Por Guilherme Said
"O Fato da multiplicidade de interpretações dos caracteres babilônicos e assírios não pode ser explicado por si mesmo.Tal sistema mostra os sinais de um desenvolvimento demorado. Podia somente tratar-se de um produto de segunda mão." (C.W.Ceram)
Afinal, como podemos realmente compreender a história da antiga Babilônia? Qual a chave para essa compreensão? Ficamos maravilhados com a cultura, a tecnologia, os templos e palácios encontrados nessa civilização, sem no entanto entender como foi possível a construção de toda aquela estrutura há milhares de anos.
Na verdade, o grande problema que surge quando tentamos compreender a história dos povos antigos como a Babilônia, é a nossa superficialidade na pesquisa. Como assim? O problema é que procuramos entender a civilização em questão sem nos aprofundarmos seriamente nas origens desse povo.
Nos sentimos, também, impossibilitados de prosseguir com esse maior aprofundamento. Os dados são escassos e no meio de tantas teses e suposições nos vemos como que paralisados diante de tantas perguntas que surgem em nossa mente. Parece-nos impossível decifrar os segredos e mistérios dessas civilizações.
Qual a origem da Babilônia?
Apesar de todos os obstáculos encontrados no estudo sobre a origem da antiga Babilônia, podemos destacar aqui algumas pesquisas e livros que podem nos ajudar a compreender o que realmente aconteceu há milhares de anos na região da Mesopotâmia.
Até o século XIX nada havia de materialmente certo a respeito do império babilônico. Depois de muito trabalho, correndo perigos e lutando com enormes dificuldades, exploradores franceses e ingleses se certificaram de que sob os montículos que existem naquela região jaziam sepultados restos da vida da antiguidade, por tanto tempo julgados perdidos.
Até aquele momento, o conhecimento sobre a Babilônia era baseado em notícias provenientes das lendas transmitidas de geração em geração, aos supostos feitos dos reis do país , estreitamente relacionados com a história dos judeus, e também aos escritos de autores gregos, tais como Heródoto, que visitaram a Ásia Ocidental em épocas diferentes.
Assim, com as sucessivas escavações e pesquisas, a história daquela civilização veio a ser melhor compreendida pela humanidade.
AS DESCOBERTAS
Com as intensas pesquisas feitas na região, foram descobertos vários vestígios e inscrições que levaram os pesquisadores a concluírem que uma cultura até mesmo mais antiga que a egípcia tinha se desenvolvido naquela parte da Terra.
Foi a partir dessas descobertas que se descobriu a história dos Sumerianos, o "povo misterioso" que antecedeu os assírios e babilônios.
O descobrimento de um mundo anterior foi de tão grande importância para a compreensão da Babilônia, quanto foi o descobrimento da cultura de Creta e Tróia para se compreender a antiguidade grega.
Foram os sumerianos que melhoraram as condições da região, construindo um grande sistema de canais e fazendo o saneamento e o cultivo do terreno. Construíram também muitos templos, como atestam os tijolos, pórticos e colunas encontrados nas ruínas das cidades de Ur, Shirpurla, Erech e outras.
Não esqueçamos, também, que foi esse povo que criou a tão conhecida Escrita Cuneiforme, que se constituiu na primeira escrita de que a humanidade teve conhecimento.
Alguns estudiosos chegaram a dizer que quase tudo que tinha sido apresentado pela Babilônia remontava ao trabalho dos sumerianos.
Consideramos importante destacar aqui um trecho bastante interessante do livro "Deuses, Túmulos e Sábios "do historiador C.W. Ceram, mostrando as conclusões dos pesquisadores sobre a origem da Babilônia e os sumerianos:
"Juntaram-se centenas de pesquisas isoladas, convergindo na afirmação de que não podiam ser nem os babilônios semíticos, nem os assírios, os inventores da escrita cuneiforme, mas um outro povo, não semita, cuja existência, aliás, ainda não pode ser provada por um único achado sequer. Tal hipótese não deixava nada a desejar em ousadia.Contudo, os pesquisadores tornaram-se tão seguros, no decorrer dos anos, que, apesar de apenas afirmar a existência de tal povo, deram-lhe um nome. O franco-alemão Jules Oppert falou em sumerianos. É deduzido do título dos mais antigos soberanos da parte mais austral do país dos Dois Rios, os reis de Sumer e Akkad. Não demorou muito e descobriu-se que quase tudo que tinha sido apresentado por Babilônia e Nínive remontava ao trabalho preparatório do misterioso povo sumeriano."
OS QUATRO ANIMAIS-HUMANOS E OS JARDINS SUSPENSOS
É difícil não citar os chamados "animais-humanos" e os Jardins Suspensos quando se está falando da história da antiga Babilônia.
Os animais-humanos são os tão conhecidos "quatro gênios" que são bastante citados na Bíblia.
São chamados de animais-humanos, pois, segundo as antigas escrituras, são seres que possuem expressões humanas e corpos de animais.
Podemos aqui citar algumas passagens da Bíblia que falam dos "quatro gênios". Citemos alguns trechos da mensagem do profeta Ezequiel:
"E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem..."
"(...) cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas"
"(...) e a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à mão direita todos os quatro tinham o rosto de leão, e à mão esquerda todos os quatro tinham o rosto de boi; e também tinham todos os quatro o rosto de águia"
"E cada um tinha quatro rostos: o primeiro rosto era rosto de querubim, o segundo era rosto de homem, o terceiro era rosto de leão, e o quarto era rosto de águia."
Podemos também mostrar alguns trechos do Apocalipse de João:
"(...) também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal; e ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás"
"Os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos..."
"Um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da ira do Deus que vive pelos séculos dos séculos."
Foi com grande espanto e admiração que os pesquisadores encontraram os restos dessas gigantescas figuras que foram construídas na região da Babilônia há milhares de anos. Quando o explorador Henry Layard,explorando aquela região, pôs a descoberto uma das estátuas, foram necessários mais de trezentos homens para tirá-la do enorme carro em que havia sido colocada.
É bastante interessante observar essa relação entre as escrituras antigas e os achados. Isso mostra que as obras de arte encontradas tinham um grande significado, não sendo apenas produtos da fantasia desses povos antigos.
Existe também uma certa polêmica que diz respeito aos construtores dos animais-humanos e ao significado dessas obras. Alguns falam que esses seres eram "deuses austrais" dos assírios, protetores dos palácios dos reis. Outros estudiosos falam que as obras são bem mais antigas e provavelmente tenham sido construídas pelo antigo povo Sumeriano. Neste último caso, as construções teriam um significado totalmente diferente, espiritual.
Recomendamos, no final deste texto, alguns livros, para que as pessoas interessadas em se aprofundar neste assunto, possam tirar suas próprias conclusões.
OS JARDINS SUSPENSOS
Os famosos "Jardins Suspensos da Babilônia" se constituem em uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Existem muitas hipóteses e polêmicas sobre os Jardins Suspensos. Não se sabe ao certo quem foi o responsável por sua construção e nem porque foram construídos.
Muitos estudiosos disseram que os Jardins foram construídos em 600 a.C. por ordem do poderoso Nabucodonosor II, para "agradar e consolar sua esposa preferida, Amitis, que sentia saudade das montanhas e do verde de sua terra natal", a Média.
Na verdade, nenhum vestígio concreto dos jardins permanece. Mas, enquanto as mais detalhadas descrições dos Jardins veem dos historiadores Gregos como Berossus e Diodorus, escrituras babilônicas não falam nada sobre o assunto. Nos documentos do tempo de Nabucodonosor não há uma simples referência aos Jardins Suspensos, embora descrições dos palácios, da cidade da Babilônia e das muralhas são encontradas. Mesmo os historiadores que deram descrições detalhadas dos Jardins Suspensos nunca os viram. Historiadores modernos argumentam que quando os soldados de Alexandre, o Grande, conquistaram a fértil terra da Mesopotâmia e viram a Babilônia, eles ficaram impressionados. Mais tarde, quando eles retornaram para terra natal deles, contavam história sobre fantásticos jardins e palmeiras da Mesopotâmia... sobre o palácio de Nabucodonosor... sobre a Torre de Babel e os zigurates (espécie de templo).
Até hoje, arqueologistas ainda estão trabalhando para juntar evidências suficientes antes de alcançar as conclusões finais sobre a localização dos Jardins, seu sistema de irrigação e sua verdadeira aparência.
Alguns pesquisadores consideram também que a data de construção dos Jardins é mais antiga que a data hoje aceita (600 a.C.). Talvez tivessem sido, também, os próprios sumerianos os construtores dessa maravilha do mundo antigo.
Fonte: http://www.socultura.com/index.php?option=com_content&view=article&id=148:a-antiga-babilonia-&catid=3:historia&Itemid=57