INTRODUÇÃO
Período compreendido entre o aparecimento dos primeiros hominídeos, há aproximadamente 4,4 milhões de anos, e o surgimento da escrita, por volta de 4000 a.C. Como os estudos desse tema estão em constante revisão, surgem a cada nova descoberta datações mais remotas. Em meados de 2002, um grupo de paleontólogos da França e do Chade divulgou a descoberta de um fóssil que teria pertencido ao primeiro antepassado humano já conhecido – o Sahelanthropus tchadensis ou homem de Toumai –, ao qual se atribui entre 6 milhões e 7 milhões de anos. Esse fóssil foi encontrado no Chade, na África Central, e pode revolucionar o que se sabe até agora sobre a evolução da espécie humana.
Ao longo do primeiro período da Pré-História, o Paleolítico, a espécie evoluiu, cresceu fisicamente, ampliou sua capacidade intelectual e desenvolveu a linguagem oral. No segundo período, o Neolítico, o homem organizou-se em tribos, nas quais prevalecia a propriedade coletiva dos meios de produção – mais tarde substituída pela propriedade privada.
O homem paleolítico sobrevivia da caça, da pesca e da coleta de vegetais. Deslocava-se em função dos recursos alimentares disponíveis. Inventou ferramentas simples e descobriu a maneira de produzir e controlar o fogo. Fez pinturas rupestres nas cavernas, retratando animais daquela época ou cenas do cotidiano. Por volta de 10000 a.C., o homem começou a domesticar animais e a cultivar plantas. A garantia de alimento levou à sedentarização da espécie e ao aparecimento das primeiras aldeias. Na última fase da Pré-História, o homem aprendeu a fabricar objetos de metal, ergueu aldeias, construiu e administrou cidades, que se tornaram os núcleos das futuras civilizações. A capacidade que tinham os primeiros homens de fabricar suas ferramentas e de transmitir o que aprendiam aos seus iguais, os separava radicalmente dos outros animais. Esta superioridade estava fundamentada em diferenças físicas importantes: um cérebro maior e muito mais complexo; a capacidade de caminhar sobre dois membros e de manter os outros livres; a oposição do dedo polegar em relação aos outros dedos da mão, permitindo movimentos muito mais precisos. Foram estes fatores que possibilitaram ao homem primitivo um desempenho mais eficaz na obtenção de alimentos e no domínio sobre os outros animais.
As Fases da Pré-História.
O exame dos instrumentos e vestígios deixados pelos ancestrais do homem permitiu aos cientistas dividirem a Pré-História em dois períodos – o Paleolítico e o Neolítico –, de acordo com as características e o modo de vida de cada época. Uma pequena etapa entre esses dois períodos é denominada Mesolítico. O final do período Neolítico, que antecede o aparecimento das primeiras civilizações, é também conhecido como Idade dos Metais.
Apesar de estabelecerem linhas divisórias, os estudiosos salientam que a passagem de uma etapa à outra não ocorreu bruscamente, caracterizando-se por uma transição lenta e gradual.
Paleolítico. Também denominado Idade da Pedra Lascada, é o período mais longo e antigo da Pré-História. Iniciou-se há aproximadamente 4,4 milhões de anos, quando surgiram os primeiros hominídeos, e estendeu-se até 10000 a.C. Os ancestrais humanos utilizavam instrumentos rudimentares feitos de pedra lascada. Em diferentes momentos, aprenderam a produzir e a utilizar o fogo. Isso representou um grande avanço para a espécie, pois permitiu o aquecimento durante o inverno, a defesa contra o ataque de animais e a preparação de alimentos. O homem paleolítico retirava seu sustento da natureza. A subsistência era garantida pela coleta, caça e pesca. A vida era caracterizada pelo deslocamento constante de uma região a outra – o nomadismo –, em busca de locais onde houvesse abundância de alimentos e um ambiente mais propício à sobrevivência.
Os hominídeos viviam em bandos, de 25 a 50 membros. Moravam em abrigos naturais, como copas de árvores, tendas de pele de animais, cabanas feitas de galhos ou cavernas, nas quais deixaram importantes marcas – as pinturas rupestres –, que auxiliam os cientistas a desvendar os primórdios da espécie humana.
Durante a última glaciação – entre 100000 e 10000 a.C. , as alterações climáticas e ambientais estimularam a intensa migração de animais e seres humanos, que se espalharam por diversas regiões do globo.
Essa onda migratória foi seguida por avanços tecnológicos, como a invenção do arco e da flecha e do arremessador de lanças, e por maior familiaridade na utilização do fogo. Também teve início a domesticação de animais e o cultivo de plantas. Essa fase de profundas mudanças e progressos é chamada “revolução neolítica” ou agrícola. Ela marca o início do processo de sedentarização e o ingresso no Neolítico, a última etapa da Pré-História. Alguns cientistas denominam de Mesolítico essa fase final da época paleolítica. A garantia do alimento possibilitava uma margem maior de segurança e permitia que o homem se dedicasse a outras atividades que não fossem necessariamente ligadas à estrita sobrevivência: a fabricação das tramas que levaram à criação dos tecidos; a fabricação dos objetos de cerâmica que possibilitavam guardar e conservar os alimentos; a produção de ferramentas mais aperfeiçoadas, como as de pedra polida, ou mais delicadas, como as agulhas e os pequenos anzóis; construção de moradias que protegessem melhor do frio e dos outros perigos.
Neolítico. Também denominado Idade da Pedra Polida, iniciou-se em 10000 a.C. e prolongou-se até 4000 a.C., quando o aparecimento de sistemas simples de escrita permitiu registrar as atividades humanas e marcou o início da História Universal.
Durante o Neolítico, o homem deixou de depender da caça e da coleta e passou a sobreviver da agricultura e da criação de animais. Como não mais precisava deslocar-se constantemente para garantir o sustento, acabou reformulando totalmente o seu modo de vida em grupo. Tornou-se sedentário, estabeleceu uma nova organização social, constituiu tribos unidas por laços familiares, aldeias e, mais tarde, cidades, situadas em áreas férteis, às margens de grandes rios.
No início do Neolítico, o homem utilizava a pedra polida para fabricar armas e ferramentas de trabalho, agora muito mais sofisticadas e resistentes. Ele passou a usar madeiras para construir moradias, canoas e instrumentos de defesa.
Durante o Neolítico, o homem abandonou as cavernas e passou a viver em habitações como palafitas, cabanas de madeira ou de barro e tendas de couro. Também desenvolveu a noção de propriedade e, aos poucos, deixou de produzir coletivamente.
O final do Período Neolítico – denominado Idade dos Metais – foi marcado por intensa utilização de metais, graças à descoberta e ao desenvolvimento de técnicas de fundição. Aos poucos, os instrumentos de pedra foram substituídos por instrumentos de cobre, de bronze e, mais tarde, de ferro.
O progresso técnico permitiu aumentar a produção agrícola e possibilitou o crescimento populacional. Nessa fase, grupos mais adiantados tecnicamente passaram a exercer domínio sobre outros, dando origem a sociedades cada vez mais complexas. A necessidade de se proteger contra ameaças externas e de produzir em grandes áreas, ocupadas por várias aldeias ou grandes grupos familiares (as tribos), deu início à organização de Estados, já no final do Neolítico. O aparecimento de sistemas simples de escrita na região da Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C., marcou o fim da Pré-História.
Recapitulando, durante o Paleolítico, o mundo físico e natural alterou-se profundamente e o gênero humano evoluiu no seu aspecto físico, bem como modificaram-se seus instrumentos. Assim, centenas de milênios decorreram entre o aparecimentos dos primeiros seres que utilizavem seixos para obter grosseiros utensílios, e o surgimento do Homo Sapiens- Sapiens, portador de ferramentas de pedras elaboradas e diferenciadas.
No período Neolítico que sucede ao Paleolítico, as variações climáticas e geológicas são bem reduzidas; as grandes transformações da face da terra virão em função da capacidade de o homem modificar o meio-ambiente. O Neolítico iniciou-se há dez mil anos atrás, com a descoberta da agricultura, que trouxe a sedentarização do homem, a domesticação dos animais, a descoberta de técnicas como o polimento da pedra, a cerâmica e a tecelagem.
Na Idade dos Metais - bronze e ferro - caracterizada pelo aumento da população e pelo uso de instrumentos de metal, que determinaram o aparecimento de excedentes na produção agrícola. A partir daí, desenvolveram-se as trocas, a escrita, o artesanato, a divisão do trabalho, a propriedade privada e as classes sociais, dando origem às cidades e à CIVILIZAÇÃO.
AS ORIGENS DO HOMEM
Durante o período Paleolítico, iniciado provavelmente a cerca de 2 000 000 de anos, os grupos humanos surgiram, evoluíram e se espalharam na superfície terrestre, ligados ao movimento das quatro grandes glaciações da era quaternária.
As glaciações são fases marcadas por tempestades de neve, ventos violentos, frio rigoroso e empobrecimento da cobertura vegetal da terra. Cada glaciação é sucedida por uma fase interglaciária, mais úmida e mais temperada, que se instala progressivamente e na qual a calota de gelo recua em direção ao polo, a floresta reconstitui-se, os rios retomam seu curso e o nível do mar sobe.
A extensão variável dos glaciares condicionou os territórios onde os antepassados do homem podiam circular(planícies, grutas, abrigos, praias, etc) e onde foram encontrados fósseis e indústrias humanas. Nas regiões situadas fora da influência glaciar(zona mediterrânea e África), a cronologia climática baseia-se na alternância de fases úmidas e áridas.
É difícil elaborar-se um quadro satisfatório da evolução humana, visto que não existem registros arqueológicos completos. Atualmente aceita-se o seguinte esquema básico de evolução: há uns 7 milhões de anos, de um grupo de driopitecos(também chamados "procônsules) separou-se o grupo dos ramapitecos, que constitui a "ponte para o homem" e sobre os quais existem pouquíssimos achados arqueológicos. A eles sucederam-se quatro estágios de hominídeos: o australopitecídeo, o pitecantropóide, o neandertalense e o moderno.
O estágio australopitecídeo, iniciado talvez há uns dois milhões de anos, inclui achados fósseis que podem ser reunidos em dois grupos: os pequenos australopitecos e os grandes australopitecos ou parantropos.
Os pequenos australopitecos eram bípedes, mediam cerca de 1,20m e pesavam entre 25 e 50 quilos, com capacidade craniana média de 500 cm3 . Seus primeiros fósseis foram encontrados na garganta de Olduvai, Tanzânia, n África, junto a seixos grosseiramente trabalhados à mão.
A postura vertical trazia a vantagem de libertar as mãos para a manipulação; a associação dos movimentos das mãos com os olhos estimulava o cérebro. Assim, o bipedismo constituiu uma base para as habilidades culturais.
Aos australopitecos pequenos sucederam-se os australopitecos grandes ou parantropos, do tamanho de homens moderno, porém com o cérebro de 600 cm3. Foram encontrados em Olduvai e no Saara, na África e em Java, na Indonésia. A passagem do estágio australopitecídeo ao estágio pitecantropóide é um problema que cobre um vazio de achados fósseis de 1,25 milhões de anos. Deste período existem achados de pedra, mas não de ossos.
Depois dos australopitecos, os fósseis encontrados foram classificados como pertencentes ao estágio pitecantropóide. Os primeiros pitecantropos ou "homo erectus" datam de cerca de 500 000 anos e foram descobertos em Java (Indonésia), Pequim (China), Heidelberg (Alemanha), Tenerife (Marrocos, Olduvai (Tanzânia) e na Hungria. Viveram na Segunda fase interglaciária e seu cérebro possuía capacidade craniana média de 1 000 cm3.
Os pitecantropos conheciam o fogo, fato que lhes permitia habitar em cavernas e prolongar o período das atividades, antes limitado pelo cair da noite. Nas cavernas onde moravam, inclusive em lugares muito frios como na Europa, foram encontradas boas quantidades de carvão acumuladas, indicando que várias gerações deles acendiam foguerias. Eram carnívoros, andarilhos e praticavam a caça de rastreio.
Proporcionando luz para habitar as cavernas, calor para enfrentar climas mais frios e um método para preservar a carne, o fogo representou uma grande revolução na cultura dos hominídeos. E com sua ajuda, provavelmente iniciaram a migração pelo planeta, visto que os hominídeos do estágio pitecantropóide só não foram encontrados na América e na Austrália. Depois dos pitecantropos, há uma nova lacuna paleontológica de mais ou menos 400 000 anos. Só então começam a aparecer os esqueleos do homem de Neandertal.
Os neandertalenses viveram entre 100 000 e 40 000 anos atrás e possuíam uma capacidade cereberal próxima à do homem moderno. Eles poderiam ser descritos como possuidores de uma caixa crianiana moderna e uma face próxima à dos pitecantropos. Talhavam a pedra com perfeição e praticavam ritos funerários enterrando seus mortos. Descobriu-se que um esqueleto dessa espécie, desenterrado em Shanidar, foram recoberto com oito espécies diversas de flores. Ora, isso demonstra a existência de ritos conscientes, além de uma vida social organizada tal qual a das tribos primitivas de homo sapiens-sapiens.
Os esqueletos sucessivos aos neandertaleneses ssão denominados de Cro-Magnon ou Homo sapiens-sapiens. Foram encontrados numa localidade da França que lhes deu o nome, a cerca de 35 000 anos, no Paleolítico superior. O uso de instrumentos de caça provavelmente ativou o desenvolvimento do cérebro e a redução das mandíbulas e dos dentes até então usados como ataque e defesa.
O homem de Cro-Magnon é o nosso antepassado direto. Vestido como um homem atual, ele seria indistinguível nas ruas das cidades. Possuía estatura elevada e capacidade craniana de 1500 cm3 em média. Desenvolveu a linguagem articulada, fazia instrumentos especializados para a caça e a pesca e criou a arte rupestre e a escultura.
Com o aparecimento destes primeiros seres modernos, a história física do homem se transformou na história de suas raças: pequenas subdivisões internas que começaram a se formar graças ao isolamento geográfico e ao "genetic drift".
A complexidade do cérebro humano, no entanto, levou estes primeiros homens a perceber que era possível interferir na produção tanto das plantas quanto dos animais de que tanto precisavam para se alimentar. A experiência de geração após geração acabou por levar o homem a descobrir a agricultura e a domesticação dos animais. Foi um passo decisivo para a transformação das sociedades primitivas.
Entretanto, é preciso lembrar que cada sociedade encontrou suas próprias soluções e respostas para os problemas que a sobrevivência e o quotidiano iam colocando. Além disso, muitas vezes, milhares de anos transcorreram entre uma criação e outra, em um processo contínuo de experimentação que foi construindo as marcas da passagem dos homens pela terra.
Fonte: Biblioteca Virtual | Klickeducação | Geociites |