9.7.20

Arte Islâmica


Arte Islâmica – História

A Arte Islâmica não só descreve a arte criada especificamente no serviço da fé muçulmana (por exemplo, uma mesquita e os seus móveis), mas também caracteriza a arte e arquitetura historicamente produzido nas terras governadas por muçulmanos, produzido para clientes muçulmanos, ou criado por artistas muçulmanos.

Como não é apenas uma religião, mas um modo de vida, o Islã promoveu o desenvolvimento de uma cultura distinta, com sua própria linguagem artística única que se reflete na arte e arquitetura em todo o mundo muçulmano.
Arte Islâmica – O que é

Arte Islâmica é um conceito moderno, criado por historiadores da arte no século XIX para categorizar e estudar o material produzido pela primeira vez sob os povos islâmicos que emergiram da Arábia no século VII.

Hoje Arte Islâmica descreve todas as artes que foram produzidas nas terras onde o islã era a religião dominante ou a religião daqueles que governou. Ao contrário dos termos cristãos, judeus, budistas e arte, que se referem apenas à arte religiosa dessas crenças, a Arte Islâmica não é usado apenas para descrever a arte ou arquitetura religiosa, mas aplica-se a todas as formas de arte produzida no mundo islâmico.

Assim, Arte Islâmica não se refere apenas às obras criadas por artistas muçulmanos, artesãos e arquitetos ou para clientes muçulmanos. Ela abrange as obras criadas por artistas muçulmanos para um patrono de qualquer fé, incluindo os cristãos, judeus ou hindus, e as obras criadas por judeus, cristãos e outros, vivendo em terras islâmicas, para os clientes, os muçulmanos e de outra forma.


Um dos monumentos mais famosos da Arte Islâmica é o Taj Mahal, um mausoléu real, situado em Agra, na Índia.


Taj Mahal, Agra, Índia
Arte Islâmica – Islã

A arte do Islã é essencialmente uma arte contemplativa, que visa expressar acima de tudo, um encontro com a Presença Divina.

A fim de compreender a essência da Arte Islâmica é primeiro necessário perceber as diferentes concepções de arte em si.

Do ponto de vista europeu, o critério de uma cultura artística reside na sua capacidade para representar a natureza e ainda mais em sua capacidade de retratar o homem.

Do ponto de vista islâmico, pelo contrário, o escopo principal da arte não é a imitação ou descrição da natureza – o trabalho do homem nunca será igual a arte de Deus – mas a formação de um ambiente humano. A arte tem de dotar todos os objetos com os quais o homem naturalmente rodeia a si mesmo – uma casa, uma fonte, um recipiente para beber, uma peça de roupa, um tapete – com a perfeição que cada objeto pode possuir de acordo com sua própria natureza.

Arte Islâmica não é acrescentar algo estranho para os objetos que ele molda; ele simplesmente traz à tona suas qualidades essenciais.


Uma lição importante que a Arte Islâmica fornece é em desafiar a noção de que as obras de arte dos séculos anteriores precisam ser estudados como “fenômenos” históricos, que pertencem ao passado e têm muito pouco a ver com o futuro.

Contra este ponto relativista de vista, para os muçulmanos, a grande mesquita de Kairouan, Córdoba, Cairo, Damasco, Isfahan e assim por diante pertencem tanto para o presente como para o passado, na medida em que é possível perceber o estado de mente de quem os criou, e, portanto, o que é atemporal na arte de nossos antepassados espirituais são as raízes no próprio Islã.
Famosos exemplos da arquitetura islâmica

Durante a civilização islâmica, por volta do século 10, a atividade de exploração de padrões e simetria realmente floresceu.

Por um período de cerca de 400 anos, houve criatividade vigorosa. Isto resultou em um grande número de padrões geométricos sofisticados e dois dos monumentos mais sublimes a simetria que já foram incorporado ou seja, o palácio Nasrid do Alhambra, em Granada, na Espanha e no Taj Mahal em Agra, na Índia.


Pátio dos Leões, Alhambra, Granada


Torre das senhoras das senhoras “, Alhambra, Granada

A Alhambra é uma cidade murada e fortaleza em Granada, na Espanha. Foi construído durante a última sultanato islâmico na península Ibérica, a dinastia Nasrid (1238-1492).

O palácio está ricamente decorado com pedra e madeira esculturas e padrões de azulejos na maioria dos tetos, paredes e pisos. Arte islâmica não usa representações de seres vivos, mas fortemente usa padrões geométricos, especialmente simétricos (repetindo) padrões.



Taj Mahal, Agra, Índia

Quanto ao Taj Mahal, historiadores ocidentais têm notado que sua beleza arquitetônica nunca foi superada. O Taj é o mais belo monumento construído pelos Mongóis, os governantes muçulmanos da Índia.

Foi construído por um muçulmano, o imperador Shah Jahan (falecido em 1666 CE), em memória de sua querida esposa e rainha Mumtaz Mahal.

Taj Mahal (que significa Crown Palace) é um mausoléu que abriga o túmulo de rainha Mumtaz Mahal na câmara baixa. Ele é construído inteiramente de mármore branco. Sua beleza arquitetônica deslumbrante está além de descrição adequada, principalmente ao amanhecer e pôr do sol. O Taj parece brilhar na luz da lua cheia.
Arte Islâmica – Arquitetura

O termo “arte islâmica“, não significa, uma manifestação artística que tenha por finalidade render o culto à fé. Mas sim uma unidade criativa de arte e arquitetura características de uma civilização que dominou grande parte do mundo durante muito tempo.


O Taj Mahal, Agra, na Índia

O crescimento da Arte Muçulmana é um dos mais rápidos progressos jamais registrados pela História. A base da arquitetura islâmica vem da herança mediterrânea praticada por gregos e romanos mesclada à influência do Império Sassânida na Pérsia e, posteriormente da renovação trazida por invasores turcos e mongóis que trouxeram influências novas.

A fórmula desta nova Arte era com alegria modificada e enriquecida pelos diversos povos que faziam parte da Comunidade Islâmica de acordo com os seus gênios nativos e as influências exteriores a que tinham estado sujeitos.

A inteligência abstrata dos homens do deserto encontra a sua expressão nas linhas geométricas do arabesco; os floridos azulejos esmaltados de Isphahan refletem os sonhos poéticos do Iran.

O estilo Muçulmano destaca-se de todos os outros ele é resultado da unidade espiritual da Comunidade Islâmica e da sensibilidade especial criada pelos ensinamentos do Alcorão.

A originalidade das estruturas arquitetônicas e os motivos ornamentais deram, como resultado, uma arte característica, tipicamente muçulmana. Em todas as criações artísticas islâmicas percebe-se uma indiscutível unidade e uma expressão comum

No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de Yatrib e para aquela que desde então se conhece como Medina (Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a orientação dos califas, sucessores do profeta, começou a rápida expansão do Islã até a Palestina, Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor, Norte da África e Espanha.

De origem nômade, os muçulmanos demoraram certo tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as bases de uma estética própria com a qual se identificassem. Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços estilísticos dos povos conquistados, que no entanto souberam adaptar muito bem ao seu modo de pensar e sentir, transformando-os em seus próprios sinais de identidade.

Foi assim que as cúpulas bizantinas coroaram suas mesquitas, e os esplêndidos tapetes persas, combinados com os coloridos mosaicos, as decoraram.

Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na realidade, desde seu início, conceitual e religiosa.

No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se no geométrico e abstrato, mais simbólico do que transcendental. A representação figurativa era considerada uma má imitação de uma realidade fugaz e fictícia.

Daí o emprego de formas como os arabescos, resultado da combinação de traços ornamentais com caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o verbo divino e alegrar a vista. As letras lavradas na parede lembram o neófito, que contempla uma obra feita para deus.

Na complexidade de sua análise, a arte islâmica se mostra, no início, como exclusividade das classes altas e dos príncipes mecenas, que eram os únicos economicamente capazes de construir mesquitas, mausoléus e mosteiros.

No entanto, na função de governantes e guardiães do povo e conscientes da importância da religião como base para a organização política e social, eles realizavam suas obras para a comunidade de acordo com os preceitos muçulmanos: oração, esmola, jejum e peregrinação.
ARQUITETURA


Cervo de Medina Azahara, Museu Arqueológico de cordoba, na Espanha

As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos VI e VIII, seguindo o modelo da casa de Maomé em Medina: uma planta quadrangular, com um pátio voltado para o sul e duas galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área de oração era coberta, enquanto no pátio estavam as fontes para as abluções. A casa de Maomé era local de reuniões para oração, centro político, hospital e refúgio para os mais pobres. Essas funções foram herdadas por mesquitas e alguns edifícios públicos.

No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a rusticidade dos materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso as obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cúpula da Roca, em Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo, persistiu a preocupação com a preservação de certas formas geométricas, como o quadrado e o cubo. O geômetra era tão importante quanto o arquiteto. Na realidade, era ele quem realmente projetava o edifício, enquanto o segundo controlava sua realização.

A cúpula de pendentes, que permite cobrir o quadrado com um círculo, foi um dos sistemas mais utilizados na construção de mesquitas, embora não tenha existido um modelo comum. As numerosas variações locais mantiveram a distribuição dos ambientes, mas nem sempre conservaram sua forma.

As mesquitas transferiram depois parte de suas funções aos edifícios públicos: por exemplo, as escolas de teologia, semelhantes àquelas na forma. A construção de palácios, castelos e demais edifícios públicos merece um capítulo à parte.

As residências dos emires constituíram uma arquitetura de segunda classe em relação às mesquitas. Seus palácios eram planejados num estilo semelhante, pensados como um microcosmo e constituíam o hábitat privativo do governante.

Exemplo disso é o Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de muralhas sólidas, o palácio tinha aspecto de fortaleza, embora se comunicasse com a mesquita por meio de pátios e jardins. O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.

Outra das construções mais originais e representativas do Islã foi o minarete, uma espécie de torre cilíndrica ou octogonal situada no exterior da mesquita a uma altura significativa, para que a voz do almuadem ou muezim pudesse chegar até todos os fiéis, convidando-os à oração.

A Giralda, em Sevilha, era o antigo minarete da cidade. Outras construções representativas foram os mausoléus ou monumentos funerários, semelhantes às mesquitas na forma e destinados a santos e mártires.
TAPETES


Recipiente de marfim trabalhado
Museu de Arte Islâmica do Cairo, Egito

Os tapetes e tecidos desde sempre tiveram um papel muito importante na cultura e na religião islâmicas. Para começar, como povo nômade, esses eram os únicos materiais utilizados para decorar o interior das tendas.

À medida que foram se tornando sedentários, as sedas, brocados e tapetes passaram a decorar palácios e castelos, além de cumprir uma função fundamental nas mesquitas, já que o muçulmano, ao rezar, não deve ficar em contato com a terra.

Diferentemente da tecedura dos tecidos, a do tapete constitui uma unidade em si mesma. Os fabricados antes do século XVI chamam-se arcaicos e possuem uma trama de 80 000 nós por metro quadrado. Os mais valiosos são de origem persa e têm 40 000 nós por decímetro quadrado.

As oficinas mais importantes foram as de Shiraz, Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no Ocidente. Entre os desenhos mais clássicos estão os de utensílios, de motivos florais, de caça, com animais e plantas, e os geométricos, de decoração.
PINTURA


Tapete de Alcaraz, Museu Arqueológico, Madri

As obras de pintura islâmica são representadas por afrescos e miniaturas. Das primeiras, muito poucas chegaram até nossos dias em bom estado de conservação.

Elas eram geralmente usadas para decorar paredes de palácios ou de edifícios públicos e representavam cenas de caça e da vida cotidiana da corte. Seu estilo era semelhante ao da pintura helênica, embora, segundo o lugar, sofresse uma grande influência indiana, bizantina e inclusive chinesa.

A miniatura não foi usada, como no cristianismo, para ilustrar livros religiosos, mas sim nas publicações de divulgação científica, para tornar mais claro o texto, e nas literárias, para acompanhar a narração.

O estilo era um tanto estático, esquematizado, muito parecido com o das miniaturas bizantinas, com fundo dourado e ausência de perspectiva. O Corão era decorado com figuras geométricas muito precisas, a fim de marcar a organização do texto, por exemplo, separando um capítulo de outro.

Estreitamente ligada à pintura, encontra-se a arte dos mosaicistas. Ela foi herdada de Bizâncio e da Pérsia antiga, tornando-se uma das disciplinas mais importantes na decoração de mesquitas e palácios, junto com a cerâmica.

No início, as representações eram completamente figurativas, semelhantes às antigas, mas paulatinamente foram se abstraindo, até se transformarem em folhas e flores misturadas com letras desenhadas artisticamente, o que é conhecido como arabesco.

Assim, complexos desenhos multicoloridos, calculados com base na simbologia numérica islâmica, cobriam as paredes internas e externas dos edifícios, combinando com a decoração de gesso das cúpulas.

Caligrafias de incrível preciosidade e formas geométricas multiplicadas até o infinito criaram superfícies de verdadeiro horror ao espaço vazio. A mesma função desempenhava a cerâmica, mais utilizada a partir do século XII e que atingiu o esplendor na Espanha, onde foram criadas peças de uso cotidiano.

Fonte: www.metmuseum.org/www.salaam.co.uk/www.tendarabe.hpg.ig.com.br