3.6.12

Declínio do Império



O Império era incapaz de acompanhar as transformações que estavam acontecendo no Brasil. Houve uma série de transformações: cafeicultura, surtos industriais, fortalecimento das camadas médias urbanas; e dentro dessas transformações está o Exército que saiu, a partir de 1870, fortalecido com a Guerra do Paraguai e acaba se tornando uma potência política respeitável. O Exército queria a industrialização e a urbanização do país, porque o exército, naquele momento, era formado por pessoas das camadas médias urbanas, então o exército espelha a vontade dessas camadas médias urbanas => a primeira coisa que o exército vai fazer quando assumir o poder será a tentativa de industrialização. Então, nesse momento da história, o exército é uma força progressista e se o exército tivesse assumido definitivamente o governo de forma democrática e tivesse nas mãos instrumentos capazes de promover a industrialização, sem dúvida alguma o Brasil seria uma potência. Infelizmente, junto com o exército estão os cafeicultores que vão assumir o Brasil na chamada República Velha (Oligárquica) e a partir de 1894 só vamos ter cafeicultores no poder: Prudente de Moraes, Campos Sales, Rodrigues Alves, Afonso Pena, etc.. Isso vai causar um grande atraso no Brasil, pois só vamos conseguir se desvencilhar desses cafeicultores em 1930 na Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assume o poder e só a partir dessa data é que vamos voltar a ter uma política voltada para a industrialização.

A Igreja sempre foi oficial e obrigatória => era preciso ser católico para ser enterrado, ter registro, etc.. Desde o governo de D. Pedro I temos o chamado Padroado (a Igreja recebe salário por parte do Estado) e existe o chamado Beneplácito (para alguém ser nomeado bispo, deveria ter a aprovação do imperador). A Igreja vai se voltar contra o Império porque percebe que se continuassem ligados ao império e este caísse, a Igreja cairia junto. Então, na hora de proclamar a República, a Igreja abandona o império e passa a ser republicana => ela só apóia a República porque sabe que o império vai cair.


Existem duas Questões: a Religiosa e a Militar. Essas questões servem para medirmos o grau de fragilidade do império. No império há o imperador Pedro II que tem o poder moderador (poder absoluto), quando acontecem as questões, o imperador vai tomar algumas decisões e logo depois ele volta atrás. Quando ele faz isso, está mostrando ser incompetente.


» Questão Religiosa (1872-75): no exterior, católicos e maçons são inimigos, mas no Brasil eram amigos e, muitas vezes, os dois ao mesmo tempo como é o caso do imperador. Isso sempre aconteceu no Império e a Igreja não enfrentou Pedro II enquanto este tinha poder e saúde. Vai chegar uma hora em que Pedro já está velho, há pressão com relação à abolição dos escravos e com relação à república e a Igreja resolve ver se Pedro ainda tem poder. O Papa havia decretado que todos os religiosos católicos (padres) que fossem maçons deveriam ser excomungados. Então, dois bispos no Recife resolvem aplicar a regra e descobriram alguns padres nessas condições e serão excomungado, mas os maçons são super ligados uns com os outros e se um maçom é perseguido, todos os demais também se sentem assim. Aí, D. Pedro não gosta dessa atitude dos dois bispos e esses serão presos e condenados a trabalhos forçados. Quando isso aconteceu, os outros padres se sentiram perseguidos e acontece uma cadeia de reação com um sentimento contra o império e vão usar o púlpito para falar mal do imperador => toda a informação que a população (analfabeta) recebia vinha dos padres e se estes começam a falar mal do Império, o povo começa a ir contra este também. Quando o imperador percebe o que aconteceu, resolve soltar os dois bispos.


» Questão Militar (1885-86): os militares começam a falar que o imperador está velho e há muita corrupção. Mas, era proibido que um militar desse sua opinião política em público, pois causaria muita crise. Os militares sabiam que iam ser presos e é isso que o imperador vai fazer e entre os presos estava Sena Madureira. E quando eles são presos, os quartéis começam a ficar agitados e Pedro resolve soltar os presos. Depois, Sena Madureira vai premiar um barco que se recusava a transportar escravos (isso era um apoio à abolição dos escravos), aí Sena é preso de novo, ocorre outra revolta e Sena é novamente solto. Aí, o povo vê que Pedro II já não tem mais condições de governar, está velho e só faz coisas erradas.

Os cafeicultores fazem parte do golpe para derrubar o Império. Eles queriam proclamar a República, derrubar o imperador com um golpe de Estado, aí, o imperador não aceitaria e ia contra-atacar (com mercenários) e quem defenderia o país seria o exército (ocorre uma aliança temporária entre cafeicultores e exército), ocorreria uma Guerra Civil e enquanto o exército combatia os mercenários, quem governaria o Brasil seriam os cafeicultores.

MAS, não vai acontecer nada disso que foi planejado: Mal. Deodoro da Fonseca proclama a República, mas ao invés de fazer o contra-golpe, o imperador chora; com isso, quem fica no poder é Mal. Deodoro da Fonseca (Exército) e não os cafeicultores, como estes haviam planejado.

Mal. Deodoro vai rasgar a Constituição do Império e vai governar sem a Constituição => não há poder legislativo, não há lei => é uma Ditadura. Aí, Deodoro tenta fazer a industrialização, mas não era isso que o cafeicultor queria, ele queria uma república voltada para o café.




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