1.4.12

Pergaminho de Chinon

Por Antonio Gasparetto Junior

O Pergaminho de Chinon é parte integrante da obra “A Vida dos Papas de Avignon”.



No início do século XIV, os Templários, famosa ordem monástico-militar do mundo cristão, foram presos em Paris, na França, sob várias acusações. A Santa Inquisição se encarregou de todo o processo de investigação e manutenção em cárcere com o objetivo de verificar os argumentos contra os cavaleiros. Berengar, Nereus, Achileus,Sephanus e Landolf, que eram agentes do papa, ficaram hospedados no Castelo de Chinon para conduzir as investigações. Entre os dias 17 e 20 de agosto, esses indivíduos se encarregaram do interrogatório deRaymbaud de Caron, Geoffroy de Charney, Geoffroy de Gonneville,Hugo de Pérraud e do Grão-mestre da Ordem dos Templários, Jacques de Molay. Todos eles responderam questões como prática da sodomia, negar a Deus, beijos ilícitos, cuspir na cruz e adoração a um ídolo. Os interrogatórios foram acompanhados por testemunhas selecionadas e um público destacado.

A história dos Cavaleiros Templários ficou famosa e virou exemplo de comprometimento com uma causa e companheirismo. A iniciativa de agredir a Ordem, estimulando o processo e a sua dissolução partiu dos interesses materiais do monarca francês Felipe, o Belo. Os cavaleiros presos na França ficaram presos de 1307 a 1314, quando a sentença final foi executada. O Grão-mestre dos Templários e outros cavaleiros foram queimados vivos em uma pequena ilha do Rio Sena, em Paris. O Pergaminho de Chinon, contudo, é um documento que está em desacordo com todos os atos papais ocorridos depois dos interrogatórios de agosto de 1308. A inquisição da época absolveu todos os cinco cavaleiros interrogados entre 17 e 20 de agosto.

O Pergaminho de Chinon, preparado por Robert de Condet, é rico em detalhes sobre os Cavaleiros Templários, nele estão descritas informações sobre aparência dos aprisionados, juramentos, acusações e o modo da interrogação. O documento, porém, só foi publicado oficialmente no século XVII por Étienne Baluze integrando a obra “A Vida dos Papas de Avignon”. Embora não tenha mudado em nada no destino dos Templários, que foram dissolvidos e condenados à fogueira, o Pergaminho de Chinon é importante para revelar que o papa Clemente V absolveu em segredo Jacques de Molay e outros líderes dos Templários. Sua publicação é uma forma de atenuar uma das maiores injustiças e atrocidades da Idade Média. Muitos pesquisadores já indicavam a existência de tal pergaminho ao longo do século XX, mas Barbara Frale foi quem realmente encontrou uma cópia do documento nos arquivos do Vaticano.

Fonte:
FRALE, Barbara. Os Templários e o Pergaminho de Chinon. São Paulo: Madras, 2005.