Por Ana Lucia Santana
Esta expressão refere-se originalmente ao Apocalipse de São João, para católicos e ortodoxos; Apocalipse de João ou Revelação a João, para os protestantes. Mas é difícil não provocar medo ou um certo incômodo emocional nas pessoas, à mera alusão desta palavra, pois ao longo do tempo seu sentido inicial, comum às crenças cristãs, judaicas e muçulmanas, foi adulterado, adquirindo uma conotação catastrófica, geralmente associada ao fim do mundo ou à ocorrência de desastres naturais.
O verbo kalýpto tem a conotação de ‘cobrir, esconder, ocultar, velar’, enquanto a preposição apo significa afastar ou extrair algo que se localiza no exterior de um objeto. Desta junção resulta o substantivo do qual provém o termo gregoapokálypsis, com o sentido de ‘revelação’. Daí se origina a expressão ‘apocalíptica’, que se refere a uma mentalidade e a uma literatura nascidas em Israel, entre 200 a.C. e 100 d.C., aproximadamente. F. Lücke foi o primeiro a utilizar esta palavra, em 1832.
Neste livro bíblico, que encerra o Cânon do Novo Testamento, o Criador desvela ao Apóstolo João o final dos tempos. Através de símbolos, imagens e uma numerologia específica, o seguidor de Jesus tem o objetivo de descrever eventos que ocorrerão futuramente, em tempo e espaço imprecisos, talvez propositadamente indefinidos. Não era intenção desta simbologia, porém, causar confusão nas mentes de seus leitores, mas sim preservar um teor ainda não passível de compreensão, o qual poderia causar perturbação e incrementar os tormentos infligidos aos cristãos. Aliás, pretendia-se estimular os fiéis com esta mensagem, fortalecendo-os para que enfrentassem com coragem as perseguições vigentes na época.
Na Bíblia há outros livros de conteúdo apocalíptico, como os de Daniel, capítulos 7-12, Isaías, capítulos 24-27, Ezequiel, capítulos 37-41 e Zacarias, capítulos 9-12. Hoje a palavra ‘apocalipse’ é atribuída não só ao Fim dos Tempos, mas também a acontecimentos específicos, como a Segunda Vinda de Cristo e a Batalha do Armagedom. Segundo o Cristianismo, o livro antecipa o conhecimento dos eventos que se sucederão com a aproximação do final do mundo como o conhecemos. Algumas pessoas acreditam que certos fatos prenunciados no Apocalipse já tiveram início.
Muitos estudiosos crêem que a existência de uma fonte comum de crenças apocalípticas entre o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo, pode indicar a revelação de uma verdade superior através de um suposto ser provido de elevada inteligência, entre outras teorias disseminadas ao longo da História.
O hermetismo simbólico deste livro propicia a livre interpretação de seu conteúdo pelas diversas facções cristãs. Pode-se resumir a descrição apocalíptica, do ponto de vista protestante, basicamente como um período de intensa adversidade, durante sete anos, seguido por uma subtração da Igreja do reino temporal, o que daria início a uma era de três anos e meio, marcada pelo governo do Anti-Cristo, o qual perseguiria os cristãos desprovidos da marca da besta. Este sinal seria impresso nas mãos e na testa dos que não praticassem a mensagem divina, optando por rejeitar o Criador.
A presença da marca bestial permitiria aos seus portadores o livre intercâmbio, até que extinta essa época aflitiva, a Igreja ressurgiria, inaugurando o Milênio, no qual Cristo retornaria a Terra e finalmente a governaria. Ao final deste reinado, ocorreria o Juízo Final, com a conseqüente fixação de Jesus no poder e a destruição de Satanás. João parece dividir os homens entre aqueles que aceitaram o Evangelho e os que o execraram.
Há pelo menos duas vertentes interpretativas sobre o livro do Apocalipse: a linhagem simbólica, que alude às perseguições vivenciadas pelos cristãos nos primeiros tempos, e as que viriam a sofrer com o tempo; e a profética, que segue a linha de pensamento protestante, segundo a qual João teria experimentado visões divinas, nas quais um anjo lhe revelara o que ocorreria durante o fim dos tempos, referindo-se especialmente ao Juízo Final. Durante este julgamento os homens seriam divididos entre santos e pecadores.
Entre outros eventos, o Apocalipse se refere à ocorrência de fome, pestes, terremotos, maremotos, aquecimento global, guerras, entre outros. O sinal da besta também encontra divergências quanto ao seu significado. Alguns afirmam que ele pode se referir ao Verichip, um chip implantado em pessoas com determinados problemas de saúde, ou em indivíduos que necessitam ser monitorados por questões de segurança; outros acreditam que ele representa, metaforicamente, os pensamentos e as ações de cada um, segundo os desígnios sagrados, ou conforme os ditames do mal; linhas de pensamento mais modernas preferem crer na liberdade de escolha de cada um, que independente do nível cultural da pessoa, ela teria consciência do sinal recebido, pois os números são conhecidos por qualquer um; geralmente se associa esta marca ao número 666, inscrito no centro da testa dos escolhidos.
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