Por Emerson Santiago
O episódio que ficou conhecido como o massacre da praça da paz celestial refere-se ao desfecho de uma série de manifestações ocorridas entre 15 de abril a 4 de junho de 1989 em Pequim, capital chinesa. Neste período, manifestantes, sobretudo estudantes universitários, intelectuais e trabalhadores acamparam na Praça da Paz Celestial (Tian An Men) com o objetivo de reivindicar maior liberdade política. Ao reprimir tais manifestantes, as forças do governo encurralaram os manifestantes com armas e tanques, provocando um grande número de mortes, uma verdadeira chacina. As vítimas do massacre podem ter chegado a milhares, não se sabe exatamente o número de mortos e feridos, embora o governo tenha reconhecido oficialmente a morte de “apenas” poucas centenas de pessoas. Os sobreviventes foram perseguidos e presos, e até hoje, o tema é proibido na sociedade chinesa.
Os protestos de Pequim fazem parte do movimento que varreu todo o mundo socialista no final da década de 1980 e que resultou no colapso da maioria dos governos do bloco socialista. Alguns poucos regimes, entre eles o chinês, sobreviveram a esta época de mudanças radicais, mas não sem alterações na sua política chamada “linha dura”, de antagonismo ao mundo capitalista. De fato, a China começou a investir a partir destes protestos numa política de abertura de sua sociedade e economia, apesar de haver até hoje ainda um controle estatal à mídia e à influência cultural externa.
Os protestos por reformas no regime chinês têm sua origem na exoneração de Hu Yaobang de seu cargo de secretário geral do Partido Comunista chinês por Deng Xiaoping, por ser considerado um liberal reformista. Ao mesmo tempo em que os regimes socialistas enfrentavam os protestos populares, principalmente na União Soviética e no leste europeu, em abril de 1989 morre Hu Yaobang, e durante o seu funeral, estudantes se reúnem na Praça da Paz Celestial reivindicando um encontro com o primeiro-ministro Li Peng. O pedido não é aceito e os estudantes decidem iniciar uma greve nas universidades da capital chinesa. Os protestos acabaram por atrair operários, camponeses e cidadãos comuns, no que se transforma em um movimento por maior liberdade de expressão dentro do país, bem como melhorias nas condições de vida e fim da corrupção.
A 20 de maio o governo decreta lei marcial e acaba pondo um fim aos protestos de modo violento. Nesses 23 anos, apesar da economia chinesa ter dado um salto fantástico, a repressão política e a censura, bem como o desrespeito aos Direitos Humanos são ainda negligenciadas pelo partido comunista no poder desde 1949.
Bibliografia:
Repressão de estudantes na Praça da Paz Celestial completa 23 anos. Disponível em: <http://www.portugues.rfi.fr/mundo/20120604-repressao-de-estudantes-chineses-na-praca-da-paz-celestial-completa-23-anos> Acesso em: 04 jun. 2012.
Massacre na Praça da Paz Celestial. Disponível em: <http://www.igeduca.com.br/biblioteca/que-dia-e-hoje/massacre-na-praca-da-paz-celestial.html> Acesso em: 04 jun. 2012.
Nos 23 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, China bloqueia todas as referências à data nas mídias sociais. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/cotidiano/nos-23-anos-do-massacre-da-praca-da-paz-celestial-china-bloqueia-todas-as-referencias-a-data-nas-midias-sociais/55835/> Acesso em: 04 jun. 2012.
Fonte: