O Estado surgiu segundo o interesse de uma pessoa?
De um grupo? Da necessidade de um povo?
Existia o Estado no mundo antigo e medieval?
conceito de Estado
Há várias formas de poder do homem sobre o homem e o poder político é apenas uma delas. Para compreendê-lo, é preciso buscar o conceito de Estado e os significados do mesmo. Leia o que a historiografia comenta sobre este conceito:
Texto 1
Definir o conceito de Estado de acordo com as realidades políticas de nosso tempo e transportar a definição para o passado de nada serve, porque o Estado apresentou formas distintas em culturas e momentos diferentes. Também não ajuda muito investigar sobre a história do vocábulo – que data do século XVI –, porque a realidade que apresenta foi conhecida anteriormente sob outras denominações, como a de “república”. Portanto, necessitamos analisá-lo historicamente.
O Estado, entendido como a forma de organização civil das coletividades humanas estáveis, nasce quando grupos de homens mais numerosos do que os que compõem uma tribo ou um bando se coordenam sob um comando único. No mundo antigo, conhecemos as cidades-estado da Mesopotâmia (onde a hierarquização social que consolidava a desigualdade e colocava a violência legal nas mãos de um chefe parece que surgiu há oito mil anos) e da Grécia, o império egípcio, o de Alexandre, o império romano… Todos são Estados: em cada caso, há território com limites – não exatamente uma fronteira, que é um conceito mais moderno – e um poder que controla com suas regras, de modo mais ou menos efetivo, o conjunto de pessoas que nele vive.
Estado, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “é um país soberano com estrutura própria e politicamente organizado” (2001, p. 1244). Porém é interessante perceber que a palavra país vale somente para os dias atuais, no mundo antigo e medieval este conceito inexistia.
Para a sociologia, uma das definições de Estado é a seguinte:
Documento 1
Um Estado existe como um mecanismo político de governo (instituições como o Parlamento ou Congresso, além de servidores públicos), controlando determinado território, cuja autoridade amparase num sistema legal e na capacidade de utilizar a força militar para implementar suas políticas.
No mundo antigo e medieval pode-se aproximar o conceito de Estado com o exercício do poder político, por uma pessoa ou por mais pessoas, as quais realizavam obras, cobravam impostos e usavam a força para defender ou controlar o território e seu povo.
Na Idade Antiga Oriental, o “Estado” apresentava como traço fundamental a teocracia, na qual o monarca acumulava poderes políticos, religiosos e econômicos. Entre as civilizações que experimentaram essa forma de governo estão os egípcios, os mesopotâmicos e os hebreus.
Na Europa Ocidental, entre os séculos XII a VIII a.C., principalmente na Grécia, o poder político organizou-se em forma de monarquias, aristocracias e democracias. Não existia um poder central válido para toda a Grécia, pois o poder era fragmentado entre as cidades-estado.
Então, outras relações, fundamentadas na cultura e na religiosidade, garantiam a unidade entre os gregos.
Em Roma, a organização do Estado iniciou-se com o poder político centralizado no monarca, diferenciando-se assim da monarquia grega.
O mundo medieval caracterizou-se pela a ausência do Estado unificado e centrado nas mãos de uma única pessoa. O poder político estava diluído entre os nobres proprietários de terra e a igreja católica.
“Estados” na Antigüidade Oriental: poder político e poder religioso
Relações entre conquistadores e conquistados
Dentre os diversos Estados das sociedades antigas, os impérios persa,
macedônico e romano são modelos de monarquias que, por meio
de conquistas, integraram extensas regiões. Para mantê-las, além da
estratégia militar, adotaram o respeito à autonomia política e religiosa
dos conquistados. Constituíram uma confederação, uma aliança política entre o império e as oligarquias locais, mantidas especialmente
pelo pagamento de tributos e fornecimento de soldados
“Estado” na Idade Média: a hierarquização do poder
No século II a.C., Roma deu início a uma política expansionista. No entanto, por volta do século III d. C., os romanos passaram a enfrentar uma série de problemas resultante da expansão. Entre os fatores que levaram ao fim do Império estão: as disputas internas pelo poder, a insubordinação das populações dominadas, a propagação de doenças e, principalmente, a invasão dos povos bárbaros.
Os romanos chamavam de “bárbaros” os estrangeiros. Os germanos ou bárbaros possuíam idiomas, valores culturais e religiosos muito diferentes dos romanos. Eles tinham também um estilo de vida comunitário e uma economia pastoril. A estrutura social destes povos era muito diferenciada, uma vez que não possuíam líderes para o tempo de paz.
Leia sobre o que a historiografia ressalta no que diz respeito à organização política dos germanos, no período da crise do Império Romano:
Texto 10
Os germanos não tinham nem Estado nem cidades, sendo a tribo e a família as células básicas de
sua organização política. As relações sociais entre eles não se regiam pelo conceito de cidadania, mas
de parentesco. Assim, ao se sedentarizarem, ocupando cada tribo uma parcela do Império Romano, eles vieram a substituir um Estado organizado e relativamente urbanizado. A idéia de organização de um
império estaria sintetizada no reino franco, no século VIII, na figura de Carlos Magno.
O contato entre germanos e romanos iniciou-se no século I d.C. Nos séculos seguintes, as relações entre eles intensificaram-se; os germanos chegaram a fazer parte da administração e do exército romano.
A partir do século III d.C., os germanos, em busca de melhores terras para pastagem, começaram a promover violentas incursões nos territórios de Roma, iniciando relações de conflitos entre ambos.
As invasões germânicas geraram uma fragmentação política e a ruralização da sociedade da Europa ocidental, o que provocou a queda do Império Romano no Ocidente.
O contato entre os povos germanos e romanos provocou a destruição de grande parte dos valores desses dois povos, o que resultou numa nova organização social, econômica e política: o feudalismo. Essa nova organização não aconteceu em toda Europa ocidental de forma uniforme, nem ao mesmo tempo.
Fonte: http://www.ahistoria.com.br/estado-nos-mundos-antigo-e-medieval/