O chamado Crime da Rua Tonelero ocorreu na madrugada do dia 5 de agosto de 1954, na Rua Tonelero, no bairro de Copacabana, na cidade e estado do Rio de Janeiro, no Brasil. A sua importância decorre do fato de se constituir, na História do Brasil, no marco da derrocada final do presidente Getúlio Vargas, que culminaria com o seu suicídio, a 24 do mesmo mês. O dito crime, na realidade, foi um atentado contra o jornalista e político conservador Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Vargas nas páginas de seu jornal, a Tribuna da Imprensa. Lacerda chegava de automóvel à sua residência situada naquela rua, acompanhado do filho Sérgio e de um segurança, o major da Força Aérea Brasileira Rubens Florentino Vaz, quando dois homens emboscados dispararam contra ele e, em seguida, fugiram de táxi. O jornalista foi atingido por um tiro de raspão no pé, e o major Rubens Vaz faleceu a caminho do hospital. Na manhã seguinte, Lacerda publicou em seu editorial: Durante a investigação que se seguiu, demonstrou-se que a bala que atingiu o major era de calibre 45, arma de uso privativo das Forças Armadas. Em poucos dias chegava-se a dois suspeitos: Alcino João Nascimento e Climério Euribes de Almeida, homens da guarda pessoal do presidente, e ao mandante do crime, Gregório Fortunato, chefe da guarda e guarda-costas de Getúlio desde a época do Estado Novo. A crise política que se seguiu ao episódio, em particular com os militares incorformados com morte de um dos seus, agravada pelos ataques violentos de Lacerda e seus seguidores ao presidente, sem que houvesse um moderador, agigantou a onda antigetulista. Diante dos pedidos de renúncia à presidência que começaram a se multiplicar, em 23 de agosto o presidente reuniu-se com os seus ministros no Palácio do Catete, a fim de analisar o quadro político. Ficou decidido que o presidente entraria em licença, voltando ao poder quando as investigações sobre o atentado estivesse concluídas. Duas horas mais tarde, quase às cinco horas da manhã do dia 24, Benjamin Vargas, irmão de Getúlio, chegou ao Palácio com a informação de que os militares queriam mesmo a renúncia. Como resposta, ao se retirar para o seu quarto, Getúlio afirmou: "Só morto sairei do Catete!" Momentos mais tarde ouviu-se um tiro: Getúlio estava morto com um tiro no coração. Alcino foi condenado a 33 anos de prisão, pena depois reduzida. Cumpriu 23 anos e sobreviveu a duas tentativas de assassinato. Gregório foi condenado a 25 anos, vindo a ser assassinado na prisão, assim como Climério, condenado a 33 anos. José Antônio Soares foi condenado a 26 anos. Nelson Raimundo, a 11 anos. Outros estudiosos acreditam que o atentado tenha sido uma farsa montada para envolver e comprometer o presidente, conforme a CGTB[1]: Alcino sustentou, depois de preso, e ao longo dos anos, a mesma versão para o fato: A falta de cuidados dos supostos autores de um atentado também soa estranha:História do Brasil Eleições Regionais Generalidades
O atentado
As consequências
Outras interpretações
Já Lacerda apresentou várias versões do fato, como notou Ronaldo Conde Aguiar:
Fatos e inconsistênciasFonte:
5.8.09
Crime da rua Tonelero
« Eu não era pistoleiro. Não saí para matar ninguém, nunca podia imaginar que aquele segurança do Lacerda fosse um major. [Vaz] rodeou o carro pela frente e surgiu na traseira. Ele me atacou e eu saltei. Aí surgiu um tiro, não sei de onde partiu – uma bala passou zumbindo no meu ouvido. O segundo tiro parece que atingiu o major pelas costas, justamente na hora em que ele me deu uma chave-de-braço, no braço esquerdo. Antes, eu estava pulando e me defendendo… Conforme ele me quebrou, me dando uma chave-de-braço, eu já tinha levado a mão 'pro' revólver. Eu estava com um Smith & Wesson, calibre 45, e dei dois tiros no peito dele. »
( Mataram o Presidente: memórias do pistoleiro que mudou a história do Brasil. Alfa-Ômega, 1978.)