Maria de Azevedo Silva
A data de 1168 é tida como aquela em que os Astecas, uma pequena tribo de caçadores, deixam a sua região de origem, Astlán no noroeste do México. Depois da queda dos Toltecas no Vale do México, os Astecas foram uma das últimas tribos a chegar às margens do lago Texcoco. Os astecas chegaram às margens do lago Texcoco, no Vale do México, em 1325 d. C. Eles formavam inicialmente uma tribo de caçadores e coletores que se deslocou dos platôs áridos do norte do México em direção à zona central fértil e mais civilizada, ocupada por povos que praticavam agricultura desenvolvida. Neste deslocamento, que se estendeu do início do século XII ao início do século XIII, os Astecas lutaram, mas também conviveram com outros povos com os quais enriqueceram sua cultura e aperfeiçoaram o seu conhecimento tecnológico, especialmente sobre a agricultura. Aprenderam a irrigarar a terra com o cultivo e a construir "jardins flutuantes", chamados de chinampas. As chinampas são porções de terreno que os indígenas recuperavam do fundo do lago para formar e estender a terra firme tanto para construir como para o cultivo agrícola intensivo. A construçõa das chinampas se dá nos lugares mais rasos do lago onde se podia colocar as diversas camadas vegetais para a formação deste tipo de terreno exclusivo do Vale do México. Os Astecas demarcavam o local das futuras chinampas com estacas e juncos, emchiam com lodo extraído do fundo do lago e misturavam com um tipo de vegetação aquática que flutuava no lago. Esta vegetação formava uma massa espessa sobre a qual se podia caminhar. Estas tecnologias foram essenciais para a fundação e sobrevivência de Tenochtitlán. Aos poucos, com sua arte guerreira e sua habilidade de aprender com os povos entre os quais viviam, tornaram-se ricos e poderosos, se tornando um grande império. Sua capital Tenochtitlán, era maior que qualquer cidade da Europa na época. A partir de Tenochtitlán os astecas conquistaram através de guerras um território tão vasto que corresponde hoje ao México e ao norte da América Central ( Guatemala e Nicarágua ). Este império foi construído em um século ( do início do século XIV ao início do século XV ). A partir de 1517, expedições espanholas lideradas por Hernández de Córdoba, Grijalva e Hernán Cortés, conquistaram e destruíram a civilização Asteca, erguendo sobre as ruínas do templo de seu deus mais importante, uma catedral cristã.
Arte Arquitetura dos Templos e Santuários
Os templos Astecas foram edificados com enormes blocos de pedras das montanhas que rodeavam o Vale do México. Os templos eram erguidos o mais alto possível para que os Astecas podecem ficar perto dos seus deuses do céu. No topo havia uma plataforma onde eram sacrificadas as pessoas, geralmente prisioneiros, escolhidas como oferendas aos deuses. Os Astecas acreditavam que deviam costruir um novo templo a cada 52 anos para agradecer aos deuses o fato de o mundo não ter ainda acabado. Em vez de demolir o velho templo, eles construíam outro em cima daquele. Assim, cada templo era maior e mais importante do que o anterior. Em Tenochtitlán o grande templo foi aumentado cinco vezes.
Escultura
Como a arquitetura, a escultura asteca é maciça e imponente. Muitas obras mostram a influência artística dos Toltecas, Mixtecas e dos povos da costa do golfo, porém a estatuária religiosa possui traços típicos que expressam o caráter primitivo e violento dos Astecas. Algumas vezes os artistas revelam uma concepção mais naturalista, criando figuras serenas, desprovidas de elementos grotescos. É o que se verifica em certas estátuas de Quetzalcoatl, divindade protetora das artes e das ciências, e nas de Xochipili, o senhor das flores, divindade da alegria, da música e da dança.
Pintura
A pintura dos Astecas é uma arte intermediária entre a escrita e a iluminura, manifestada através da execução minuciosa de caracteres pictográficos e da figuração de cenas históricas ou mitológicas. Os objetos são representados de frente ou de perfil e, às vezes, as duas posições são sobrepostas, resultando numa imagem irreal, mas sempre compreensível. Não conhecem a perspectiva e o colorido não tem nuances, porém há sempre contornos negros delimitando cada forma e realçando a vivacidade das cores. Em certos aspectos, essas obras lembram um dos estágios mais antigos da pintura egípcia.
Arte Plumária
A arte plumária, trabalho com penas, era uma produção familiar. Enquanto as crianças preparavam cola de excremento de morcego, a mulher escilhia e tingia as penas. Para fazer um escudo, o artesão primeiro fazia o desenho e um molde. Com ele, transferia o desenho para um pedaço de pano colado a fibras de cacto. Cortava as penas tingidas de acordo com o desenho e enfiava-as no tecido. Depois colava o pano num pedaço de madeira. Quando a cola secava, ele aplicava a camada final de penas, delineando o desenho com finas faixas de ouro. As penas, mais caras eram as do sagrado pássaro verde quetzal e as do colibri de cor turquesa.
Artesanato
Os Astecas aprenderam a fazer seus artesanatos com os descendentes dos Toltecas, cuja civilização desaparecera muito antes de os Astecas chegarem ao Vale do México. Os artesãos moravamem bairros separados na cidade, adorando seus próprios deuses e ensinando sua arte apenas aos seus filhos. Grande parte de seus trabalhos era para o rei. Com os tributos enviados pelas cidades conquistadas, faziam tiaras, mantas e jóias. O rei então recompensava os grandes guerriros com esses presentes. Um escultor levava muito tempo pata esculpir uma peça em jade, cristal ou obsidiana, devido à precaridade dos seus instrumentos. Dava a primeira forma à matéria bruta esfregando na pedra uma tira de couro cru com areia e água. Trabalhava apenas com uma faca de cobre macio e pó de sílex. Para finalizar e dar os últimos retoques, polia a peça com areia, depois usava o junco para dar brillho.
Ourivesaria
O ourives usava o metodo da cera deretida para fazer objetos. Fazia um molde em argila, enchia-o com cera e recobria com mais argila. Depois, aquecia o molde para que a cera derretesse e escorresse por uma abertura . Derramava o ouro derretido dentro do molde, deixava esfriar, quebrava a proteção de argila e estava moldada a peça.
A Urbanização de Tenochtitlán
Tenochtitlán se localiza numa ilha no interior do lago de Texcoco. Este lugar desabitano tinha uma enorme riqueza ecológica que foi se tranformando até alcançar o florescimento que os conquistadores observaram 200 anos depois. O controle político e econômico da cidade Asteca ( Tenochtitlán ) abarcava uma extensa zona da Mesoamérica com um grande número de povos subjulgados que abasteciam a cidade de numerosos produtos naturais e manufaturados.
O Traçado Urbano
O traçado das principais avenidas e a organização do centro ceremonial se realizou com relação à localização dos pontos periféricos da paisagem, pricipalmente os topos dos morros e o percurso do sol a cidade e seus arredores contavam com obras hidráulicas e estradas. Estudos indicam que o complexo de obras foi realizado para evitar as enchentes na cidade, melhorar a qualidade das águas permitindo a entrada de água doce proveniente dos lagos Xochimilco e Chalco, e comunicar a ilha com a terra firme. O centro cívico-religioso se localiza mais ou menos no centro da ilha de Tenochtitlán. O conjunto urbano se estrutura a partir de três caminhos principais que atravesam a ilha e continuam além dela para uní-la à terra firme: ao norte, o caminho de Tepeyacac; a oeste, o caminho de Tlacopan, e ao sul, o caminho de Iztapalapa. Quanto à distribuição e ao tipo de edifícios que se encontravam no centro, sabe-se que ali se localizavam as residências dos principais senhores, os templos pirâmides dedicados a Huitzilopochtli, Tláloc e Tezcatlipoca, edifícios para a educação e outros ofícios rituais. Nas zonas não cerimoniais dentro da ilha se utilizava um traçado quadriculado regular, quando assim permitiam as condições ecológicas do terreno; e se utilizavam outras disposições de acordo com a adaptação das áreas residenciais às obras hidráulicas para o controle lacustre do sítio. É interessante observar que os caminhos eram estreitos e relativamente frágeis; os Astecas construíram sua cidade para o tráfego de pedestres, já que na época não havia cavalos na Mesoamérica. O trânsito era preferentemente aquático e com canoas, que permitiam o deslocamento a qualquer lugar dentro ou fora da cidade, pela complexa e eficiente rede de canais de que dispunha a cidade de Tenochtitlán. Os caminhos amplos e com pontes uniam a ilha com a terra firme.
As Habitações Indígenas
A maioria dos prédios é regular e o loteamento segue um esquema em que cada prédio ou unidade habitacional se integra diretamente aos caminhos para circulação de pessoas e aos canais para circulação de canoas. Cada unidade habitacional corresponde a um prédio e se compõe dos seguintes elementos: um conjunto de chinampas, canais para irrigar as chinampas, um terreno onde se localiza a casa, e um terreno entre a casa e as chinampas. Os limites das habitações são caminhos e canais em seus quatro lados e facilitam sua integração ao contexto urbano tanto por terra firme como em canoas pela água. Todas as moradias na Planta Maguey aparecem com seus acessos principais voltados para o sul. As moradias indígenas eram projetadas para responder a necessidades culturais própias: havia compartimentos com grande variedade de formas destinados a dormitórios, pátios internos e externos, terrenos e chinampas para cultivo, corredores e currais. A integração espacial da casa era independente do exterior, de costas para os caminhos e espaços públicos. Mas se ligava de várias maneiras com o entorno imediato e com o resto da cidade através de circulação por terra e por água. As habitações indígenas tinham, em geral, paredes de adobe e telhado de materiais vegetais, constituindo-se em cargas leves sobre terreno frágil, sujeito a afundamentos, quase flutuando sobre as águas do lago. Apesar dos materiais de construção serem perecíveis esta habitação adequava-se muito bem às condições climáticas e de integração ecológica. As casas eram baixas e com pouca iluminação. A única abertura era a da porta. Isto era assim porque os indígenas realizavam a maioria das suas atividades cotidianas nos espaços externos. As habitações serviam para dormir e para o descanso total através do isolamento da luz e de outros agentes externos ( ruído, chuva, ... ).
Conclusões Finais
Quando os espanhóis entraram no México e lhe conquistaram as terras, os Astecas já se encontravam em decadência, divididos por ódios de clãs e rivalidades de famílias. Foram derrotados pelos invasores europeus, com relativa facilidade. E nunca mais se reergueram. Imediatamente após a conquista os espanhois construiram sua cidade em cima de Tenochtitlán.
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