Os cangaceiros mantinham seus rifles ensebados em ocos de pau, para evitar o “bicho próprio da madeira”.
Bergmann MP 18-1
Bergmann MP 18-1, modelo 1918 – calibre 7,63 – Mauser. Submetralhadora utilizada no final do cangaço. Duas peças deste modelo foram utilizadas pela Volante no combate em Angico.
Carregadores com capacidade para 50 tiros cada. Conhecida também como “costureira”.
Revólver Colt
Revólver Colt modelo Police Positive – calibre .38 SPL , de diametro de 0.357 polegadas. Niquelado com cabo de madrepérola. Arma utilizada pelos cangaceiros e pelas Volantes. Chamada de “Colt Cavalinho”.
Pistola Luger
Pistola Luger – modelo 1908 – calibre 9 mm – parabelum – cano de 4 polegadas. Uma arma destas foi encontrada com Lampião, após sua morte, em Angico.
Pistola Browning, modelo 1910 – calibre 7,65 mm – cano de 3,5 polegadas. Arma utilizada normalmente pelas mulheres do bando. Mais conhecida como pistola FN.
Fuzil Mauser,
Fuzil Mauser, modelo 1908 calibre 7×57. Arma mais utilizada pelos cangaceiros após Março de 1926.
Mosquetão Mauser
Mosquetão Mauser, modelo 1908 – calibre 7 x 57 cano curto
Winchester
Winchester – modelo 1873 – calibre 40 cano octagonal. Arma usada no período inicial do cangaço (anterior a 1926). Conhecido como “Rifle Papo Amarelo”.
Punhal e bainha
Punhal e bainha semelhantes aos usados por cangaceiros; a lâmina mede aproximadamente 67cm e o cabo, 15cm.
OBSERVAÇÃO
Armas de fogo pertencentes a Coleção do Museu de Polícia Militar do Estado de São Paulo
ARMADURAS DOS GUERREIROS DO CANGAÇO
ARMADURAS DAS GUERREIRAS DO CANGAÇO
Fonte: www.uol.com.br
Armas do Cangaço
O ARMAMENTO
Mota, descreve Lampião como tendo “… um tórax guarnecido por três cartucheiras bem providas; (…) às mãos o fuzil e à cinta duas pistolas ‘Parabellum’ e um punhal de 78 cm de lâmina…” (1967 p. 15-16)
As famosas clavinas (nome genérico dado às armas Longas e de canos raiados, principalmente na região Norte/Nordeste do Brasil) e sabres (arma branca, reta ou encurvada, com um só gume) usados pelos cangaceiros e pelas volantes, resumidamente foram.
REVÓLVER COLT, Calibre .38 SPL (special), de diâmetro de 0.357 polegadas. De procedência norte-americana. Era niquelado e tinha cabo de madrepérola. Arma de fogo de uso manual, na qual a munição é alimentada através de um tambor rotativo. Utilizada pelos cangaceiros e, possivelmente para alguns, pelas Volantes. Conhecida popularmente como Colt Cavalinho.
Segundo Castro, “os acabamentos padrão da Colt são o ‘blued’; que é um oxidado, feito com produtos químicos, dando uma camada protetora de cor azulada ou quase negra”. Niquelado foi praticado em armas civis; como, a partir de 1877, o “Lightning” ou o “New Police” de 1896 (que originou o Police Positive de 1905). Portanto, armas militares e/ou policiais nunca foram niqueladas.
CARABINA WINCHESTER, Calibre 44 com cano de configuração oitavada (octogonal) para conferir maior peso e rigidez ao conjunto. Arma de repetição no qual o mecanismo é operado pelo deslocamento manual da “telha” da arma, que é móvel, e a cada movimento efetua a carga, ejeção e remuniciamento; em inglês “Pump Action”. De procedência norte-americana.
O modelo 1873 era conhecido popularmente como Rifle “Papo Amarelo” devido a uma peça de latão exposta na parte inferior da caixa da culatra (parte posterior do mecanismo de uma Arma de Fogo, onde se aloja o mecanismo de disparo, localizada junto à coronha). Foi largamente usado no período inicial do cangaço, perdurando até 1926.
Segundo a crença popular, o apelido de Lampião surgiu devido a sua habilidade em atirar com este artefato bélico. Ele atirava com tanta velocidade, que nas batalhas noturnas, a arma criava um clarão em sua volta como se fosse um lampião.
Contudo, Macedo atesta que Sinhô Pereira (chefe e introdutor de Lampião no cangaço) teria – muito antes – a mesma habilidade: “O nome de Sebastião Pereira era um brado de guerra daquelas paragens. (…) As volantes policiais do Ceará, de Pernambuco e da Paraíba conheciam o clarão do seu rifle vingador…” (1980 p. 45)
FUZIL MAUSER, Conhecido em língua inglesa como “Rifle” (que deriva de “Rifling”: as raias que promovem movimento rotatório ao projétil, dando precisão ao mesmo). Entre nós é conhecido como F. O. (fuzil ordinário). Também, é o nome genérico que se dá ao fuzil Mauser 1908 (calibre 7×57 mm) KAR e seus sucessores. Apresenta o pomo do ferrolho reto. Por seu grande comprimento ser incômodo e os combates, via de regra, se darem entre 50 e 200 metros, seu sucedâneo natural foi o “mosquetão”. De procedência alemã.
Arma Longa portátil de uso militar e de funcionamento totalmente manual, ou seja, de ação de repetição simples e com capacidade de tiro de longo alcance. Possui o cano raiado (concêntrico, 4 raias concêntricas para a direita, uma volta em 240 mm) e deve ser apoiada ao ombro do atirador. Carregamento através de pente-carregador (interno, cinco cartuchos escalonados) ou tiros simples. Tendo comprimento total de 125 cm (155 cm com baioneta), comprimento do cano de 74 cm, peso de 4,1 kg (4,7 kg com baioneta) e alça de mira de lâmina regulável entre 100 a 1.200 m, com acréscimos de 100 m. Uma cadência de tiro de 20 disparos por minuto e um alcance de efetivo de 600 m. Donde, o sistema de funcionamento de fuzil ou carabina consiste de um tubo (caixa de culatra) que recebe o ferrolho cilíndrico com uma “orelha” ou haste, o qual insere a munição na câmara do cano, para a seguir fechar o mecanismo e se efetuar o disparo.
Castro observa que “o passo da raia era de 220 mm, e a alça era graduada de 300 metros (ponto branco) até 2.000 metros. O alcance efetivo é subjetivo, na verdade, acima de 400 metros é muito difícil esperar que um soldado acerte um alvo. Cadência de tiro também é subjetiva, já que é possível dar até 40 tiros por minuto com a arma (não apontados)”.
Sua “aquisição”, em 1926, pelos cangaceiros deu-se quando da incorporação do grupo de Lampião aos famosos “Batalhões Patrióticos” criados para combater a Coluna Prestes no governo do presidente Arthur Bernardes. São, provavelmente, os fuzis remanescentes dos 400.000 adquiridos pelo Exército nacional em 1908 para substituir os Mauser 1894, já usando munição pontiaguda e de melhor efeito balístico. Semelhante ao fuzil G98 alemão, mantinha o calibre tradicional brasileiro e certas modificações para atender as necessidades nacionais, como a alça de mira, mais simples e barata. O seu conceito, de arma de longo alcance, ficou obsoleto desde a 1ª Guerra, contudo o Brasil comprou fuzis idênticos em 1935 que ficaram em uso até 1954.
MOSQUETÃO MAUSER, Modelo 1908 alemão, calibre 7x57mm, cano curto e usavam o mesmo cartucho do fuzil regulamentar, o F. O. (largamente usado pelo Exército Nacional até a década de 60 quando foi substituído pelo Fuzil Automático Leve – FAL 7,62mm , de procedência belga). Não devemos confundir com o modelo de 1894 (na verdade uma clavina, mas conhecida, também, como mosquetão) ou com o de 1922 (Mosquetão Mauser Belga).
Deve-se observar que, no período do Cangaço, segundo Castro, “havia dois tipos de cartuchos 7x57mm em uso, o modelo 1894 (ogival) e o modelo 1908 (ogival pontiagudo, com curva de pressão mais rápida). Ambos os cartuchos eram comuns, pois as metralhadoras e fuzis-metralhadoras Hotchkiss só aceitavam o modelo 1894, enquanto os fuzis metralhadora Madsen e os fuzis/mosquetões normais funcionavam melhor com o modelo 1908”.
Distingui-se do fuzil por seu comprimento mais curto e pela alavanca do ferrolho curva (pomo arqueado), mais fácil de usar. Possui o cano raiado (concêntrico, 4 raias concêntricas para a direita, uma volta em 240 mm) e deve ser apoiada ao ombro do atirador. Carregamento através de pente-carregador (interno, cinco cartuchos escalonados) ou tiros simples. Tendo comprimento total de 111 cm, comprimento do cano de 60 cm, peso de 3,8kg e alça de mira de lâmina regulável entre 100 a 2000 m, com acréscimos de 100 m. Uma cadência de tiro de 20 disparos por minuto e um alcance efetivo de 1000 m.
Sua “aquisição”, após 1926, pelos cangaceiros nunca chegou a ser devidamente esclarecida nos anos seguintes até 1938, quando se deu a morte de Lampião.
O “fornecedor” de tais armas e sua respectiva munição jamais foi descoberto, porém existiam apenas especulações, como: os coronéis (para manterem seus feudos), elementos pertencentes à própria polícia (por dinheiro) e até, estrangeiros que então detinham o monopólio sobre telégrafos, ferrovias, distribuidoras de energia elétrica e rodovias no interior do Brasil.
Segundo Castro, tais armamentos “podiam ser contrabandeados por ex-praças: sem nenhuma dificuldade. A encomenda de fuzis e mosquetões de 1894, 1908 e 1922 foram imensas (centenas de milhares de armas), muito maiores do que as necessidades do Exército, de forma que todos os quartéis tinham em depósito uma grande quantidade de armas em excedente, para armar reservistas em caso de mobilização”.
PISTOLA LUGER PARABELLUM, Modelo 1908. Calibre 9 mm (nove milímetros), comprimento total de 222 mm (tendo o cano 103 mm), o peso de 0,85kg, empunhadura em madeira (geralmente, nogueira) e carregador para 8 cartuchos. Os cangaceiros, geralmente, zigrinavam ou recartilhavam (decoravam) empiricamente as empunhaduras; podendo, até, ser confundidas com mossas. De procedência alemã. (A origem da palavra Pistola deriva-se da cidade de Pistóia, situada na Toscana, província italiana, famosa por seus armeiros durante o século 14; em inglês “Pistol”).
PISTOLA FN-BROWNING, Modelos 1910 e 1911 A1. Calibre 7,65 mm (32 ACP) – cano de 3,5 polegadas. Arma pequena, portátil, para uso a curtas distâncias, que pode ser empunhada, armada e disparada com uma só mão, possuindo cano de dimensões relativamente pequenas. Mais conhecida como pistola FN (Fabrique Nationale d’Armes de Guerre de Herstal, Bélgica). Foram armas de dotação das forças armadas dos Estados Unidos e de inúmeros países, inclusive o Brasil. No cangaço era utilizada normalmente pelas mulheres do bando. De procedência belga.
FUZIL-METRALHADORA HOTCHKISS, Hotchkiss 8mm é uma arma específica do exército, entre um fuzil e uma metralhadora, pesando uns 8 kg. Foi muito usada por forças públicas estaduais, também. O modelo mais provável de ser encontrado no interior do Brasil e, conseqüentemente, o utilizado pelas volantes seria a Hotchkiss, modelo 1921.
Lampião
Maria Bonita
PISTOLA-METRALHADORA MAUSER, Mauser (Mauser Schnellfeuer-Pistole), Modelo 1932. Calibre 7,63 mm. Pistola automática com a capacidade de disparar em fogo seletivo, ou seja, em tiro intermitente ou rajadas curtas (“bursts”), normalmente de três disparos, visando economia de munição.
SUBMETRALHADORA BERGMANN, MP 18 e MP 18-1, modelo 1918. Calibre 7.92mm. Arma longa de funcionamento automático, capaz de dar rajadas, com seu receptáculo do carregador (montado pelo lado esquerdo da arma) ligeiramente inclinado e disparava ambos os cartuchos: o 7,63-MAUSER e o 9mm-LUGER.
De uso do Exército Alemão (infantaria e aviação) na I Guerra Mundial foi de entrada relativamente fácil aqui no Brasil tendo em vista ser terminantemente proibida na Alemanha após o Tratado de Versalhes. Esta submetralhadora (metralhadora de mão, curta e de calibre calçado por pistola), foi largamente utilizada pelas Forças Volantes, principalmente, nos últimos combates contra o cangaço.
Tendo, duas dessas peças, sido utilizadas pela Volante do Tenente Bezerra no combate final do Angico em 1938. Seus carregadores teriam a capacidade para 50 tiros cada. Conhecida também como costureira ou “matraqueira”. De procedência alemã.
ADAGA: – Punhal delâmina de aço, com 67cm (sessenta e sete centímetros) de dimensão e o cabo, 15cm.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
MOTA, Leonardo. No Tempo de Lampião. Fortaleza : IUC, 1967.
CASTRO, Adler Homero Fonseca de. Historiador e pesquisador do Instituto do Patrimônio. Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Curador de armas portáteis do Museu Militar Conde de Linhares (RJ).
Membro do conselho do Museu de armas Ferreira da Cunha (RJ). (Sob consulta do autor desta HP)
MACEDO, Nertan. Sinhô Pereira. Rio de Janeiro: Renes, 1980.
CASTRO, Adler Homero F. de. Idem.
CASTRO, Adler Homero F. de. Ibidem.
CASTRO, Adler Homero F. de. Ib Ibidem.
BEZERRA, João. op. cit.
Fonte: www.etalasquera.ueuo.com