3.7.12

Biografia de Kukai


Fundador da seita shingon do budismo japonês, Kukai nasceu em uma família de nobres locais em Shikoku, a menor das quatro ilhas do Japão. Quando criança foi enviado a uma escola nacional em Kioto para estudar confucionismo, que havia saído da China para se tornar a filosofia predileta dos nobres japoneses. Entretanto, Kukai se desiludiu com seus estudos e se converteu ao budismo. Foi ordenado monge aos 19 anos de idade.

De início, vagou pela zona rural do Japão e realizou práticas de autocontrole nas montanhas. Porém, em 804, aceitou com entusiasmo a oportunidade de ir para a China como membro da embaixada japonesa. Durante os dois anos que passou lá (804 – 806), Kukai foi iniciado nas práticas budistas esotéricas de Huigo, o abade do mosteiro de Takaosanji. Quando retornou ao Japão, em 806, levou consigo textos budistas sagrados e muitos objetos para rituais. Estava ansioso para ensinar o que havia aprendido.

Kukai caiu na preferência do imperador Saga, que reinou de 809 a 823, e foi convidado a realizar cerimônias para a proteção da corte imperial e da nação japonesa. Em 816, recebeu permissão para construir um mosteiro nas florestas do Monte Koya. Lá, construiu o Kuyasan (“templo do pico de diamante”), que se tornou o centro de estudos shingon.

O budismo shingon se baseia na crença em um Buda cósmico chamado Dainiti. A fé enfatiza práticas mentais e físicas que possibilitam que os adeptos percebam sua unicidade com todas as coisas da vida. kukai escreveu Jujushinron (Os Dez Estágios da Mente), Sokushin-Jobutsu-Gi (Atingindo o Estado de Buda neste Mesmo Corpo), além de um tratado sobre as diferenças entre os dois ensinos, esotérico e exotérico, com o objetivo de propagar ainda mais os preceitos do shingon.

Kukai empreendeu diversos projetos sociais, além dos religiosos. Teve participação crucial na construção de estradas, lagos e pontes, bem como de poços e lagoas artificiais por todo Japão. Em 823, recebeu o templo To-ji, na entrada sul da capital Kioto.

Kukai faleceu em 835, mas logo surgiu uma lenda de que ele não havia morrido e sim passado para um estado de meditação eterna, onde servia como salvador para todos os que sofrem até a chegada do próximo Buda, conhecido como Maitreya. Kukai – que ficou conhecido desde sua morte como Kobo Daishi – continua sendo um dos três ou quatro grandes heróis folclóricos do Japão. Quase todos os vilarejos japoneses falam de alguma ligação com Kukai: ele teria dormido lá, ou construído uma ponte no local ou beneficiado seu povo com o seu amor.

(774 d.C. – 835 d.C.)

Fonte: http://www.ahistoria.com.br/biografia-de-kukai/