3.7.20

Caifazes



O movimento dos caifazes marcou o movimento abolicionista paulista e brasileiro.

Liderados pelo advogado Antonio Bento de Souza e Castro, os caifazes ajudavam negros a fugirem das fazendas paulistas para o Ceará, onde a igualdade racial já havia sido decretada.

Em São Paulo, por exemplo, a Sociedade dos Caifazes, um movimento abolicionista radical, liderado pelo advogado Antonio Bento de Sousa e Castro especializou-se em incentivar e organizar fugas de cativos.

Utilizaram-se das ferrovias que, ironicamente, foram construídas para racionalizar o transporte do café, ou seja, a economia escravista, transformando-as em instrumentos que acabaram com a organização do trabalho.

Do Oeste paulista, os escravos eram levados para São Paulo e daí para Santos, onde organizaram um grande quilombo, o Jabaquara, com cerca de dez mil habitantes.

O Movimento dos Caifazes

Idealizado por Antônio Bento de Sousa e Castro, o Movimento dos Caifazes organizava fugas de escravos no final do século XIX.

Antônio Bento e seus comparsas roubavam os negros e os enviavam para o quilombo do Jabaquara (Santos).

Então eles eram mandados para a província cearense, local onde a igualdade racial já havia sido decretada.

O Movimento dos Caifazes teve influência de artistas como o poeta Luís Gama que disse, “o escravo que mata o seu senhor pratica um ato de legítima defesa”.

Após sua morte, foi substituído por Antônio Bento. Antonio Bento era filho de uma família paulistana bem rica. Seu modo de agir e se vestir era tido como excêntrico entre a burguesia paulistana daquela época.

Tamanha era a vontade de Antonio Bento em roubar os negros, que ele os acomodava em sua casa e nas residências de seus comparsas caifazes.

Nesta época, houve uma pressão social e econômica contra a escravidão, então muitas cidades decretaram Lei Áurea e acabaram libertando os negros roubados pelos Caifazes. Assim, alguns senhores começaram a contratar negros como trabalhadores ganhando salário fixo.


Caifazes é um nome de inspiração bíblica, retirado de uma passagem do evangelho de São João. O personagem que batizou o grupo tinha o nome de Caifás, homem que supostamente traía por causas “nobres”.

Fonte: professormaxsuel.com
Caifazes


A Perpetuação da Vitoria de Caifaz !

Na sexta-feira chamada de santa, como em todos os outros dias da semana, dos meses, dos anos, dos séculos e do milênio,que se sucederam desde o assassinato legal perpetrado com a aquiescência do estado jurídico e principalmente pela maioria da população de então, de um homem inconformado com as canalhices de seu tempo, que eram perpetradas tanto pelo povo quanto pelas lideranças políticas, militares e a cima de tudo pelas religiosas de então; e exatamente por seu inconformismo com o estado de coisas em seus dias que foi julgado por seus pares ( os judeus de então) e condenado ao sofrimento, a humilhação e a dor insuportáveis pelo crime de não conformar-se com a ausência de caráter e com o espírito pecuniário dos religiosos de seus dias, que eram os rabinos liderados por um dos grandes pulhas da história chamado Caifaz.

Caifaz era o líder de todos os rabinos nos dias em que Jesus vivia e pregava em sua postura ao contrario do chefe da quadrilha religiosa a humildade e a coerência,enquanto o cabeça da malta de rabinos resplandecia em pompa e circunstância ao lado dos invasores Romanos, usufruindo das benesses do vassalismo, da sub serviencia e dos favorecimentos que lhe eram concedidos devido ao fato de induzir a plebe obtusa e ignara ao conformismo e a servilidade ante a dominação e a injustiça levadas a cabo pelos opressores de então, este mesmo Caifaz que induziu o estado Romano, na pessoa de Poncius Pilatos a colocar ao povo judeu uma escolha de cartas marcadas que certamente favoreceria aos seus interesses pois sabia ele ser Jesus muito mais perigoso do que o simplório Barrabas e assim sendo induziu a escória judaica a escolha que mais convinha aos seus planos.

Jesus desde a idade de treze anos já era um inimigo declarado de Caifaz, quando expulsou os cambistas que trocavam as várias espécies de então pela moeda da Judéia, única aceita pelos rabinos como oferendas trazidas pelos judeus de todas as partes para a sinagoga maior daqueles dias como fazem hoje os incautos fieis com seus dízimos, que sustentam os Caifazes dos dias de hoje que pululam em todas as religiões ditas judaico cristãs. Canalhas abjetos como Edir Macedo, RR Soares, Paiva Neto, Henry Sobel, os Papas e todos aqueles que induzem os fracos a seus controles e principalmente a suas ganâncias pessoais travestidas de lideranças espirituais, mesmo que assim procedendo contradigam ética, filosófica e moralmente os ensinamentos daquele que foi crucificado por ser contra todos os ditames de Caifaz.

Vivendo nos dias de hoje, vejo a vitória de Caifaz por perpetuação e a derrota de Jesus por incompreensão, já que tudo o que foi dito por um é seguido a risca por seus seguidores vorazes pelas mentiras e pelas benesses dos falsos profetas e vendilhões de todos os templos que pululam na vida daqueles que por fraqueza entregam suas vidas seus destinos e seus dinheiros e sua fé a voracidade destes seguidores da ignorância e da ganância; enquanto o segundo é crucificado a cada dia nas cidades do mundo a cada vez que um inocente é morto, injustiçado ou quando seu nome é proferido pelos discípulos de Caifaz e trocado por dinheiro, o que faz crer que continua não sendo propositadamente compreendido e conseqüentemente ignorado principalmente devido a manipulação que se repete por parte daqueles que vêem no lucro fácil das mentiras proferidas em nome de um e com a visão canalha e manipuladora daquele que venceu uma vez e perpetua sua vitória sangrenta covarde e medíocre a 1972 anos .

Fonte: www.usinadeletras.com.br
Caifazes


Antonio Bento de Souza e Castro foi um líder abolicionista de São Paulo, e sua história é lembrada por seu bisneto e também maçom, Luiz Antonio Muniz de Souza e Castro.


Antonio Bento de Souza e Castro (1843-1898)


Artefatos de tortura e aprisionamento dos negros escravos brasileiros
Antonio Bento e seus caifazes

O Fantasma da Abolição que se insurgiu contra os fazendeiros de café e mudou a luta abolicionista

Em 23 de julho de 1840, quando D. Pedro II é declarado maior de idade, tem início o segundo reinado, que se estende até 15 de novembro de 1889, com a instauração da República. O governo de D. Pedro II, denominado de II Reinado, foi marcado por transformações de ordem social e econômica decisivas para a história do País, tais como a guerra do Paraguai e a Abolição da escravidão. No governo de Pedro II prevaleceu o jogo de conciliação política, na tentativa freqüente de manter o poder e a ordem ante a crise social, agravada a partir de meados do século XIX, quando o rei passou a enfrentar o descontentamento de grupos sociais oposicionistas que pregavam a derrocada da monarquia.

Em 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, cresciam as rebeliões escravas. O conflito havia dizimado milhares de soldados brasileiros, entre eles, os negros, que, de tão numerosos, motivaram a alcunha racista paraguaia de que formavam “um exército de macacos”. Eram escravos alforriados pelo Imperador destinados ao combate com o fim de poupar filhos de gente abastada, salvos, assim, da “recoluta”, o famigerado recrutamento militar. Com o término da guerra, porém, voltam os negros à sua penosa condição de escravos nas fazendas de café, que davam início às bases do novo poder econômico paulista.

Antonio Bento de Souza e Castro foi o principal líder abolicionista de São Paulo na década de 1880. Nascido em 17 de fevereiro de 1843, em uma casa da Rua de São José, hoje Líbero Badaró, era filho legítimo de Bento Joaquim de Souza e Castro, farmacêutico estabelecido por longos anos na rua São Bento, na capital da província, e de D. Henriqueta Vianna de Souza e Castro.

Era um homem em posição de destaque, filho de uma abastada família paulistana, embora visto como excêntrico por seus modos e sua aparência.

Raul Pompéia assim o retratou: “Magro, estreitado, do tornozelo à orelha, no longo capote preto como num tubo, cartola, cabeça inclinada, mãos nos bolsos, quebrando contra o peito pela fenda da gola o rijo cavaignac de arame, o olhar disfarçado nos óculos azuis como uma lâmina no estojo, marcha retilínea de passo igual tirado sobre articulações metálicas …”

Em 1864, Antonio Bento matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde recebeu o grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 10 de dezembro de 1868.

Durante o mandato do Dr. José Elias Pacheco Jordão como Presidente da Província de São Paulo, e logo depois de formado, foi nomeado promotor público da Comarca de Botucatu, sendo depois removido para Limeira, cargo do qual, tempos depois, pediu exoneração.

Com a idade de 29 anos, foi nomeado Juiz Municipal de Atibaia, onde reorganizou o Partido Conservador, do qual foi chefe.

Nas suas funções de delegado de polícia e juiz municipal, a figura controversa do conservador Antonio Bento era famosa por seus despachos favoráveis aos escravos, alegando que era ilegal manter em condições sub-humanas os africanos trazidos ao Brasil após a promulgação das leis de 1831 e 1850 que proibiam o seu tráfico e os declaravam libertos.

Como costumava nomear abolicionistas para arbitrar o valor das cartas de alforria, granjeou, em meio às lutas políticas de conservadores, liberais e republicanos, a fúria dos escravocratas. Por mais de uma vez sofreu tentativa de assassinato.

O juiz acabou por ser demitido de suas funções, em conseqüência da pressão desses desafetos.

Curiosamente, mais de 20 anos depois, o rancor contra Antonio Bento ainda era manifesto numa espécie de elogio póstumo, em notícia do jornal O Estado de São Paulo:


“O dr. Antonio Bento de Souza e Castro, o popularíssimo Antonio Bento das lutas pela abolição, faleceu ontem, nesta capital (…). Não era um brasileiro ilustre. Estudou e formou-se na nossa Faculdade de Direito, seguiu, logo depois de formado, a carreira da magistratura, dedicou-se por vezes ao jornalismo, mas, nem na Faculdade, nem na magistratura, nem no jornalismo conseguiu salientar-se. Não revelou jamais dotes de inteligência e seu espírito era notavelmente inculto. A ouvi-lo falar (falava como um homem rude do sertão) ou a ler o que ele publicava nos seus efêmeros jornais de combate (era deploravelmente incorreto e quase nunca sabia nada além da agressão pessoal ao adversário), ninguém diria que ele era um homem que tinha se sentado durante cinco anos nos bancos de um estabelecimento de ensino superior. Entretanto, o seu nome se fez célebre e glorioso em todo o Brasil e justamente célebre e justamente glorioso.” O Estado de São Paulo, 9.11.1898.

Fato curioso é que os dirigentes do jornal O Estado de São Paulo eram maçons tanto quanto Antonio Bento, porém defendiam a manutenção da escravatura, e a oligarquia que sempre dominou o País, usando, sempre, até atualmente, o recurso de desvalorizar, difamar os que contra os poderosos lutam e lutaram.

Antonio Bento, no entanto, defendia os direitos humanos e a oportunidade de uma vida digna para os trabalhadores que deveriam receber pelos trabalhos prestados. Surgiu, viveu e morreu com a discrição e humildade que prega a Maçonaria.

Deixou um legado de honra por tudo o que, com seus Caifazes, realizou em prol da libertação de um povo que vivia em extrema opressão e condições sub-humanas.

Depois de seu desaparecimento, surgiram os “heróis de ocasião”, alguns que nada fizeram nem mesmo para libertar seus próprios escravos.

Enquanto juiz municipal, Antonio Bento iniciou a construção da Santa Casa de Atibaia, que não foi concluída devido à sua mudança para a Capital.


Santa Casa de Atibaia

O surto de varíola de 1872 revelou mais de seu caráter benemérito: com a finalidade de cuidar dos doentes pobres, conseguiu arrecadar, entre os raros moradores que permaneceram na cidade, uma pequena quantia, completando as despesas do seu próprio bolso.

A seguir, trecho de sua carta então enviada ao Presidente da Província de São Paulo: “Pode V. E. conhecer que esta pequena quantia obriga-me a gastar do meu minguado e insignificante ordenado que mal dá para minha subsistência. Eu bem vejo que não me compete policiar a cidade, mas, como cristão que sou, não posso deixar perecer os pobres, que são os que mais sofrem nas epidemias; enquanto não der providências, pesam sobre mim essas despesas”.

Ainda em Atibaia, perseguido pelos escravocratas, foi vítima de atentado e atingido por um tiro na cabeça. Como resultado de sua persistência na libertação dos escravos, também ficou preso nessa cidade.

Em 1877, Antonio Bento transferiu sua residência para São Paulo, tendo sido o reorganizador da Confraria de Nossa Senhora dos Remédios, em que foi provedor.

Desde 1880, começou a trabalhar no Movimento Emancipação, que tinha Luiz Gama como chefe.


Túmulo de Luiz Gama, no Cemitério da Consolação, na capital paulista

Com a morte do benemérito abolicionista, em 24 de agosto de 1882, jurou sobre o túmulo, juntamente com outros companheiros, continuar o Movimento por ele iniciado.

Antonio Bento convenceu também a população a jurar sobre o cadáver de Luiz Gama que não deixaria morrer a idéia pela qual combatera aquele gigante. Um brado surdo, imponente, vasto levantou-se no Cemitério da Consolação. As mãos estenderam-se abertas para o cadáver… A multidão jurou…diante do majestoso espetáculo.


Cicatrizes de flagelação

Antes que a lápide de cimento selasse o último elo entre a vida e a morte, surge, dentre a massa compacta que acorreu ao Cemitério da Consolação, Antonio Bento, o substituto daquele negro morto, murmurando:


“Quando me vejo rodeado de tantos infelizes que, com lágrimas, imploram o meu fraco apoio e não acho nas leis deste desgraçado país um meio de socorrê-los, a minha alma se despedaça de aflição e tenho ímpetos de, largando a pena e empunhando a espada, bradar: ‘Liberdade ou morte!'”.

Enganou-se Antonio Bento. Não eram de resultados seguros e eficientes os meios então empregados pelos que trabalhavam pela libertação dos cativos.

Convencido de que, contra os interesses, de nada valiam palavras, deu ele nova feição à propaganda. Meses depois, Antonio Bento, sob o signo da cruz e a proteção do manto sagrado da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, da qual era provedor, organizou, entre seus companheiros, uma associação secreta encarregada de colaborar na heróica campanha, a famosa “Ordem dos Caifazes”.

Tratava-se de uma organização composta de um grupo heterogêneo que reunia juízes, jornalistas, tipógrafos, poetas, cocheiros, negociantes, advogados, estudantes de direito.

O nome Caifazes foi inspirado em uma passagem do evangelho de São João (João 11: 49 a 51):


“Um deles chamado Caifás, que era sumo sacerdote daquele ano, disse-lhes: ‘Vós não entendeis nada! Nem considereis que nos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.’ E ele nos disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação”.

Dentre os membros deste movimento, estavam Raul Pompéia, Bernardino de Campos, Macedo Pimentel, Arcanjo Dias, Baptista, Julio de Castilhos Alberto Correa, Luis Murat, Eugênio Egas, Enéias Galvão, cônego Guimarães Barroso, Hyppolito da Silva, Carlos Garcia, Bueno de Andrada, Muniz de Souza, major Pinheiro, Santos Garrafão, Quintino Lacerda e Antonio Gonçalves da Silva (O Batuíra), que se tornou um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o “Grupo Espírita Verdade e Luz”, onde, no dia 6 de abril de 1890, diante de enorme assembléia, dava início a uma série de explanações sobre “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Os argumentos dos “Caifazes”, variados e incontestáveis, deixavam bem claro que a escravidão era um entrave ao desenvolvimento do País, pois impedia o crescimento do mercado, a evolução das técnicas, corrompia o trabalho, a moral e a família.

Se, num primeiro momento, o movimento abolicionista paulista limitava-se a uma ação parlamentar, o segundo, que se inicia na década de 1880, é marcado por uma campanha que conta com a adesão de vários segmentos sociais e que passa a exercer uma ação direta para acabar com a escravidão.


O feitor

Considerada subversiva na época, a organização dos Caifazes promovia proteção a escravos que fugiam e incentivava a evasão dos negros das grandes fazendas.

O efeito causado por este movimento, além de mostrar as agruras da escravidão, foi de uma inevitável comparação do martírio do negro ao martírio de Cristo.

A ação revolucionária dos Caifazes deve ser vista a partir de um duplo aspecto: a desorganização do trabalho escravo, que incluía todo o processo de fuga (do incitamento à chegada ao Quilombo do Jabaquara em Santos) e a inserção do negro fugido no mercado de trabalho. A dinâmica e a complementaridade entre esses dois aspectos é que dão um caráter inovador ao movimento dos Caifazes.


Igreja dos Remédios, na capital paulista

Os escravos foragidos ou libertados pela Ordem dos Caifazes eram encaminhados ao Quilombo do Jabaquara, que abrigou mais de 10 mil escravos, e também para o Quilombo no Cubatão, criado por Antonio Bento. Dali eram enviados a Santos e, de Santos, ao Ceará.


Últimos vestígios do Quilombo do Jabaquara

Em sua casa, nas suas propriedades e às suas próprias custas, sustentava os negros foragidos.

Quando os soldados brasileiros recusavam-se a continuar capturando os escravos, e toda a imprensa iniciava manifestação a favor dessas idéias, valeu-se Antonio Bento do momento psicológico para dar o golpe fatal: enviou emissários por toda a parte pregando a revolta e a desorganização agrícola, que teve como conseqüências a fuga em massa e o abandono do trabalho, fazendo com que o governo passasse a cuidar do magno problema.

Em novembro de 1885, alguns senhores de escravos da província de São Paulo, devido ao derradeiro estrago que Antonio Bento promovia com seus Caifazes, formaram uma sociedade com capital de “20:000$000”. Este deveria ser empregado na manutenção de uma polícia que vigiasse e liquidasse os ladrões de escravos, os “Caifazes” abolicionistas.

Em 1882, Raul Pompéia e Antônio Bento de Souza e Castro fundaram em São Paulo o Jornal do Comércio. A esta folha abolicionista veio se juntar o A Redenção (1887), também fundado por Antônio Bento, que, na proposta editorial, pregava “a libertação imediata, sem prazo”.

Antonio Bento também fundou os jornais O Arado (1882) e A Liberdade (1888), que eram trincheiras, violentas tribunas, de onde combatia com veemência os escravocratas.

Os historiadores narram que, para Antônio Bento, a escravidão era uma mancha na História do Brasil. Há registro de um episódio em que um negro, que havia sido torturado, teria sido levado por Antônio Bento – cristão fervoroso – a uma procissão.

A eficácia do movimento foi tão significativa, despertando a consciência de igualdade racial, que a maioria das cidades paulistas, cedendo às pressões populares, decretaram mesmo antes da Lei Áurea, de 1888, a libertação dos escravos negros. Com isto, Antonio Bento conseguiu que alguns senhores contratassem os negros fugitivos como trabalhadores livres e assalariados, coisa impensável na época. Quando da promulgação dessa Lei, existiam somente 6% de escravos no Estado de São Paulo.
A Maçonaria

Membro da loja maçônica Piratininga, provedor da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios e participante ativo nas confrarias religiosas negras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Ifigênia e Santo Elesbão, Antonio Bento, rompendo barreiras étnicas e sociais, conseguiu reunir os poderosos e a gente do povo numa rede clandestina de solidariedade.

O movimento dos Caifazes tornou-se o elemento inédito do abolicionismo em São Paulo, na década de 1880. Dele, faziam parte magistrados, advogados, chefes de polícia, parlamentares, jornalistas, comerciantes, proprietários de caieiras e armazéns, controladores da Alfândega, empregados em serviços de navegação costeira e até mesmo membros de famílias de fazendeiros e corretores de café. Muitos destes pertenciam à poderosa organização da Maçonaria, que congregava ilustres membros da elite. A eles cabia fornecer aos Caifazes o suporte financeiro para seus deslocamentos, fuga e acoitamento dos escravos foragidos, o pagamento das custas dos processos para obter sua libertação ou aquisição de carta de alforria, e ainda providenciar colocação aos escravos resgatados como trabalhadores livres nas fazendas de café de outras regiões ou em pequenos serviços urbanos.

Antonio Bento deve ter sido iniciado na Loja Piratininga no período compreendido entre 1º de julho de 1867 e 7 de agosto de 1869, pois, após esta última data, a Loja adormeceu, e não há registros ou documentos históricos neste intervalo.

Em 19 de março de 1890, entrava no Saco de Propostas e Informações a seguinte proposta: “Propondo a elevação do Ir.’.

Dr. Antonio Bento de Souza e Castro, Gr.’. 30.’., ao Gr.’. 33.’., com dispensa de metaes, não só jóias, mas também patentes, porque: Antonio Bento é um vulto histórico; seu nome honra a Maçonaria Brasileira, que nele tem o mais arrojado interprete do art. 3º da Constituição, que estabelece a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.

Ele tem recursos para pagar os metaes, mas a graça deve ser absolutamente isenta dele, ao contrário a elevação não constituirá o reconhecimento de altos serviços prestados à Ordem e à Humanidade (Artº 137 e 144 da Lei Administrativa).

Não há necessidade de provas documentais, de que trata o Artº 145 da citada Lei, porque os seus efeitos estão registrados na História nacional contemporânea; estão nos anaes do antigo Senado descritas pelo ex-senador Christiano Otoni, que atribuiu as glórias da abolição a três entidades: ao ex-imperador 1º , ao visconde do Rio Branco e a Antonio Bento; estão nos anaes da Câmara dos Deputados apreciados por Joaquim Nabuco; estão em toda imprensa da Capital Federal e do Brasil; estão, enfim, na consciência nacional.”


Antonio Bento de Souza e Castro

Antonio Bento foi casado com D. Benedita Amélia de Souza e Castro, paulistana, filha de Brandino Antonio Gonçalves e de D. Marinha Jesuína da Conceição, com quem teve quatro filhos: Bento, Antonio Bento, Eucharides e Joab.

Algumas palavras resumem parte de sua história, pois seria difícil resumi-la toda, já que esbanja uma trajetória repleta de acontecimentos marcantes.

Benedita Amélia consolava os perseguidos, acolhia e protegia os que mais sofriam, dava exemplos diários de coragem e perseverança.

Junto com Batuíra, Anália Franco e outros que pertenciam ao grupo dos Abolicionistas e Republicanos, patrocinava a construção de abrigos e colégios para jovens, meninos e meninas abandonados.


Benedita Amélia de Souza e Castro

Ao lado de Antonio Bento, enfrentou tudo com discrição, firmeza, dedicação e um profundo amor ao próximo.

Após o falecimento de Antonio Bento, muda-se da Rua do Carmo, juntamente com seu neto Bento de Souza e Castro, para sua chácara na Freguesia do Ó, continuando com seu trabalho benemerente, no qual dividia com os necessitados os frutos de suas economias. Em 21 de novembro de 1929 faleceu Benedita Amélia, uma mulher à frente do seu tempo.
A LOJA MAÇÔNICA ANTONIO BENTO

Em 13 de maio de 2005, durante a homenagem prestada por irmãos da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e do Grande Oriente do Brasil ao abolicionista Luiz Gama, junto ao seu túmulo no Cemitério da Consolação, é lançada a semente para a fundação de uma Loja que homenageasse também o abolicionista Antonio Bento.

Decorrido exatamente um ano após este evento, é fundada, por um grupo de Irmãos, a Augusta e Respeitável Loja Simbólica Antonio Bento nº 651 – cujos princípios e ideais são o resgate das raízes que fizeram dos Caifazes um movimento para derrocar a “enorme muralha mongólica da escravidão” (Rui Barbosa).
RESUMO BIOGRÁFICO

No ano de 1888 ocorreu uma tumultuada eleição para a Mesa Administrativa, cujos membros, na sua maioria, não chegaram a tomar posse. Nesta eleição estava presente Antonio Bento de Souza e Castro, sucessor de Luiz Gama no Centro Abolicionista de São Paulo, provedor da Confraria de Nossa Senhora dos Remédios e protetor da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de São Paulo.

O cargo do provedor da Confraria de Nossa Senhora dos Remédios (onde estava instalada a tipografia do jornal A Redenção) facilitou o contato com os irmãos de várias irmandades. Apesar de serem entidades autônomas, havia fluente comunicação entre elas promovida pelos irmãos adeptos desse movimento.

Nos livros de assentamentos das Irmandades encontram-se os mesmos irmãos inscritos na Confraria dos Remédios, na Irmandade de São Benedito, na Irmandade de Santa Efigênia e Santo Elesbão, ao mesmo tempo ou alternadamente.

O cunho popular e ação ilegal dos Caifazes se faziam da seguinte maneira: infiltravam-se nas fazendas, utilizando os mais diversos disfarces, para conquistar a confiança dos escravos e convencê-los a fugir. Era a parte mais arriscada e mais difícil dessa empreitada, pois podiam ser denunciados ou descobertos e muitos escravos resistiam à fuga com medo dos castigos.

Estes foragidos vinham para São Paulo, onde permaneciam escondidos nas igrejas, nas casas particulares, e em estabelecimentos comerciais, cujos donos muitas vezes eram membros das irmandades.

De São Paulo partiam para Santos, a pé ou ajudados por ferroviários adeptos das idéias abolicionistas. Aí permaneciam mais uma vez escondidos até se dirigirem para o Quilombo do Jabaquara, em Santos.

Organizado em torno das irmandades negras, o povo mais humilde dava aos Caifazes um apoio invisível como o dos modestos empregados das estradas de ferro – por ironia, a última novidade da modernidade destinada a promover a economia de exportação do café, garantindo seu transporte até o porto.

A ferrovia se tornou um dos principais instrumentos de organização das fugas de escravos, conduzidos de trem até a capital ou ao porto de Santos. Pessoas comuns, e mesmo os muitos imigrantes instalados na cidade a partir de 1875, cuidavam, espontaneamente, das necessidades cotidianas da população flutuante do Jabaquara, por onde, calcula-se, passaram cerca de 10.000 escravos fugidos.

A negra Brandina, dona de uma pensão, e seu amásio, o português Santos Garrafão, empregado numa casa de comércio, eram algumas das figuras populares que se destacaram no cenário abolicionista. O casal mantinha um pequeno quilombo na Ponta da Praia e se ocupava de garantir alimentação e cuidados de saúde na Santa Casa de Misericórdia para os refugiados do Jabaquara. Garrafão era também um dos principais articuladores da ação dos Caifazes de Antonio Bento em São Paulo com os abolicionistas santistas.

Ao mesmo tempo em que contribuíram para desorganizar a economia escravocrata pelo confisco da mão-de-obra escrava e a inserção dos libertos no mercado do trabalho assalariado, os Caifazes marcaram a mentalidade de uma época. Esta é a característica mais significativa e revolucionária do movimento dos Caifazes de Antonio Bento, que representou em São Paulo antes uma conquista de todo o povo paulistano e também dos escravos do que uma concessão do poder imperial.


Túmulo de Antonio Bento, no Cemitério da Consolação, na capital paulista

Bibliografia Consultada

ALVES, HENRIQUE L. O Fantasma da Abolição. Série Euclides da Cunha -1.Centro de Estudos Históricos “Gustavo Barroso”. – Lorena, São Paulo – Prêmio Ramos Paz da Academia Brasileira de Letras, 1962.
CASTELLANI, JOSÉ. Piratininga: história da loja maçônica tradição de São Paulo/Sociedade Maçônica Loja Capitular Piratininga. Texto, comentários e notas. Sociedade Maçônica Loja Capitular Piratininga São Paulo, SP – Edição comemorativa do ano do Sesquicentenário – São Paulo: OESP, 2000.
Processo Antonio Bento . JC Volume 2. – Atibaia de Outrora – JC Conti [18–].

Fonte: www.novomilenio.inf.br
Caifazes

Os Caifazes foram organizados por Antônio Bento, filho de um farmacêutico, nascido em são Paulo em 1841.

Bento frequentara a Faculdade de Direito e depois de formado fora juiz de paz e juiz municipal.

Nos cargos que ocupou, procurou sempre defender os escravos seguindo os passos de Luís Gama. Profundamente religioso, colocou a religião a serviço dos escravos e da sua emancipação. Desde jovem, participou do movimento abolicionista. Organizou uma sociedade secreta com sede na confraria dos homens negros da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em São Paulo.

Aí reunia um grupo de pessoas pertencentes às mais variadas camadas sociais: negociantes como Abílio Soares e Costa Moreira, farmacêutico como Luís Labre e João Cândido Martins, advogados, jornalistas, operários, cocheiros, artesãos e estudantes da Faculdade de Direito, brancos, pretos e mulatos. Em seu jornal, A Redempção, concitava o povo a combater a escravidão com todos os meios de que dispunha.

Os Caifazes denunciavam pela imprensa os horrores da escravidão, defendiam na justiça a causa dos escravos, faziam atos públicos em favor da sua emancipação, coletavam dinheiro para alforrias e protegiam escravos fugidos. Suas atividades não paravam aí. Perseguiam também aos capitães-do-mato incumbidos de apreender escravos fugidos, sabotavam a ação policial e denunciavam os abusos cometidos por senhores, expondo-os à condenação pública. Procuravam, ainda através da imprensa e da propaganda, manter a população constantemente mobilizada.

Os Caifazes operavam tanto em São Paulo quanto no interior das províncias instigando os escravos a fugir, fornecendo-lhes os meios, protegendo-os durante a fuga. Retiravam-nos das fazendas onde viviam como escravos, para emprega-los em outras como assalariados. Encaminhavam-nos para pontos seguros, onde os escravos poderiam escapar à perseguição de seus senhores. Um destes lugares era o famoso Quilombo Jabaquara, que se formara nos morros dos arredores de Santos. Este quilombo chegaria a reunir mais de 10.000 escravos fugidos.

Fonte: historiapensante.com