10.7.20

Arte Indígena

A arte é inerente ao índio

Em tudo o que faz, ela sempre se manifesta – seja um simples arco, um requintado Kanitar de penas ou uma cerâmica zoomorfa caprichosamente pintada.

“Existem hoje no Brasil cerca de 200 sociedades indígenas, falando cerca de 170 línguas e dialetos conhecidos, com uma população estimada em 250.000 indivíduos, distribuídos em centenas de aldeias em todo o território nacional.

Arte Indígena

São remanescentes de um grande contingente populacional que deveria oscilar em torno de 6 milhões de pessoas na época da chegada dos primeiros europeus no século XVI.”

… ” Muito difundidas, algumas idéias são equivocadas a respeito dos índios do Brasil: a ilusão de que só existem índios na Amazônia; o sentimento de que, com o tempo, suas culturas tendem ao empobrecimento e à uniformização; e a convicção de que os índios estão diminuindo e desaparecerão inevitavelmente.

É verdade que quanto mais perto da costa ou do sul do país, mais tempo de contato os índios têm, e menores são suas reservas. Mas a população cresce em ritmo acelerado.


Os Guarani, mesmo com 500 anos de contato, somam hoje mais de 40.000 e são um exemplo de resistência cultural. Outros como os Yanomami, sofrem uma depopulação, sensíveis ao contágio por epidemias.

A luta para manter o espaço vital de sobrevivência é tanto árdua para os Yanomami como para os Guarani.

A maioria dos povos indígenas ocupam, no entanto, a região mais interior do país, os cerrados e chapadas do Brasil Central, do Mato Grosso a pré Amazônia maranhense, e as floresta tropicais do Amazônia.

Estabeleceram seus primeiros contatos nos últimos 50 anos e ainda vivem padrões culturais muito tradicionais.

A valorização dada hoje às questões ambientais, ao conhecimento dos povos que sempre souberam viver em harmonia com o seu meio e a valorização da diversidade cultural é percebida pelos índios que esperam poder contar com aliados cada vez mais efetivos entre nós.”

Fonte: www.pontosolidario.org.br
Arte Indígena


“SOMOS PARTE DA TERRA E ELA É PARTE DE NÓS”

Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no séc. XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professores.


Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo.

O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração.


Chefe camaiurá, grupo indígena do Mato Grosso

Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.
A Visão Indígena Brasileira

O que é índio? Um índio não chama nem a si mesmo de índio esse nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que significa “Tu” (som) e “py” (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma.


Tartarugas Karajá



Qual a origem dos índios?


Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol, /tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra.

Chamou sete anciães e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma humanidade’. Os anciães navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra.

Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’.

Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciães se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciães fizeram surgir da Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.

Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.


Rede feita com fibra vegetal a “cama” de boa parte das tribos indígenas do Brasil
ARQUITETURA

Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.

No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reunem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que levam a roça, ao campo e ao bosque.

Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.
PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA

Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. E para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende. As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem.

Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido.

Assim como a pintura corporal a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e magestade. Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.
A ALDEIA CABE NO COCAR

A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado.



“É uma lógica de manutenção e não de progresso”, explica Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.
A FLORESTA

O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapó.
OS HOMENS

A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a “prefeitura” Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.
AS MULHERES

O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos. Todas as choças têm a mesma distância em relação à casa dos homens.
TRANÇADOS E CERÂMICA


Abano de palha: usado por povos da Amazônia para agitar o fogo

A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita perfeição.

A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto ocorreu na ilha de Marajó.

Fonte: www.arteducacao.pro.br
Arte Indígena
ÍNDIOS E ARTE

Geralmente a arte indígena manifesta-se através de cânticos, vestuários utensílios, pela pintura corporal, escarificação e perfuração da pele, através de danças entre outros, sendo estes raramente produzidos com o intuito de serem arte propriamente dito.

Podemos dizer que na sociedade indígena não existe uma delimitação entre arte e atividade puramente técnica. De mesma forma encontram-se aspectos rituais na produção dos artefatos que são antes de tudo artística.

Cada povo indígena tem uma maneira própria de expressar suas obras, por isto dizemos que não existe arte indígena e sim artes indígenas. As artes indígenas diferem-se muito das demais produzidas em diferentes localidades do globo, uma vez que manuseiam pigmentos, madeiras, fibras, plumas, vegetais e outros materiais de maneira muito singular.

Nos relacionamentos entre diferentes povos, inclusive com o branco os artefatos produzidos são objetos de troca, sendo até utilizados como uma alternativa de renda. Muitas tribos enfatizam a produção de cerâmica, outras esculturas em madeira, o que vale resaltar é que estes aspectos variam de uma tribo para outra.

Veja a seguir as principais manifestações artísticas das artes indígenas:

A pintura corporal

A pintura corporal para os indios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias.

Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o genipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcáreo da qual se extrai a cor branca.

Arte Plumária

As vestimentas adornadas de plumas são geralmente utilizadas em ocasiões especiais como os ritos. O uso de plumas na arte indígena se dá de dois modos, para colagem de penas no corpo e para confecção e decoração de artefatos como por exemplo as mácaras colares etc.

Arte em pedras

A confecção de instrumentos de pedra (ex.: machadinhas) fora de extrema importância no passado indígena, mas nos dias atuais os índios não mais costumam produzir artefatos em pedra devido à inserção de instrumentos de ferro, que se mostraram mais eficientes e práticos, embora algumas tribos ainda utilizam estes artefatos para ocasiões especiais.

Arte em madeira

A madeira é utilizada para a fabricação de diversos trabalhos nas sociedades indígenas. Vários artefatos são produzidos como ornamentos, máscaras, banquinhos, bonecas, reprodução de animais e homens, pequenas estatuetas, canoas entre vários outros. Os karajá, por exemplo, produzem estatuetas na forma humana que nos faz lembrar de uma boneca. No alto Xingu os trabalhos em madeira são bastantes desenvolvidos. São produzidos máscaras, bancos esculpidos na forma animal, notando-se grande habilidade no trabalho, sendo sua demanda comercial muito grande advinda principalmente de turistas.

Trançado

Nos trabalhos de cestaria dos índios há uma definição bastante clara no estilo do trabalho, de forma que um estudioso da área pode através de um trabalho em trançado facilmente identificar a região ou até mesmo que tribo o produziu.

As cestarias são utilizada para o transporte de víveres, armazenamento, como recipientes, utensílios, cestas, assim como objetos como esteiras.

Cerâmica

A fabricação de artefatos de cerâmica não é característica de todas as tribos indígenas, entre os Xavantes por exemplo ela falta totalmente, em algumas sua confecção é bastante simples, mas o que é importante ressaltar é que por mais elaborada que seja a cerâmica sua produção é sempre feita sem a ajuda da roda de oleiro. As cerâmicas são utilizada na fabricação de bonecas, panela, vasos e outros recipientes. Muitas são produzidas visando atender a demanda dos turistas.

Pinturas e desenho

Os desenhos e as pinturas em geral são acompanhados de outras formas de arte. Estão diretamente ligados a cerâmica, ornamentação do corpo, cestarias, etc havendo entretanto exceções entre algumas tribos que pintam sobre panos de entrecasca.

Os desenhos indígenas são normalmente elaborados de forma abstrata e geométrica.

Musica e dança

A musica e a dança estão freqüentemente associadas aos índios e a sua cultura, variando de tribo para tribo. Em muitas sociedades indígenas a importância que a musica tem na representação de ritos e mitos é muito grande.

Cada tribo tem seus próprio instrumentos, havendo também os instrumentos que são utilizados em diferentes tribos no entanto de diferentes formas como é o caso do maracá ou chocalho, onde em determinadas sociedades indígenas como a dos Uaupés o uso do mesmo acontece em cerimonias religiosas, já outras tribos como a dos Timbiras é utilizado para marcar ritmo junto a um cântico por exemplo.

A dança junto aos indígenas se difere da nossa por não dançarem em pares, a não ser por poucas exceções como acontece no alto Xingú. A dança pode ser realizada por um único indivíduo ou por grupos.

Proto-teatro

Entre várias tribos de índios é possível observar algumas representações, partes de rito, que poderiam facilmente evoluir no sentido de um teatro. Muitas são representações sem palavras apenas gesto. Outros rituais são cantados, muitos se dão na forma de diálogo.

Fonte: www.desvendar.com
Arte Indígena
A pintura corporal

A pintura corporal para os índios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte.

Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias.

Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o genipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcáreo da qual se extrai a cor branca.
O Urucu

Seu nome popular tem origem na palavra tupi “uru-ku”, que significa “vermelho”.

O urucu é utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros como fonte de matéria prima para tinturas vermelhas, usadas para os mais diversos fins, entre eles, protetor da pele contra o sol, contra picadas de insetos e para fins estéticos; há também o simbolismo de agradecimento aos deuses pelas colheitas, pesca ou saúde do povo.

A tintura corporal vermelha acompanhava os índios nos momentos de guerra ou de forte vibração, por ocasião das comemorações coletivas.

No Brasil, a tintura de urucu em pó é conhecida como colorau, e usada na culinária para realçar a cor dos alimentos.

Esta espécie vegetal ainda é cultivada por suas belas flores e frutos atrativos.
O Jenipapo

Jenipapo, em tupi-guarani, significa “fruta que serve para pintar”. Os índios usavam o suco da fruta para pintar o corpo. A pintura permanecia vários dias e ainda protegia contra os insetos.

Quando o fruto ainda está verde, de cor cinzenta e pele áspera, fornece um suco de cor azulada muito utilizado como corante para tintura em tecidos, artefatos de cerâmica e tatuagem.

Para extrair o corante do jenipapo, corte o fruto ao meio, retire as sementes, esprema a polpa como se fosse um limão e coe. O líquido no princípio transparente, ao contato com o ar, oxida-se e ganha uma coloração entre azul-escura e preta. A tinta provém do sumo do fruto verde – a substância corante, chamada genipina, perde o efeito corante com o amadurecimento do fruto. Assim, quanto mais verde o jenipapo, mais forte a cor vai ficar.

Um fruto médio rende, em média, meio copo de corante que logo depois da extração é levemente esverdeado, mas reage em contato com o ar e se torna azul ou verde. Aplicada sobre o papel, a cor azul perde intensidade e adquire tons esverdeados ou marrons. O corante do jenipapo tem a consistência do nanquim e, para ficar mais concentrado, coloque-o em um vidro sem tampa, o que facilita a evaporação.

No corpo, em contato com a pele, pode deixar manchas, mas não se desespere, a mancha some e desaparece depois de uma semana ou mais, espontaneamente.
O mito da lagarta Kurupêakê

“Havia um tempo em que Wayana não se pintava. Certo dia, uma jovem ao se banhar viu boiando n’água vários frutos de jenipapo recobertos de figuras.

– Ah! Para eu me pintar – exclamou.

Nessa mesma noite, um rapaz procurou-a na aldeia até a encontrar. Tornaram-se amantes, dormindo juntos noite após noite. Entretanto, ao alvorecer, o jovem sempre desaparecia. Uma noite, contudo, o pai da moça rogou-lhe que permanecesse. E ele ficou. Quando clareou perceberam que seu corpo era inteiramente decorado com meandros negros. Como o acharam belo, pintou a todos, ensinando-lhes esta arte.

Um dia o jenipapo terminou. O jovem desconhecido chamou a amante e foram a sua procura. Próximo ao jenipapeiro, pediu-lhe que o aguardasse, enquanto colhia os frutos. Ela não obedeceu, foi vê-lo subir na árvore. O que viu, entretanto, não foi o amante, mas uma imensa lagarta, toda pintada com os mesmos motivos.

Enfurecida, disse-lhe para nunca mais voltar a sua aldeia, pois seus irmãos iriam matá-lo. Arrecadou os frutos que estavam caídos no chão e regressou, sozinha.”

Fonte: www.arara.fr
Arte Indígena

A arte está presente em cada momento de vida dos povos indígenas no mundo todo. Em cada objeto, em cada ritual, em cada gesto, a arte surge, expressão de força e conexão com o mundo místico e espiritual. A beleza está presente como atributo divino.

Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia a dia ou dos rituais. A arte plumária ainda é a mais conhecida e admirada por sua exuberância e riqueza.

A cerâmica, a cestaria, os instrumentos musicais, os pequenos adornos, a arquitetura, toda a cultura material dos povos nativos está carregada de princípios e objetivos, de valores estéticos e sociais. O talento dos artistas está a serviço da manutenção da tradição do povo, da continuidade de sua identidade.

Todas as tribos têm em comum alguns costumes:

1 – PINTURA CORPORAL

A pintura corporal serve para distinguir as classes em que se subdivide a sociedade indígena.

Utilizam o vermelho, o azul e o preto.

Muitos índios pintam no rosto delicados desenhos geométricos (grafismo indígena).

2 – ARTE PLUMÁRIA

As penas são usadas pelo índio na ornamentação do corpo.

Podem servir para:
Desenhos corporais – penas coladas sobre uma camada de resina, cobrindo o corpo, do tronco até os joelhos.
Artefatos – confeccionados com penas: colares, cocares e também na decoração dos armamentos.

3 – ARTE EM MADEIRA

Os índios esculpem máscaras, animais e figuras humanas na madeira.

4 – CERÂMICA

Os índios fazem do barro, cuias, vasos, chocalhos, etc.

Utilizam para isto a argila, dando-lhe polimento com a folha de uma árvore.

Os índios “Carajás” fabricam bonecas (licocós) para as crianças.

5 – TRANÇADOS E CESTARIAS

Os índios fazem cestos de palha, trançados em espiral ou teia.

Mistura palha clara e palha tingida.

As esteiras de palha são utilizadas como leito para recobrir as cabanas ou proteger os alimentos.

6 – MÚSICA

A música é parte do vasto universo cultural dos vários povos indígenas que habitaram e habitam o Brasil. Sendo uma das atividades culturais mais importantes na socialização das tribos.

7 – DANÇA

A dança pode ser realizada por um único individuo ou por grupos. O estilo de dança varia de acordo com a tribo e com os deuses representados pelos fenômenos naturais.

A dança marca o ritual e é feita de passos fortes e bem marcados, feita em círculo, pois o círculo, não tem cima nem baixo, ou seja, todos “são iguais” na dança.

Cada dança tem um significado e uma intenção, entre eles: dança da chuva, dança pra chamar os bons espíritos e levar os ruins da aldeia, dança em homenagem aos seus ancestrais, etc.

ARQUITETURA INDÍGENA

Conhecendo uma Oca ou Maloca

Oca é uma habitação típica dos povos indígenas. As ocas são construídas coletivamente, com a participação de vários integrantes da tribo. São grandes, podendo chegar até 40 metros de comprimento. Várias famílias de índios habitam a mesma oca. Este tipo de habitação não possui divisões, na parte interna da oca existem diversas redes, que os índios usam para dormir.

Elas são construídas com a utilização de taquaras e troncos de árvores. A cobertura é feita de folhas de palmeiras ou palha. Uma oca pode durar mais de 20 anos.

As ocas não possuem janelas, porém, a ventilação ocorre através das portas e dos frizos entra as taquaras da parede. Costumam apresentar de uma a três portas apenas.

Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias, geralmente entre 300 a 400 pessoas. No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais e têm lugar as grandes festas. Eles vivem de modo harmonioso.

ARTE PLUMÁRIA

A aldeia cabe no cocar

A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.

OS HOMENS

A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a “prefeitura” Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.

A FLORESTA

O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapó.

AS MULHERES

O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos. Todas as choças têm a mesma distância em relação à casa dos homens.

ARTE DOS TRANÇADOS (CESTARIAS) E ARTE DAS CERÂMICAS

Trançados e cestarias

A cestaria é o conjunto de objetos feitos quando se trançam fibras vegetais. Com as fibras, os índios produzem cestos para transportar coisas e armazená-las, além de trançar pulseiras, cintos, colares, fazer armadilhas de pesca e muito mais.

Cada povo indígena tem um tipo de cestaria; e cada cesto tem um formato diverso, de acordo com sua função. Eles são comuns em todas as tribos.

Atualmente, as tribos indígenas que têm contato com os centros urbanos produzem seus trançados com a finalidade de comércio.

Cerâmicas

As cerâmicas têm características próprias em cada região aonde é realizada. Até hoje ela é realizada pelas varias tribos indígenas como utilitárias. As cerâmicas são utilizadas na fabricação de bonecas, panela, vasos e outros recipientes. Geralmente são confeccionadas pelas mulheres, sendo utilizada como matéria prima a argila (barro).

Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia a dia ou dos rituais.

Atualmente os índios já utilizam tintas e instrumentos industrializados para produzirem suas cerâmicas.

PINTURA CORPORAL

Os índios pintam seus corpos no dia a dia e em ocasiões especiais (festa, luto, guerra, etc).

Eles pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defendê-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum que representa a casa do homem, o negro esverdeado que representa a floresta, da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga. A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas.

Os desenhos dos são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura, os desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que os objetos domésticos sejam inconfundíveis. Cada povo indígena tem a sua maneira de se pintar, por isso é complicado definir de forma totalmente geral a função da pintura corporal e o tipo de desenho.

Referencias

ARTE BRASILEIRA. Arte, história e produção. Carla Paula Brondi Calabria e Raquel Valle Martins. Editora FTD S.A.

Fonte: docs.google.com