Escrito por Natália Pesciotta
O capitão de infantaria acreditava na “salvação” dos nativos pelo homem branco, e defendia que eles passassem a fazer parte da sociedade colonial.
O militar Domingos Alves Branco Muniz Barreto acreditava que suas considerações podiam transformar o tratamento dos índios no Brasil. Por isso, em 1788, tratou de enviálas para o príncipe dom João, com a “estampa” ao lado devidamente anexada. Ele propunha que os soldados que fizessem contato com os índios da Bahia vestissem o modelito desengonçado. E explicava que, se usassem penas na cabeça, causariam “menos horror” aos indígenas: “O matiz das cores vivas e os enfeites de plumas não só os alegra, mas são análogos aos seus costumes”.
O capitão de infantaria acreditava na “salvação” dos nativos pelo homem branco, e defendia que eles passassem a fazer parte da sociedade colonial por um processo pacífico, não à força. Além da farda camuflada, seu plano sobre a civilização dos índios do Brasil apresentava outras medidas. Que os aldeamentos transformados em vilas tivessem câmaras municipais e cadeias, por exemplo. Sugeria que no lugar das ocas fossem construídas casas com divisórias – “para que vivam com dignidade solteiros e casados”. Também queria que a igreja de cada vila fosse muito bem adornada, mostrando o conforto e bem-estar oferecidos pela Igreja.
Dom João arquivou o plano sem nunca tê-lo executado. Hoje, muitos povos dizimados depois, a ilustração guardada na Biblioteca Nacional é prova e testemunha de como os colonizadores, ainda que com intenções pacíficas, subestimavam a inteligência e a cultura dos índios que viviam nestas terras.
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