11.6.12

Extinção de espécies



Professores César, Sezar e Bedaque



Uma implicação natural do processo de evolução biológica é a extinção de espécies, uma vez que a seleção natural significa a sobrevivência do mais apto, do mais adaptado a cada ambiente. Assim, à medida que ocorrem mudanças ambientais, muitas espécies e até grupos inteiros (famílias) podem ser extintos.

Na longa história da Terra, há provas paleontológicas do desaparecimento de milhares de espécies dos mais diferentes grupos de organismos. Há inclusive um cálculo que estima uma média de 2 a 4 famílias de animais que se extinguem a cada milhão de anos de vida no planeta. No entanto, um fato intrigante é o das chamadas extinções em massa, sendo duas delas, as maiores, bem documentadas. A primeira ocorreu no Permiano, há cerca de 250 milhões de anos, e a mais recente, há 65 milhões de anos, no Cretáceo, sendo conhecida como a extinção dos dinossauros. Nos dois casos, desapareceram bruscamente de 70 a 90% do total de espécies terrestres e marinhas. Nos casos de extinção em massa, a taxa de famílias extintas chega a cerca de 19 a cada milhão de anos.

Ainda não conhecemos as verdadeiras causas das extinções em massa, mas alguns fatos apontam no sentido de que elas podem ter sido conseqüência de grandes e bruscas mudanças da temperatura da Terra e da queda de grandes meteoritos que provocam catástrofes em alguns continentes.

O recente surgimento da espécie humana não alterou os mecanismos evolutivos naturais, a não ser nos últimos séculos, quando passamos a ser o fator fundamental da extinção de milhares de espécies em todo o mundo. Este é sem dúvida um dos problemas ecológicos mais preocupantes e que têm mobilizado pesquisadores e entidades da maioria das nações, pois aumentam constantemente o número de espécies vegetais e animais já extintas e as ameaçadas de extinção. Isso é grave, pois estão desaparecendo espécies que ainda não conhecemos. É um fato lamentável, um verdadeiro crime para as futuras gerações, que percamos a riqueza da biodiversidade ainda hoje existente no planeta e que é portadora de um "banco de genes" de valor inestimável. Precisamos entender que toda espécie é importante, hoje ou no futuro, não só para poder servir diretamente ao ser humano, mas também para garantir o equilíbrio dos ambientes naturais, dos quais dependemos.

Em 1971 foi publicada a obra de ecologia do professor Jean Dorst, Antes que a Natureza Morra, um brado de alerta, apoiado pela World Wildlife Foundation que, através do seu presidente, prefaciou:

"O mundo moderno sofreu um grave desequilíbrio em conseqüência da ação do homem, que tende não só para a eliminação da vida selvagem, como também para a destruição da harmonia do meio onde está destinado a viver. Os recursos renováveis estão comprometidos, fato particularmente grave no momento em que as populações humanas aumentam a velocidade crescente, e em que as necessidades se tornam cada dia mais consideráveis. Algumas das nossas atividades parecem conter nelas próprias os germes da destruição da nossa espécie.
Muitos animais e vegetais selvagens encontram-se em vias de desaparecimento ou de rarefação avançada, por todo o mundo, e a lista dessas espécies aumenta dia após dia. Os responsáveis pelos estragos devastadores são essencialmente a caça, realizada levianamente, o verdadeiro vandalismo de alguns e, sobretudo, a destruição dos habitats. Simultaneamente, o homem degrada as terras, devido a um mau tratamento dos solos, espalha pesticidas incontroladamente e envenena o planeta com detritos de uma civilização técnica, derramados de forma abusiva na atmosfera e nas águas. Os recursos marinhos estão sendo pilhados por uma exploração excessiva de uma parte dos oceanos."

Um exemplo clássico da extinção de uma espécie é o da grande ave, o dodô, que vivia nas Ilhas Maurícias (costa oriental da África). Ela pesava em média 25 quilos, era lenta e, com asas reduzidas, não voava, sendo presa fácil de predadores. Nos séculos XVI e XVII os navios que aportavam nessas ilhas levavam um grande número dessas aves para se abastecerem de carne fresca durante as viagens. Além disso foram deixando aí alguns animais domésticos que atacavam as aves, comiam seus ovos e ainda competiam com elas no ambiente. Os últimos dodôs desapareceram em 1680, portanto muito antes do advento da Genética, que apenas nestas últimas décadas desenvolveu tecnologias para o estudo dos genomas e a preservação de genes (banco de genes) das espécies atuais, certamente um tesouro que não podemos perder.

No passado, as colonizações dos novos continentes causaram verdadeiras devastações ambientais, com o extermínio de milhares de espécies e, embora pareça absurdo, o problema, ainda hoje, é grave. Intermináveis listas de animais e plantas em extinção são divulgadas anualmente e, apesar disso, motosseras, redes, armadilhas, diferentes armas e até venenos continuam impunemente sendo usados a serviço dos mais variados interesses, quase sempre injustificáveis.

A União Internacional para a Conservação da Natureza forneceu em 1995 uma lista indicando o número de espécies ameaçadas de extinção, em cada um dos grandes grupos de vertebrados:

Invertebrados---2.250
Aves------------1.047
Peixes----------762
Mamíferos-------698
Répteis---------191
Anfíbios--------63

No Brasil conhecemos bem alguns exemplos, como micos-leões, tatus, veados, tamanduás, peixes-boi, preguiças, lobos-guará, onças, jaguatiricas, baleias, antas, papagaios, araras, gaviões, macucos, tartarugas, jacarés. Em outros continentes as listas também são extensas, incluindo por exemplo: ursos-polar, leopardos, orangotangos, gorilas, tigres, pandas, rinocerontes, elefantes indianos, coalas, golfinhos, baleias, ursos, grous, águias, condores, pingüins, gaivotas, tubarões, tartarugas etc.

Todos esses exemplos são apenas de vertebrados, animais maiores e por várias razões mais ligados ao nosso interesse direto, por isso mesmo mais conhecidos. O que dizer então das espécies de invertebrados, de vegetais, de microrganismos? Não podemos esquecer que eles são a maioria das espécies do planeta, tendo os vertebrados apenas cerca de 50 mil espécies atuais.

Pesquisa e autoria dos professores César, Sezar e Bedaque (outubro de 1996)


Fonte:
http://www.editorasaraiva.com.br/EDDID/CIENCIAS/biblioteca/artigos/n099605.html