o controle das montanhas caucasianas, as quais os dois líderes reivindicavam jurisdição.

A decisão de atacar o califado abássida foi tomada na época da eleição do grande khan Mongke, em 1251. O khanato de Chagatai e o do Horda de Ouro já eram impérios firmemente estabelecidos no mundo islâmico e o grande khan não gostava do fato de que seus súditos prestassem obediência a um homem - o califa - que eles colocavam numa posição mais elevada do que a do Grande Khan. Mongke decidiu enviar seu irmão, Hulagu, para o Iraque, chefiando um exército mongol, com o objetivo de saquear Bagdá e destruir o califado. Hulagu dirigiu-se para lá, em 1253, e no caminho encontrou um grupo muçulmano, conhecido como os Assassinos, uma seita ismailita que praticava a versão extrema do xiísmo. Os Assassinos estavam baseados em Almut, no noroeste da Pérsia, e Hulagu os alcançou em 1255. Os mongóis facilmente destruíram o pequeno grupo e os remanescentes fugiram para a região do Sind, atual Paquistão, onde viveram na clandestinidade por séculos. Depois desta vitória, os mongóis tinham um caminho aberto para Bagdá. O Grande Khan Mongke tinha instruído Hulagu a atacar o califado abássida somente se ele se recusasse a se render aos mongóis. Os abássidas, chefiados pelo califa Musta'sim, na verdade recusaram-se, o que tornou a batalha inevitável.

Antes de a luta começar, os abássidas já estavam em desvantagem. Teoricamente, eles tinham um exército muito grande, capaz de competir com os mongóis, mas suas tropas tinham sido descuidadas pelo califado e não estavam preparadas para a batalha, na hora da invasão mongol. Um outro problema para os abássidas foram as antigas discórdias entre muçulmanos sunitas e xiítas. O califado era sunita, assim como a maior parte de seus súditos, mas havia uma minoria xiíta sob controle abássida que recebeu bem os invasores mongóis, na esperança de derrubar o califa sunita. Além disso, os xiítas do Iraque se juntaram às forças mongóis no ataque ao califado. Os mongóis também tiveram o apoio dos nãos muçulmanos. Muitos cristãos da região viram os mongóis como salvadores, esperando que dizimando os adeptos do Islam, sua fé também seria destuída. Na verdade, em troca do apoio cristão - os nestorianos - os mongóis pouparam de suas pilhagens muitas igrejas e comunidades cristãs.

Todos esses fatores contribuíram para a queda de Bagdá e para a destruição do califado em 1258. O califa Musta'sim foi capturado e condenado à morte, terminando, assim, 500 anos de dinastia abássida. Com o Iraque e Pérsia sob seu controle, Hulagu continuou rumo oeste, em direção à Síria e Egito. Os descendentes aiúbidas de Saladino tinham tomado o poder na Síria. Enquanto isso, o Egito ainda se recuperava do golpe que tinha expulsado os aiúbidas e trazido ao poder os mamelucos, uma categoria de soldados escravos turcos. Como soldados profissionais, os mamelucos representaram para os mongóis o desafio mais sério e constante.

A Síria, no entanto, tinha sido facilmente derrotada, uma vez que os aiúbidas e cruzados tinham-se recusado a juntar forças para defender o território. As maiores cidades, Alepo e Damasco, renderam-se em 1260, mas uma invasão iminente ao Egito foi interrompida por causa da morte do Grande Khan Mongke.

Enquanto Hulagu estava envolvido com a luta pela sucessão entre seus irmãos, Kublai e Arik-Boke, os mamelucos iniciaram um ataque aos mongóis na Síria. Era a primeira vez, em quase 50 anos, que um exército muçulmano iniciava um ataque aos mongóis e isto vingou os mamelucos muçulmanos, que derrotaram os mongóis e ocuparam sua base síria em Gaza. Pouco meses mais tarde, um segundo ataque mameluco provocou a morte de um comandante de Hulagu e expulsou os mongóis da Síria. Os mamelucos continuaram a derrotar o exército de Hulagu. Um dos fatores para as vitórias mamelucas foi a sua condição de soldados profissionais. O estado mameluco era voltado para o treinamento militar e por isso a qualidade do seu exército ficou à altura dos poderosos mongóis. Um outro fator para o sucesso dos mamelucos talvez esteja no fato de seus cavalos usarem ferraduras desde 1244. Os cavalos dos mongóis não tinham ferraduras e o terreno ppedregoso da Síria deve ter dificultado as lutas. Além disso, os mamelucos tinham percebido que os cavalos mongóis necessitavam de pastagens e, assim, muitas vezes, queimaram os pastos na Síria para impedir que os cavalos se alimentassem.

Os mamelucos conquistaram uma vitória importante sobre Hulagu em 1260. Além do mais, Berke concluiu um tratado de paz com os mamelucos em 1261, a fim de que os dois grupos se juntassem contra Hulagu. Foi a primeira aliança entre estados mongóis e não mongóis, a qual as duas partes eram iguais.

As vitórias iniciais dos mamelucos sobre os mongóis em 1260 foram um marco decisivo para o exército de Hulagu, porque depois disso, muitos desafios se apresentaram. A morte de Mongke assinalou o fim de um império mongol unificado, porque a luta pela sucessão dividiu seus domínios. O khan muçulmano Berke, tinha-se tornado hostil a Hulagu, depois da destruição do califado abássida em 1258. Berke apoiou Arik-Boke na sucessão ao título de Grande Khan, enquanto Hulagu apoiou Kublai. Quando Kublai saiu vitorioso, em 1260, Hulagu passou a gozar da simpatia do Grande Khan e houve uma interação entre o império persa de Hulagu e o império chinês de Kublai, mas a unidade do império mongol, como um todo, estava destruída, porque Berke tinha-se recusado a reconhecer Kublai. Essa desavença se aprofundou com o decorrer dos anos. Depois da vitória de Kublai, Hulagu deu o nome de II-Khanato, "khanato subordinado", ao seu império, como sinal de fidelidade a Kublai. Em 1263, Berke negociou uma aliança entre o Horda de Ouro e quase todos os estados vizinhos do Il-khanato de Hulagu: os mamelucos do Egito, os bizantinos em Constantinopla, e até a cidade-estado italiana de Gênova, que propiciou uma ligação entre o Horda de Ouro e o Egito mameluco. A guerra entre eles continuou até depois das mortes de Hulagu, 1265, e Berke, em 1266.

Império II Khanato de Hulagu

Os sucessores imediatos de Berke não eram muçulmanos e, assim, não foram tão hostis aos sucessores de Hulagu, que também não eram muçulmanos. Ainda o Horda de Ouro manteve o seu isolamento em relação aos outros khanatos mongóis, determinando que a influência cultural, linguística e religiosa da maior parte de sua população turca tivesse um impacto crescente sobre os líderes do Horda de Ouro. Ao final do século XIlI, o turco era a língua oficial da administração e em 1313, com a ascensão ao khanato de um muçulmano, Ozbeg, o Islam tornou-se a religião oficial do Horda de Ouro.

Ao assimilar a cultura turca islâmica do sul, ao invés da cultura russa cristã do norte, o Horda de Ouro se preparou para o seu colapso final nas mãos dos principados russos cada vez mais poderosos. O Horda de Ouro durou mais do que os outros khanatos, mas, em meados do século XIV, começou a se desmantelar. O crescente poder dos territórios de Moscou e Lituânia começaram a absorver partes do Horda de Ouro em desintegração, enquanto que a invasão do exército de Timur, ao final do século XIV, acabou por levar à sua destruição. Em meados do século XV, khanatos separados começaram a se estabelecer em Kazan, Astrakan e Criméia. O czar russo, Ivan, o Terrível, anexou Kazan e Astrakan em 1552 e 1554, respectivamente, enquanto a Criméia sobrevivou sob a proteção do Império Otomano até 1783, quando Catarina, a Grande, a anexou ao império russo. Os tártaros muçulmanos do Horda de Ouro, assim conhecidos pelos europeus, sobrevivem ainda hoje, em pequenos grupos, principalmente no sul da Rússia.

Abaqa, filho e sucessor de Hulagu, terminou a guerra alguns anos mais tarde e a questão religiosa entre os dois grupos terminou quando ambos, finalmente, se tornaram estados islâmicos. Antes que isso acontecesse, no entanto, o Islam sofreu no II-khanato, sob um corrente de khans mongóis budistas. Muitos mongóis adotaram o budismo no início do século XIlI. Abaqa era um budista que perseguiu implacavelmente os muçulmanos do II-khanato. O filho de Abaqa, Arghun, também era budista e foi mais cruel contra os muçulmanos do que seu pai. Durante esse período de liderança budista em terras islâmicas, muitos símbolos budistas apareceram. O elemento budista do II-khanato morreu com Arghun, e o Islam logo se expandiu da população para as classes dominantes.

Um incentivador dessa mudança foi o irmão de Arghun, Gaykhatu, que o sucedeu. Ávido por deixar marcado seu nome, Gaykhatu tentou, sem muito sucesso, introduzir o papel-moeda da China nos círculos comerciais islâmicos. A tentativa foi um desastre. Em 1295, ele foi afastado do poder e seu sucessor, Ghazan, filho de Arghun, foi o primeiro muçulmano de origem mongol a governar o II-khanato e todos os governantes da Pérsia, depois dele, foram muçulmanos. Ghazan aderiu ao Islam sunita, mas era tolerante com os xiítas. Ele não perdoou os budistas que tinham sido tão intolerantes com os muçulmanos. Ghazan transformou todos os templos budistas em mesquitas e forçou os monges budistas, ou a se converterem ao Islam, ou a retornarem para a Índia, Tibet ou China. Os cristãos também foram perseguidos. Ghazan reorganizou a administraçção do II-khanato para refletir sua nova fé islâmica oficial. Substituiu a tradicional lei mongol pela shari'ah e adotou os códigos militares para o exército mongol. Quando ele morreu, praticamente todos tinham absorvido a cultura islâmica.

O sucessor de Ghazan, seu filho Oljeitu, levou o império para uma direção diferente. Ele era muçulmano xiíta e embarcou numa campanha contra os sunitas de seus domínios. Sua perseguição aos sunitas afetou as relações do império com os vizinhos mamelucos do Egito, que eram sunitas. As relações entre eles quase chegaram ao ponto de uma guerra, em 1316, que só não aconteceu por Oljeitu morreu. Abu Said, filho e herdeiro de Oljeitu, foi o primeiro governante mongol a ter um nome muçulmano desde o nascimento. Ele restabeleceu o sunismo como religião de estado e fez a paz com os mamelucos. Mas, a paz no ocidente não significava a paz no norte, uma vez que a aliança entre mamelucos e o Horda de Ouro tinha-se dissolvido depois da morte de Berke em 1266. Abu Said, então, viu-se envolvido num conflito com o Horda de Ouro, em relação as montanhas caucasianas. Abu Said morreu em 1335, durante a guerra com o Horda de Ouro, e sua morte marcou o início do declínio do II-khanato, seguido do colapso final.

Depois de 1335, uma série de lutas sucessórias enfraqueceram o império. O caos abriu passagem para a invasão estrangeira, que ocorreu em 1357, quando o khan do Horda de Ouro, Jani Beg, atacou Tabriz, a capital do II-khanato. Quando Timur chegou, em 1393, vindo da Ásia Central, o II-khanato foi tragado por esse novo império, que se expandia rapidamente.

Fonte: www.geocities.com