31.3.11

A Era Pós-industrial e Pós-moderna

1. A ERA PÓS-INDUSTRIAL, A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E A EDUCAÇÃO PARA O PESSOAL

Vivemos na era pós–industrial, um novo mundo onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter idéias.

Durante dois séculos, tempo que durou a sociedade industrial (1750-1950), o maior desafio foi a eficiência, isto é, fazer o maior número de coisas no menor tempo. O ritmo de vida passou a ser mais dinâmico.


2. A ORIGEM DA ERA PÓS INDUSTRIAL

A sociedade pós-industrial nasceu com a segunda guerra mundial, a partir do aumento da comunicação entre os povos, com a difusão de novas tecnologias e com a mudança da base econômica. Um tipo de sociedade já não baseada na produção agrícola, nem a industria, mas na produção de informação, de serviços, símbolos e estética.

A sociedade pós industrial provém de um conjunto de situações provocadas pelo advento da indústria, tais como o aumento da vida média da população, o desenvolvimento tecnológico, a difusão da escolarização e difusão da mídia.

A sociedade pós-industrial se diferencia muito da anterior e isso se percebe claramente no setor de serviço, que absorve hoje cerca de 60% da mão-de-obra total, mais que a industria e a agricultura juntas, pois o trabalho intelectual é muito mais freqüente que o manual e a criatividade, mais importante que a simples execução das tarefas. Antes era a padronização das mercadorias, a especialização do trabalho, agora o que conta é a qualidade de vida, a intelectualização e a desestruturalização do tempo e do espaço, ou seja, fazer uma mesma coisa em tempos e lugares diferentes (simultaneidade).

A era pós-industrial também é conhecida como a era da informação e do conhecimento.

Mas é preciso saber distinguir informação de conhecimento, ex. um conjunto de coordenadas da posição de um navio ou o mapa do oceano são informações a habilidade para utilizar essas coordenadas e o mapa na definição de uma rota para o navio é conhecimento.As coordenadas e o mapa são as "matérias primas" para se planejar a rota do navio. Ao diferenciar informação do conhecimento é importante ressaltar que informação pode ser encontrada em livros, disquetes, etc., enquanto o conhecimento só é encontrado nos seres humanos. Somente os seres humanos são capazes de aplicar a informação através de seus cérebros ou de suas habilidosas mãos. A informação de torna inútil sem o conhecimento do ser humano para aplica-la produtivamente. Um livro que não é lido não tem valor para ninguém. É necessário lembrar que o excesso de informação também traz graves perigos.

A máquina multiplicou o número de informações com que o homem lida a cada dia, chegando a níveis absurdos. O volume de conhecimento necessário para se manter atualizado no mundo dos negócios dobra a cada ano. Os cérebros se tornam verdadeiras esponjas, onde a informação entra num momento e , já descartável é atirada no lixo da memória, logo em seguida.

As pessoas se expõem ao estresse informativo, recebendo esse bombardeio desordenado, sem ter controle sobre isso e sem saber como se proteger, ou pelo menos, como selecionar de maneira correta.


3. OS PAÍSES NA ERA PÓS-INDUSTRIAL

Como o advento dessa nova era, mudam também os países. Alguns países menos desenvolvidos não produzem produtos pós-industrial, mas produtos agrícolas, industriais e pós-industriais. Consomem telenovelas, jornais, moda, cinema, serviços os mais diversos. Alguns deles já são pós-industriais também na produção.Outros só no consumo.


4. A CULTURA, OS HÁBITOS É COSTUMES NUM MUNDO GLOBALIZADO

A globalização abre a vida das pessoas à cultura e a toda sua criatividade e ao fluxo de idéias e conhecimento. Mas a nova cultura trazida pela expansão dos mercados mundiais é inquietante, Hoje o fluxo cultural é desequilibrado, pensando numa direção, a dos países ricos para os pobres.

Os produtos leves com conteúdo de conhecimento maior do que o material, transformam-se num dos setores mais dinâmicos das econômicas mais avançadas. A maior industria exploradora dos EUA não é a de aviões ou automóveis, é a do entretenimento. A expansão das redes globalizadas de mídia e das tecnologias de comunicação por satélite originam um poderoso meio de alcance mundial. Essas redes levam Hollywood a cidade remotas e estabelece novos padrões sociais de Nova Delhi a Varsóvia e ao Rio de Janeiro. Esse salto dá altura a estrangeira pode colocar em risco a diversidade cultural e levar às pessoas o receio da perda da sua identidade cultural. É preciso apoiar as culturas. É preciso apoiar as culturas nativas e nacionais, para que floresçam lado a lado com as culturas estrangeiras.

Com isso muda também a divisão internacional do trabalho e hegemônicas, portanto, são só os paises pós-industriais na produção e no consumo. Os paises hegemônicos formam um pequeno grupo. Daí ser possível dizer que o mundo é governado por uma memória de países. Talvez até por uma tríade (Japão, Alemanha e EUA). Daí dizer também que o planeta é dividido não por ideologia, mas por tecnologia, demanda de outras diretrizes.

Com o fim da guerra fria desfizeram-se antigas divisões ideológicas. Virtualmente todos os paises aderem aos mercados globais.Mas há uma divisão mais inabordável, de natureza tecnológica. Uma pequena parte do planeta, responsável por cerca de 15% de sua população, fornece quase todas as inovações tecnológicas existentes. Uma segunda parte, talvez metade da população mundial, está apta a adotar essas tecnologias nas esferas da produção e do consumo. A parcela restante, cerca de 1/3 da população mundial, vive tecnologicamente marginalizada, não inova no âmbito domestico, nem adota tecnologias externas.


5. O CAPITAL HUMANO

Para acompanhar este novo processo de desenvolvimento do mundo onde os serviços e a criatividade dão o tom, o capital físico, que era a variável chave do crescimento econômico, perde lugar hoje para o capital humano, representado pelo conjunto de capacitação adquirido através da educação, de programas de treinamento e da própria experiência para desenvolver seu trabalho com competência.

O progresso de um pais é observado pelo investimento em pessoas.

A educação e a escola o pensar.Essa nova sociedade que está se formando e tem por base o capital humano ou intelectual, é chamada de sociedade do conhecimento.

As idéias passam a ter grande importância. Tenta-se construir uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico e social, que possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.

Recentemente a Europa, numa tentativa de amenizar os aspectos negativos da globalização, sobretudo do ponto de vista social, pregou que "o pensar é o grande diferencial entre as pessoas e as sociedades" O principal papel da educação é fazer os alunos passarem.

Pensar é aprender a ser livre, responsável e honrado. Pensar é esforço e inconformismo, para com o mundo e também para consigo mesmo. Pensar é duvidar e criticar, não presunçosamente, mas por desejo do bem comum. A escola precisa se tornar uma grande central de idéias.


6. AS PROFISSÕES

Diante desse quadro, é obvio que as profissões também passem por um processo de mutação. Dado o maior valor atribuído ao conhecimento, à cultura, à arte e à estética, encontramos como profissões em alta, o designe, a moda, a fotografia, culinária, hotelaria, engenharia clinica, informática médica e o direito internacional.

No perfil do profissional do futuro, as características mais valorizadas são:

  • Formação : global e sólida
  • Conhecimentos extra: computação, domínio de várias línguas.
  • Polivalência: condições de atuar em várias áreas.
  • Cultura ampla: domínio de informações culturais e tecnológicas.
  • Capacidade de inovação: predisposição para mudanças.
  • Capacidade analítica: postura crítica, interpretação antecipada das necessidades futuras da sociedade.
  • Interação: emoção e razão integradas facilitarão o desempenho.

E as carreiras que terão maior procura ?

  • Engenharia clínica: hospitais precisarão de profissionais para fazer a manutenção de instalações e equipamentos, garantindo o uso de todo o potencial e reduzir custos.
  • Direito do consumidor: conscientização dos direitos do consumidor e a conquista da cidadania aumentam as oportunidades de atuação do profissional dessa área .
  • Direito internacional: tendência mundial a globalização e internacional valorização de recursos demanda especialistas nas relações entre países.
  • Informática médica: sofisticação de aparelhos e equipamentos de alta tecnologia destinados a auxiliar profissionais da saúde na área, exigirá técnicas no setor.
  • Oceanografia: devido a necessidade da exploração de recursos naturais e a preservação da flora e da fauna.
  • Engenharia de alimentos: A produção em grande escala de alimentos industrializados com baixo custo, é exigência mundial. O objetivo dessa profissão é preparar uma alimentação mais saudável e isenta de produtos químicos.

Não costumamos verificar a data de validade de nosso conhecimento, mas é muito importante refletir sobre isso.

A educação não termina com o último certificado obtido.Estudar a vida toda é uma necessidade numa sociedade baseada no conhecimento.

A educação é o "grande jogo" que se deve jogar (e vencer) na economia global.

A história nos ensina que não e a revolução, mas sim o trabalho constante e tranqüilo que nos leva ao caminho do progresso.

Não se deve criar muito, mas sem valor, com a ilusão de que a quantidade pode fazer as vezes da qualidade.


7. PÓS-MODERNIDADE

Pós-modernidade é o conjunto de características que demarcam uma nova "era histórica", o fim da modernidade do mundo contemporâneo e uma nova maneira de ver e se ver no mundo.Mas não seria , apenas uma ruptura como paradigma da modernidade, surgindo com a revolução francesa. Ela foi gerada na modernidade, assim como a revolução francesa o foi no absolutismo e no protestantismo.

Desta forma, a pós-modernidade representa, por um lado, uma ruptura com a modernidade; mas, por outro uma simples continuação de um processo transformador que começou antes mesmo dessa modernidade.

a) Uma nova revolução.

Essa nova "era histórica pode ser entendida como uma nova revolução. Não como uma revolução francesa ou comunista, pois esta atual não afirma que seu ideal é melhor do que os outros, mas que o tudo é uma ilusão, não existe nem verdade e nem erro". Em outras palavras, enquanto a revolução comunista afirmava ser o bem o comunismo e o mal o capitalismo, a pós-modernidade vai dizer que tudo é falso, que não existe bem ou mal, e que, portanto, tudo não tem razão de ser e pode ser destruído sem fazer falta ao homem.

Por outro lado, pode-se afirmar que o principal alvo desta revolução é, primeiramente, o próprio homem e não a sociedade, que só será transformada depois que o homem já tiver sido.

O comunismo queria mudar a sociedade sem ter mudado o homem, a pós-modernidade ao contrario, primeiro muda o homem e depois como conseqüência muda a sociedade. Uma revolução de dentro para fora. Assim a pós-modernidade não seria propriamente uma tomada de poder, mas uma enorme revolução cultural, que possibilitaria a tomada de poder.

b) A concepção psicológica

Mais do que dizer que a sociedade atual não tem razão de ser, porque se baseia em verdade ilusórias, a pós-modernidade, acredita que essas "verdades"aprisionaram o homem, que deve ser totalmente livre, e o impede de realizar todos os seus desejos, coibidas pelas regras morais, pelos valores sociais, éticos e religiosas. Ela afirma que a sociedade aprisiona o homem mas também que ele deve dar mais importância à sua sensibilidade do que à sua inteligência.

O homem pós-moderno vive em busca de sensações, de emoções sem limite. Um exemplo: comparando as danças antigas com as modernas, veremos que antigamente o dançarino seguia normas, posições, impostação da coluna e atualmente, o que importa é se soltar, deixar-se levar pelo momento e pela música sem regras ou limites.

c) A concepção religiosa.

Na pós-modernidade, a essência das religiões passa a ser a busca de harmonia com a natureza. Como conseqüência da ausência de uma verdade objetiva e de um deus pessoal surge a visão ecumênica das religiões, pois todas chegam a um mesmo lugar ou objetivo, na medida que cada um consiga "evoluir"em sua crença. As religiões deixam a doutrina racional-teológica de lado e se dirigem às emoções do homem. O objetivo deixa de ser a busca cruz e da salvação eterna, como era antigamente, e passa a ser a busca do prazer e da cura. Movimentos pentecostalistas, espiritismo, carismáticos, protestantes, etc. Deus deixa de ser pessoal e exterior ao homem, para se tornar imanente.

Para "encontrar Deus", devo busca-lo no meu interior através da meditação. Em última análise, todos os homens fazem parte de "Deus", todos fazem parte do "todo", do äbsoluto" (monismo e panteísmo)

d) O igualitarismo

Se todos os homens têm uma partícula divina igual dentro de si, apenas se manifestando ilusoriamente de uma forma diferente, o resultado é que todos são iguais e devem gozar dos mesmos direitos.

e) A concepção de verdade.

O igualitarismo gerou, principalmente na pós-modernidade, a falta de um referencial hierárquico valorativo e, por ausência deste, a convicção de que a verdade e o erro são a mesma coisa. Não existe mais um fundo odontológico nos valores, pois a realidade é uma ilusão.

Quanto mais igualitário é o ideal, mais relativa é a verdade, porque se todos são iguais, por que devo acreditar no que diz o sujeito A ou B, porque acreditar em Deus?

O comunismo negava a existência de uma verdade absoluta (eterna e imutável ), mas afirmava a existência de uma verdade nascida da dialética social e, na sua incoerência, o fato de que o homem não foi feito para ser explorado por outro homem.

Para o pós moderno, a única verdade seria a ausência de verdade, o único bem, a ausência de bem, e assim por diante. Enquanto houvesse um bem ou uma verdade que fosse outra da exposta acima, o homem teria que se sujeitar a esse bem ou essa verdade e, portanto, não teria o grau de liberdade e de igualdade, desejado. E como conseqüência, alguém se diferenciaria e passaria a ser o responsável por dizer qual á a verdade, coagindo os demais a reprimir seus instintivos dela.

Não sendo mais transcendente a verdade, ela deixa de ser exterior ao homem, e passa a ser imanente. Cada um tem a capacidade de decidir sobre como viver, o que fazer, e assim por diante. Do mesmo modo como a concepção de Deus se transformou com o advento do renascimento, a concepção da verdade também mudou.

Quando chega a pós-modernidade, com o seu lado gnóstico a verdade passa a ser interna a cada homem, não mais exterior e transcendente, pois cada homem possui a verdade dentro de si (panteísmo) e faz parte de um todo (halas) que se percebe necessariamente noimanente.


8. A MENTALIDADE IMEDIATISTA

Sendo tudo relativo e ilusório, sem ideologia e idéias verdadeiras, onde o que se deve fazer é libertar os instintos reprimidos e deixar-se levar pela sensibilidade, a pós modernidade forma uma mentalidade imediatista no homem.

Aproveitar-se ao máximo o presente e não se preocupar com o que vem depois, que pode ser a morte. O fato do homem pós-moderno buscar aproveitar a vida (sobretudo o momento) ao máximo, também é explicável por Freud. Não existe um fim objetivo para a vida, como pretende a religião. Existe apenas um propósito subjetivo: acima de tudo experimentar fortes sentimentos de prazer, e secundariamente evitar o desprazer.

Enquanto a modernidade se baseia no ideal de trabalho (surgido principalmente após a revolução industrial), que garantiria o futuro, e na racionalidade científica, a pós-modernidade, nega o interesse pelo futuro e procura a sensibilidade ao invés da racionalidade. A perspectiva de uma guerra atômica, doenças incuráveis, catadismas de toda a natureza, etc., tudo isso somado às características doutrinárias antropocêntricas da pós-modernidade, forma uma "moral da morte".

Essa moral faz que cada um busque viver ao máximo o presente, como se não houvesse amanhã.


9. O PACIFISMO CONSENSUAL PÓS-MODERNO

Em não havendo pelo que lutar ou o que defender ( tudo é relativo, até mesmo aquilo em que eu suponho acreditar) a pós-modernidade gera uma sociedade pacifista e consensual.

Mas não um pacifismo dentro de um princípio superior a todos os homens, e sim um pacifismo onde todos não lutam pelo que acreditam, ou não acreditam no que lutam, pois toda a ideologia é falsa.

Não há uma objetividade de juízo sobre os seres, logo, não há como lutar por coisas incertas, muito menos matar ou morrer por alguma coisa que não vale a pena.

Fonte:http://analgesi.co.cc/html/t17017.html