por Eli Boscatto
Ada Rogato é uma personalidade pouco conhecida fora do seu meio – o mundo da aviação - mas foi uma mulher destemida e pioneira num país onde os grandes feitos tanto quanto os malfeitos são logo esquecidos e pouco se faz para preservar a memória daqueles dos quais temos motivos para se orgulhar.
Ada Leda Rogato nasceu em São Paulo em 22 de Dezembro de 1910 filha única dos imigrantes italianos Guilherme Rogato e Maria Rosa Grecco Rogato, e faleceu em 15 de novembro de 1986 na mesma cidade.
Quando se fala de mulheres que seguiram profissões ou atividades que até então só homens exerciam, Ada Rogato rompeu paradigmas para sua época. Ela foi a primeira mulher no Brasil a obter licença como paraquedista, a primeira piloto de planador, a terceira a obter brevê para pilotar avião (1935) e a primeira piloto agrícola do país.
Também se destacou pelas acrobacias aéreas , voava em aeronaves de pequeno porte e – ao contrário de outras famosas aviadoras – sempre sozinha. E graças às suas proezas, sua fama nacional e internacional cresceu a partir dos anos 1950.
Tudo isso numa época em que as mulheres nasciam de certa forma com um destino predeterminado e o que se esperava delas é que se casassem e constituíssem família, e embora não se tenha quase nenhuma informação sobre sua vida pessoal, é possível imaginar as barreiras que Ada Rogato enfrentou para alcançar seu sonho de voar. Talvez por isso mesmo nunca tenha se casado ou tido filhos.
Consta que era discreta e persistente no preparo dos vôos, assim como na vida particular, e trabalhava para viver como funcionária pública estadual. Entre os títulos que lhe deram para homenageá-la, um que lhe cabe muito bem é o de “gaivota solitária”.
Liberdade de voar num horizonte qualquer, liberdade de pousar onde o coração quiser.
Cecília Meireles
Cessna 140 de Ada Rogato - Museu TAM
Fontes: http://www.engbrasil.eng.br/revista/v112009/historia/har.pdf;
www.bordim.fot.br/zoom.php